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Por que choram os bebés?

por A Pipoca Mais Doce, em 05.06.13

Hoje fiz um workshop muito interessante no Espaço Cegonha. Pois que o tema era "Compreender o Choro do Bebé", algo que todas as mães gostariam de saber, mais do que acertar no Totoloto. Confesso que eu,  a pessoa céptica do costume, olho para as palavras "compreender", "choro" e "bebé" e acho que não vão bem juntas. Quer dizer, choro e bebé fazem sentido, mas pôr ali o verbo compreender é que já me parece mais complicado. À pergunta "por que choram os bebés?", a primeira coisa que me apetece gritar é "porque são uns manipuladores manhosos, uns terroristas emocionais, pequenas criaturas que se fazem valer do seu choro e do que isso provoca nos pais para conseguirem aquilo que querem!!!". No workshop não disse nada disto, não queria ser olhada de lado pelos outros pais, aqueles seres inocentes e sonhadores que (ainda) acreditam que vão ser capazes de interpretar o mínimo ruído provocado pela sua criancinha. Disse só que gostava de perceber quando é que o choro significa alguma necessidade efectiva ou quando é que é só mimo e fita. Porque isso faz toda a diferença. Enfim, os bebés choram, nada a fazer. E choram de uma maneira que mexe mesmo com os nervos de uma pessoa. Segundos nos explicaram no workshop, tem mesmo de ser assim. O choro tem de ser estridente e incomodativo, porque só isso nos fará levantar o rabo do sofá/cama para ir ver o que se passa. Se fosse só um chorozinho da treta, uma coisa quase melodiosa, ninguém queria saber, e o bebé ficaria para lá cheio de cocó, ou cheio de fome, ou cheio de frio, ou cheio de febre ou qualquer um desses motivo que fazem com que os putos abram a goela. Há sempre uma razão para o choro, mesmo que seja só a vontade suprema que lhe peguem ao colo. E como é que uma pessoa vai recusar colo a três quilos de gente? Difícil, difícil.

 

O mais importante mesmo é conseguir distinguir. Parece que através da observação e do contacto com o bebé, a coisa se vai tornando mais fácil. Vamos conhecendo melhor a criança e o nosso instinto também ajuda. E eu espero mesmo que sim, espero que esse instinto caia do céu e se instale nos meus neurónios e no coração e no corpo todo, porque para já não percebo nada de choros. No workshop vimos meia dúza de vídeos com diferentes crianças e diferentes choros mas, assim de repente, parecia-me tudo igual. Não fosse a "professora" Constança  a chamar-nos a atenção para alguns detalhes e, para mim, não topava diferença nenhuma. Mas eles estão lá. Na forma como mexem os braços, como mexem a boca, como franzem a testa, etc e tal. Tudo pequenos sinais, aparentemente imperceptíveis, mas que estão lá. Decifrá-los é que vai ser complicado (porque não, nem sempre é FOME!), mas pronto, estou cheia de fé! Ou isso ou contrato alguém do Espaço Cegonha só para ir lá para casa e atentar no choro do Mateus. Não consigo imaginar pior profissão do que essa, ouvir e interpretar choros de bebés. 

 

Para além de termos visto os principais motivos (físicos e emocionais) que fazem com que os putos percam as estribeiras e desatem num berreiro, também vimos algumas técnicas para os acalmar. E não, nenhuma delas inclui atirá-los pela janela ou abaná-los até perderem os sentidos! Falámos de banhos mornos, de formas de lhes pegar, de os envolver, de os embalar, de os pôr a ouvir música ou, na pior das hipóteses, de chorarmos junto com eles. Acho que eu estarei sempre mais inclinada para esta última opção. Largar a chorar ao mesmo tempo que ele. Talvez ele não ache graça e se cale um bocadinho. Eu sei que não faltam por aí teorias sobre pegar ou não no bebé quando chora, ou andar sempre com ele ao colo. Pessoalmente, acredito que essa solução lhes crie (ainda mais) manhas, mas no workshop garantiram-nos que excesso de colo no primeiro mÊs (quando ainda é um bocadinho difícil estabelecer rotinas) não significa que venhamos a ter filhos delinquentes, e isso é um grande descanso! Mimado mas sem se meter no crime! Mas, de facto, tenho medo de vir a ser uma daquelas mães que andam sempre com o bebé ao colo, que lhes pegam à mínima queixa, que só conseguem adormecer a criança se a tiverem nos braços. Espero conseguir contrariar isso, mas pronto, uma coisa é o que dizemos agora, que o puto está cá dentro quietinho e na sua vida. Outra coisa será quando o tivermos cá por casa a berrar há uma vida e tivermos de pôr fim àquilo. Acho que só na altura, quando já o conhecer um bocadinho, é que conseguirei dizer qual a melhor técnica para o calar. 

 

Acima de tudo, e por maior que seja o desespero, é preciso racionalizar a coisa e pensar que a desgraçada da criancinha se vê, de repente, perdida no mundo. Lá dentro estava quentinha, nunca tinha fome, estava (relativamente) confortável, era embalada o dia inteiro, os sons e a luz eram filtrados, era um mini-paraíso. E de um momento para o outro, sem ter pedido nada a ninguém, vê-se num sítio cheio de luz, e com pessoas que a querem agarrar, e com milhares de sons, e cheiros, e uma data de outras coisas. Claro que só pode ser lixado para o bebé, desgraçado! Por isso temos de ser solidários com a pequena criatura e encher-nos de uma paciência de Dalai Lama para não a mandar ir berrar para outra freguesia. Está em período de adaptação a este mundo cão. E nós, que já cá andamos há uns tempinhos para saber que isto cá fora não é pêra doce, temos de compreender e fazer com que a transição seja o menos traumática possível. Enfim, é esperar para ver. E ouvir.

 

 

 

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publicado às 23:46


46 comentários

De Anónimo a 06.06.2013 às 13:03

A sério que este comentário esta aqui? A sério que sim? Meu Deus...

Penso que dizer que é apenas inveja é pouco. A pessoa que faz um comentário desses é concerteza alguém muito ressabiada, de mal com a vida.

Também não estou de acordo com tudo que a Pipoca escreve (nem tenho de estar) mas em momento algum escreve coisas que transpareçam que será um péssima mãe, muito pelo contrário.

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