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Uma das maiores batalhas para os casais que entram num período de gravidez é o afastamento físico e emocional que podem enfrentar.
Estes meses trazem desafios complicados, fases emocionais, que mexem com hormonas, com feitios, com instintos, que geram conflitos, medos, discussões e o afastamento é quase sempre uma consequência de tudo isso. Só que o afastamento, mais do que uma consequência, é sobretudo uma fonte de outros problemas. E entra-se então num ciclo vicioso, em que os casais estão afastados por isto ou por aquilo, e não se aproximam porque o afastamento gera um afastamento ainda maior. E é daí que nascem, muitas vezes, crises que se podem tornar inultrapassáveis.
É um lugar comum dizer-se que estas coisas se resolvem com diálogo, com conversas, mas esta teoria é tão bonita quanto difícil de aplicar quando um casal não está a atravessar uma fase boa. Seguramente, ambos sabem que se deve falar sobre os problemas, as inseguranças, os dramas, as questões financeiras, o apoio, o futuro, os desafios, mas muitas vezes a vida empurra-nos para outras soluções, o dia-a-dia atribulado não nos deixa agir como manda o senso comum, porque chegamos a casa virados do avesso por isto ou por aquilo, e preferimos digerir qualquer coisa sozinhos a desabafar com a pessoa do lado, ou, pelo contrário, despejamos tudo em cima de quem está mais à mão, e que não tem culpa de nada, e isso vai trazer novos problemas.
Os casais deveriam perceber sempre que estas alturas são particularmente frágeis em termos emocionais. As mulheres estão muito mais sensíveis a tudo, muitas vezes mais irritáveis, ansiosas, nervosas, por todas as razões óbvias, quer físicas quer psicológicas. Mas muitas vezes se esquece o lado dos homens, que são quase sempre olhados como elementos acessórios neste processo, e que só servem para estar ali a dar apoio, aconteça o que acontecer. Mas os homens não são sacos de boxe nem máquinas, não são seres indiferentes a um ambiente em mutação, e também eles sofrem mudanças e têm de se adaptar a uma realidade nova, que não lhe pode ser totalmente hostil. O bem-estar do homem é quase sempre ignorado quando se fala num período de pré-natalidade. A única coisa que parece importar é o estado físico e emocional da mãe, do bebé, e o homem é esquecido. Para que um homem esteja bem, possa ajudar em tudo, esteja seguro, confiante e forte nesta altura é essencial, também, que seja valorizado, reconhecido, acariciado. A realidade da mãe muda muito, mas a do homem também. Podem dizer que não somos nós que temos uma criança lá dentro, não somos nós que engordamos, que temos de tomar suplementos, que vamos parir uma criança, mas a maternidade não é só uma questão física, tem muito de psicológico e emocional. E o estado psicológico e emocional de um homem que se prepara para ser pai (de um homem responsável, pelo menos) também muda muito.
E tudo isto vai dar à questão do afastamento e do diálogo. Um casal que se fecha em si mesmo perante os problemas que enfrenta, que não os discute abertamente com o parceiro, que não os procura resolver atempadamente, é um casal que corre o risco de não ver lado a lado o crescimento de um filho.