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Dois posts que merecem ser lidos.
Visão feminina:
https://www.google.pt/search?q=oblogdodesassossego&aq=0&oq=oblog&aqs=chrome.1.57j0l3.2696&sourceid=chrome&ie=UTF-8
Visão masculina:
http://www.apaisana.com/2013/03/20/a-escolha-do-nome/
No nosso caso, quando anunciamos o nome que está pensado, ou se ouve um "aaaah, adoro", ou então um silêncio que, no fundo, quer apenas dizer "tens mesmo a certeza disso???".
E já que se fala de nomes, fiquem com a lista de nomes mais registados em Portugal em 2012. Inspirem-se! Ou não.
Texto escrito a 22 de Janeiro:
Ontem fui fazer a análise de sangue para descobrir o sexo da criança. Inspirei fundo na hora de pagar (100€), porque sei que isto não passa de um capricho. É claro que podia descobrir daqui a umas semanas (ou meses), é claro que saber agora ou mais para a frente vai dar exactamente ao mesmo. Mas sou uma pessoa que sofre dos nervos. E sou curiosa. Por isso tinha mesmo de saber. Para além disso, já ouvi tantos casos de ecografias que eram uma coisa e, passado um tempo, afinal eram outra, que prefiro não arriscar. O teste tem 99% de fiabilidade, por isso acredito que é de confiança e que o veredicto será mesmo final, sem surpresas na hora do parto ("ai, achava que era uma menina? Não, tem aqui um belo rapaz"). Agora é esperar sete dias úteis. SETE dias. Mais de uma semana. Esta coisa da indefinição mexe comigo. Uma pessoa quer comprar uma pecinha para a criança e tem de se sujeitar às corzinhas neutras. E não há assim tanta coisa quanto isso. Não! Quero uma cor específica! Quero saber se me atiro para os azuis ou para os rosa. Mas confesso que a revelação do "segredo" também me atormenta um bocadinho. Para já, isto é só um ser indefinido e minúsculo que anda para aqui, algures. A partir do momento em que tiver sexo, terá também nome (ui, nem quero pensar nisso) e estará também um passo mais perto de ter uma personalidade. É esquisito. E depois tenho medo da desilusão. Claramente, e se me dessem a escolher, diria logo que quero uma menina. São mais fofinhas, há nomes mais giros, as roupas são muito mais queridas e diversificadas, as brincadeiras têm mais graça... enfim, menina, menina, menina, sem dúvida. Até porque tenho todo um legado para deixar. E se for um rapaz? Será que vou ficar abatida e desgostosa, caída na cama com uma depressão? Toda a gente me diz que só se tem preferência até se saber o sexo. E que, ao se saber, já nem nos lembramos daquilo que queríamos inicialmente, adaptamo-nos imediatamente à realidade. Não sei se será mesmo assim. Se pegar no papel e ler que é um rapaz vou ter o meu momento de desilusão. Pode não durar muito, mas vou ter, é um direito que me assiste. Lamento, é a vida. Se tenho uma preferência porque é que não a posso expressar? Olha agora!! A verdade é que tenho quase a certezinha absoluta que será um rapaz, por isso acho que a surpresa não será assim muito grande. Se calhar é o meu subconsciente que já está a encontrar formas de me preparar para o que aí vem, mas pronto. O meu homem tem a certeza que é uma miúda, nem pestaneja. Caraças, ainda bem que só há estas duas opções.
Texto escrito a 31 de Janeiro:
Pronto. É menino! Gastou uma pessoa 100 euros numa análise XPTO para descobrir que... é menino! Não era nada disto que estava combinado. Eu tinha pedido MENINA. ME-NI-NA! Será que dá para enviar uma reclamação para algum sítio? Enfim. Fomos buscar a análise na terça-feira (29 de Janeiro). Eles tinham dito que só estava pronta na quarta, mas estava tão ansiosa que não me contive e liguei para lá a perguntar se, só assim por acaso, a análise não estaria já por lá. E estava!! Combinei com o homem e, à hora de almoço, lá fomos. Claro que eu cheguei primeiro, claro que ele se atrasou uma vida, por isso peguei no envelope, enfiei-o na mala e fui para o restaurante esperar. A morrer de nervosismo. Ele lá chegou, abri o envelope e estendi o resultado em cima da mesa. O homem dedicou-se a ler todas as palavrinhas, eu saltei logo para o final onde, a bold, dizia "MENINO". Aaaaaaaaaah! Menino!!!! Li mais sete vezes, podia ser que se tivessem enganado, mas não, MENINO. O cromossoma Y anda por lá, por isso é homem. Confesso que fiquei um bocadinho desmoralizada. Está certo que andei a preparar-me para o caso e a mentalizar-me que seria menino, mas lá no fundinho tinha muita esperança que fosse uma menina. Baaah! Posso dizer adeus a lacinhos e roupinhas cor-de-rosa. Acabámos de almoçar e fui a correr enfiar-me na Benetton. Depois de constatar que havia muita coisa gira em azul fiquei um bocadinho mais contente. Trouxe logo sete ou oito peças, para ver se me entusiasmava, mas passei o resto do dia com o peso da desilusão. Toda a gente diz que isso passa e, de facto, dois dias depois, já me habituei bastante mais à ideia. E já não acho que seja assim tão mau um menino em vez de uma menina. Já passei a pormenores mais interessantes, como debater o nome ou começar a pensar na decoração do quarto. No fundinho, no fundinho, quero é que nasça bem e que seja feliz. Mas, também no fundinho, fundinho, espero fazer parte daquele um por cento a quem a análise dá errado! =)
Texto escrito hoje, 18 de Março
De facto, é engraçado reler estes textos que escrevi há quase dois meses. Porque apesar de sempre ter dito que preferia uma menina, já estou tão envolvida na ideia de ser um rapaz que agora seria estranhíssimo se não fosse. Quando a semana passada fui a um médico a que nunca tinha ido e, durante a ecografia, ele me disse que não achava nada que fosse um menino, aquilo pareceu-me a coisa mais estranha do mundo. Tipo, "oi? O que é que está para ai a dizer??? Não diga asneiras, homem!" Para já, porque tenho a certeza que é um rapaz (acontece a análise de sangue falhar, mas é raríssimo). E depois, porque não fazia sentido nenhum se agora fosse uma miúda. Era como se fosse um novo bebé, um ser completamente desconhecido. Este já tem uma "personalidade" que nós lhe criámos, já tem nomes pensados, já tem as suas coisinhas. Na na na! Não quero! Recuso-me! Tal como me diziam, o "desgosto" por não me ter calhado uma menina durou dois dias, já nem me lembro disso. E depois de, uma vez mais, ter achado que era um poço de insensibilidade por ter um sexo preferido, falei com mais mães que me disseram ter passado pelo mesmo. Algumas até choraram de desgosto na ecografia! Ah ah, acho maravilhoso. E depois, claro, passou-lhes. É normal. Gostamos do "nosso" bebé, daquele em específico. Menino, menina, gorducho, magrito, careca, cabeludo. É nosso, e é isso que o torna especial.
Digam lá o que disserem, uma das partes giras disto de se ter um bebé é despertar para o maravilhoso (e-nem-sempre-fácil) mundo da roupa para putos. É impossível entrar numa loja e não largar aos "aaaahhhhhs" e aos "ohhhhhhhs" perante coisas mínimas e fofi-fofis. Claro que a coisa é bastante atenuada se se estiver à espera de um rapaz porque, basicamente, não há assim tanta oferta quanto isso. E também não ajuda ser um bocado esquisitinha, como eu sou, mas já lá vamos. Nestes poucos meses que levo de visitas a lojas infantis, já tenho duas falhas a assinalar:
1) É quase impossível encontrar roupa neutra. Se uma pessoa quiser comprar roupa sem saber o sexo do bebé, basicamente está feita ao bife, porque só há meia dúzia de coisas. Então para recém-nascido é uma complicação, ou é tudo azul ou tudo rosa, não há quase nada em amarelo, verde, bege, etc (excepção feita à NaturaPura, onde é tudo bege e lindo e caro);
2) A proporção da oferta menina-menino é mais ou menos de 83% para 17%. Dizem que é bom, que se gasta muito menos dinheiro com rapazes, mas também é chato ter a escolha tão limitada. Eu costumo dizer que já comprei tudo o que havia de giro, e que agora é só mais do mesmo. E ainda dou por mim a olhar para as coisas de miúda, só assim naquela, na esperança que se possa ali aproveitar qualquer coisinha;
Os saldos foram muito bem aproveitadinhos. Entre Benetton, Zippy, H&M e Zara Kids, comprei uma catrefada de coisas. Já vi coisas lindas e de babar, mas custa-me um bocadinho dar uma pequena fortuna por peças que o puto vai usar... duas vezes? Depois, é preciso estar com atenção a detalhes como as aberturas, a facilidade de vestir e despir, se tem botões ou molas, etc e tal. É quase preciso ir às compras com um livro de instruções, para não se fazer asneira. E os tamanhos? Aquela logística toda de ter de pensar em que estação do ano é que estaremos quando tiver seis meses, e oito, e um ano. É preciso estar sempre a fazer contas. E a quantidade de nomes estranhos que uma pessoa está a aprender? Ele é fofos, ele é chambres, ele é cueiros... ui.
Tenho andado atenta a marcas mais pequenas e que vendem pela net, porque dá sempre para descobrir umas coisas giras e diferentes. A verdade é que eu não gosto de muita coisa. Não gosto de nada que tenha muita bonecada, nem grandes letras, nem grandes padrões (afastem de mim os babygrows cheios de ursos, e balões e cenas).. Prefiro peças mais clean, mais simples ou, como diria o meu homem, "mais mariquinhas". De facto, há ali uma linha muito ténue entre aquilo que os meninos podem ou não usar. Ou seja, quando é que o pezinho já está a resvalar para o efeminado? Eu defendo que, em bebés, não há problema nenhum em usar uma peça ou outra que tenha um laço, ou um detalhe de renda, ou uma gola fofinha, mas já tenho gente a olhar para mim de lado. Que se lixe.
Vou partilhando por aqui algumas das aquisições do piqueno.
Texto escrito a 25 de Janeiro de 2013:
Quando fiz a primeira ecografia estava grávida de seis semanas e meia e, basicamente, não se via grande coisa para além de um pontinho escuro a boiar algures no útero (dentro do útero é bom, fora do útero é que é mais chato!). Tinha sete milímetros, quase nada. A segunda eco foi duas semanas depois, e aí já se via mais qualquer coisinha. De sete, a criança passou para 17 mm e já era mais do que um pontinho. Pela primeira vez, ouvi o coração dele/a, que bate a 300 mil à hora. Como é que uma coisa de milímetros já tem um coração tão potente? Espectacular. Trouxe também a primeira "fotografia", para mais tarde recordar. Quando contei que tinha ido fazer a eco, pelo menos quatro pessoas perguntaram "oooooooh, choraste??????". Eh pá, calma lá. Aquilo é engraçado, e tal, mas não me deu para chorar. "Então mas não é assim uma grande emoção?". Eeeeer.... eh pá... é giro...e é bom sinal, quer dizer que está tudo a correr bem e que, pelo menos, o coração bate como deve ser, mas chorar... pois, chorar não. Aparentemente, não fui a única que não soltou uma lágrima (perguntei a várias amigas), mas fiquei a achar que se calhar vou ser uma mãe do piorzinho que há. Uma mãe que não chora ao ouvir o coração da criança pela primeira vez, só pode ser um cubo de gelo com pernas. Mas saí de lá e fui comprar-lhe uma roupita, para celebrar. Foi a primeira comprada por mim, por isso teve outro sabor. Foi nos saldos, mas pronto, a criança também nunca precisará de saber disso.
Texto escrito a 16 de Janeiro
Ao grupo de amigos mais próximo:
Pronto, vocês pediram e nós não queremos que vos falte nada! Assim sendo, aqui está a página de Facebook do A Pipoca Mais Dois. Ide! Ide e multiplicai-vos!
Quando realmente confirmei que estava grávida (e não se fiem muito no Clearblue, que apesar de dizer que estava de três semanas já ia nas sete e picos), não tive assim nenhuma espécie de reacção muito marcante ou memorável. Não tive uma epifania, não larguei aos gritos, não chorei desalmadamente, não coisa nenhuma. Para já, estava sozinha quando fiz o teste, por isso a primeira coisa que fiz foi ligar ao homem. Mais ou menos como quem liga a perguntar o que é que quer para o jantar, se bifes panados, se peixe frito. "Olha, fiz agora um teste de gravidez e deu positivo". Silêncio do outro lado.
Acho que me ri quando vi o teste, assim aquela espécie de sorrisinho nervoso, mas foi só isso. Nem fiquei nem em pânico nem dei pulos de alegria. Era uma coisa que estava a ser pensada mas, tal como disse, achei que ia demorar uma eternidade. Mas, sinceramente, acho que a descoberta me deixou mais serena do que nervosa ou ansiosa. Devo ter pensado qualquer coisa do género "ok, isto agora é que vai começar a sério", e pronto, foi só isso. Mas claro que a partir do momento em que se sabe, e sobretudo naqueles primeiros dias, é impossível tirar o assunto da mente por mais de sete minutos.
Acho que o envolvimento com a gravidez vai sendo crescente. Na primeira ecografia, quando se confirma que ele realmente lá está, no sítio certo, vamos tomando consciência do que se está a passar. Depois vem a ecografia em que se ouve o bater do coração pela primeira vez. E depois vem a ecografia em que já dá para ver as mãos e os pés. E é sempre assim. A cada ecografia, uma nova descoberta e um interesse maior pelo que está a acontecer dentro da nossa barriga. Os três primeiros meses também são mais chatinhos. Uma pessoa não se quer entusiasmar muito, porque a probabilidade de alguma coisa dar para o torto é maior nesta fase, mas a partir do momento em que isso passa e em que se anuncia ao mundo e em que toda a gente começa a vibrar com o assunto, é normal que o entusiasmo cresça.
Se sou uma grávida que passa a vida a dizer que adora o seu novo estado e que adora TUDO o que esteja ligado à maternidade? Não, não sou. Tenho amigas grávidas assim, completamente embevecidas pelo seu estado, mas não faz muito o meu género. Tanto que sempre que me perguntam se eu estou feliz e eu digo "sim", há sempre quem olhe desconfiado. "Esse sim não foi muito convicto, passa-se alguma coisa? Hmmm?". Ou bem que gritam "SIIIIIIIIIM, estou tão feliz como a Floribella a falar com uma árvore", ou então toda a gente vai achar que odeiam a criança, e a gravidez e tudo e tudo. Grávida que é grávida tem de se mostrar sempre de cara alegre, sempre pronta a dizer que adora TUDO o que esteja relacionado com esta etapa e que mal pode esperar para parir este para engravidar logo outra vez. Preferencialmente de trigémeos.
Talvez por nunca ter achado que precisava de ter um filho para me sentir plenamente realizada como mulher, olho para a gravidez como mais uma fase natural da vida. Bonita, especial claro, mas mais uma fase. Como arranjar emprego. Ou sair de casa dos pais. Ou casar. Faz parte do cresimento e da nossa evolução. E acho que só mesmo quando a criança nascer é que vou perceber o que isto realmente é e manifestar verdadeiramente a minha felicidade. É que, bem vistas as coisas, para já é só uma barriga a crescer, umas mamas a crescer, umas ancas a crescer, ataques de acne, enjoos que benzósdeus, dores generalizadas , um cabelo que é uma miséria, e etc e tal. Há quem ache tudo isso lindo,uma verdadeira benção. Eu não. Mas não me posso queixar, que há quem passe as passas do Algarve na gravidez, a minha até está a ser bem tranquila, sobretudo agora que entrei no segundo trimestre (o primeiro é para esquecer). Acredito que para alguém que sempre tenha desejado MUIIIIIIIITO ter um filho, alguém para quem seja a prioridade máxima na vida, a descoberta de uma gravidez seja uma coisa para lá de transcendente, mas não é o meu caso. Estou tranquila e expectante, só isso. Porque acredito que o melhor ainda está para vir.
Lamento se não correspondo às expectativas de quem me queria ver exultante e a apregoar aos sete ventos que não há nada como isto, mas não sou assim com nada na vida. E sempre fui muito mais de vibrar para dentro do que para fora. No sossego da privacidade, se calhar a coisa é diferente. Farto-me de falar com o puto, já lhe criei uma personalidade (é resmungão e contestatário, sai à mãezinha), já lhe mostrei o que era o mar e já lhe disse que tem de ser um puto decente, que se é para trazer mais homens ao mundo ao menos que sejam bonzinhos e bem formados. Trastes já cá temos muitos, obrigadinha.