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Uma das maiores batalhas para os casais que entram num período de gravidez é o afastamento físico e emocional que podem enfrentar.
Estes meses trazem desafios complicados, fases emocionais, que mexem com hormonas, com feitios, com instintos, que geram conflitos, medos, discussões e o afastamento é quase sempre uma consequência de tudo isso. Só que o afastamento, mais do que uma consequência, é sobretudo uma fonte de outros problemas. E entra-se então num ciclo vicioso, em que os casais estão afastados por isto ou por aquilo, e não se aproximam porque o afastamento gera um afastamento ainda maior. E é daí que nascem, muitas vezes, crises que se podem tornar inultrapassáveis.
É um lugar comum dizer-se que estas coisas se resolvem com diálogo, com conversas, mas esta teoria é tão bonita quanto difícil de aplicar quando um casal não está a atravessar uma fase boa. Seguramente, ambos sabem que se deve falar sobre os problemas, as inseguranças, os dramas, as questões financeiras, o apoio, o futuro, os desafios, mas muitas vezes a vida empurra-nos para outras soluções, o dia-a-dia atribulado não nos deixa agir como manda o senso comum, porque chegamos a casa virados do avesso por isto ou por aquilo, e preferimos digerir qualquer coisa sozinhos a desabafar com a pessoa do lado, ou, pelo contrário, despejamos tudo em cima de quem está mais à mão, e que não tem culpa de nada, e isso vai trazer novos problemas.
Os casais deveriam perceber sempre que estas alturas são particularmente frágeis em termos emocionais. As mulheres estão muito mais sensíveis a tudo, muitas vezes mais irritáveis, ansiosas, nervosas, por todas as razões óbvias, quer físicas quer psicológicas. Mas muitas vezes se esquece o lado dos homens, que são quase sempre olhados como elementos acessórios neste processo, e que só servem para estar ali a dar apoio, aconteça o que acontecer. Mas os homens não são sacos de boxe nem máquinas, não são seres indiferentes a um ambiente em mutação, e também eles sofrem mudanças e têm de se adaptar a uma realidade nova, que não lhe pode ser totalmente hostil. O bem-estar do homem é quase sempre ignorado quando se fala num período de pré-natalidade. A única coisa que parece importar é o estado físico e emocional da mãe, do bebé, e o homem é esquecido. Para que um homem esteja bem, possa ajudar em tudo, esteja seguro, confiante e forte nesta altura é essencial, também, que seja valorizado, reconhecido, acariciado. A realidade da mãe muda muito, mas a do homem também. Podem dizer que não somos nós que temos uma criança lá dentro, não somos nós que engordamos, que temos de tomar suplementos, que vamos parir uma criança, mas a maternidade não é só uma questão física, tem muito de psicológico e emocional. E o estado psicológico e emocional de um homem que se prepara para ser pai (de um homem responsável, pelo menos) também muda muito.
E tudo isto vai dar à questão do afastamento e do diálogo. Um casal que se fecha em si mesmo perante os problemas que enfrenta, que não os discute abertamente com o parceiro, que não os procura resolver atempadamente, é um casal que corre o risco de não ver lado a lado o crescimento de um filho.
Diz a minha mulher no post anterior que eu sou um daqueles optimistas incapazes de ver o lado negro das coisas, que acham que vai correr sempre tudo bem, levando o comentário quase ao limite de uma suposta irresponsabilidade da minha parte.
Sou optimista porque sim, porque é assim que sinto as coisas, não porque um dia decidi que deveria ser extremamente positivo. É algo que me é inato e não sei como o contrariar (nem quero). A vida tem-me demonstrado que esta atitude é a mais adequada, porque se tenho de sofrer com uma coisa negativa, então, sofro quando ela acontece, e não com duas semanas, dois meses ou um ano de antecedência.
Há um caso que ilustra bem isto. Nos últimos cinco anos de vida, o meu avô esteve várias vezes doente e foi algumas vezes hospitalizado. Ao longo desse período recebi várias chamadas de pessoas da minha família a dizerem-me que deveria ir imediatamente vê-lo porque não deveria passar dessa noite. Por várias vezes o fiz. Foram muitas as semanas que vivi amargurado à espera do dia em que o telefonema chegaria com a notícia que eu não queria. O tempo passava, ele melhorava, voltava para casa e uns tempos depois lá estava, nos jantares de família, mais frágil, mas vivo e sereno. Um dia, achei que deveria deixar de sofrer por antecipação. Não há como nos prepararmos para uma desgraça. Por mais que saibamos que ela vai acontecer, quando chegar a hora, vai-se o chão, ficamos suspensos numa dor que não se antecipa nem prepara. O dia chegou, e eu sabia que iria chegar por essa altura, mas, tal como previa, isso não chegou para atenuar o choque, o sentimento de perda.
A vida ensinou-me e preparou-me para ser optimista e positivo. É uma característica minha, que me acompanhará sempre.
Agora vamos a questões práticas. Como é que um homem deve reagir perante os medos da mulher? É preferível acentuá-los ou diminui-los? É preferível tranquilizar a mulher ou deixá-la ainda mais apavorada? Eu sempre achei que a melhor atitude a tomar seria a de encaixar esses medos num cenário positivo, de harmonia e tranquilidade. Pelos vistos, achei mal. Se calhar há alturas em que devemos ficar os dois a chorar, em pânico, apavorados com um cenário que muito provavelmente não se concretizará.
Ser pai (ou mãe) pela primeira vez é diferente de ser pai (ou mãe) uma segunda vez. Eu já fui pai, já passei pela fase do desconhecimento total, já aprendi, já experienciei, sobrevivi, e isso dá-me a calma que é precisa para voltar a passar por tudo outra vez. Não tenho medo de dar banho ao bebé nem de lhe partir um braço porque já o fiz centenas de vezes, não tenho medo de não gostar do bebé porque sei como nasce e cresce o amor de um pai por um filho, não tenho medo de ficar sem vida própria porque sei o que é preciso fazer para que isso não aconteça, não tenho medo de noites mal dormidas porque já sei o que isso é - e suporta-se -, não tenho medo que ele venha a ser um puto mal educado, porque acho que a educação depende, em grande parte, de nós, pais, por isso, sei que serei responsável e que lhe darei as bases de que necessita. Não tenho, verdadeiramente, medo de nada. Não tenho porque me conheço, porque sei do que sou capaz, porque tenho um espírito suficientemente altruísta para colocar o bebé à frente do meu conforto, de umas horas de sono, de umas viagens, de umas tralhas que deixarei de comprar. Não tenho medo do futuro porque quero acreditar que o futuro é feito por mim no presente, e sei que sou capaz de lutar até ao limite das minhas forças para que nunca me falte sustento, nem aos meus filhos. Acredito em mim e nas minhas capacidades, e acho que é isso que me dá a segurança de que preciso para enfrentar todos os aspectos da vida com optimismo.
Agora, ser optimista é muito diferente de ser irresponsável. Há mil e uma coisas que eu não sei e que irei enfrentar quando o Mateus nascer. Surgirão desafios novos, situações diferentes, obstáculos, problemas, dificuldades, porque isso acontece sempre. E isso preocupa-me. Apavoram-me, por exemplo, doenças graves e incuráveis. Mas a única forma de lidarmos com esses medos é não pensarmos neles. O alheamento é, muitas vezes, uma defesa essencial à nossa clarividência e sanidade. Se formos pensar em tudo o que pode correr mal, então, acabaremos loucos.
Ser pai é, também, ser adulto. E isso sei que sou.
Há um episódio do Sexo e a Cidade do qual me lembro frequentemente. Bom, há muitos de que me lembro, se não mesmo de todos, mas este ficou-me aqui a remoer. É quando a Samantha está num café com a Carrie a falar-lhe do cancro da mama e a Carrie passa o tempo todo a tranquilizá-la, a dizer que vai ficar tudo bem, que se vai curar. E a Samantha pede-lhe que pare e que a deixe falar dos seus medos, daquilo que a aterroriza na doença. Eu sei que o papel dos amigos é esse: oferecer-nos um ombro, passar-nos a mão no pêlo, garantir que tudo vai correr pelo melhor, que estupidez, é claro que tudo vai correr pelo melhor. Mas às vezes era bom que alguém ouvisse as nossas preocupações, aquelas que estão lá no fundinho do coração, no lado mais negro do espírito. E eu tenho algumas (várias, muitas) em relação à gravidez/maternidade.
Feliz ou infelizmente, casei com a pessoa mais optimista do mundo, a pessoa que vê sempre o copo meio cheio, a pessoa que é incapaz de sofrer por antecipação, a pessoa que se recusa a traçar um cenário mais negro. E se isso é bom na maioria das vezes, outras há em que chateia. Incomoda. Porque às vezes é bom sermos confrontados com todas as hipóteses, mesmo as mais duras. Lembro-me que quando na ecografia dos cinco meses a médica detectou uma possível malformação nas veias pulmonares do puto, fiquei imediatamente em pânico. Foi a uma quinta-feira e só consegui marcar ecocardiograma para a segunda seguinte. Pelo meio, um ataque de pânico: e se o bebé não estiver bem? E se tiver um problema cardíaco? E se não sobreviver? E se, e se, e se? Como sempre, o homem parecia não me ouvir. Que era um disparate, que de certeza que não era nada, que não valia a pena estar já a stressar, depois de se ir ao médico logo se via. Mas não era isso que eu queria ouvir. Eu queria um plano, uma solução para o caso de as coisas correrem efectivamente mal. Depois, afinal, estava tudo bem, mas naquela altura eu precisava que alguém me mostrasse o outro lado, o lado negro. E quem diz esta situação específica diz qualquer outra relativa à gravidez. Nunca ninguém me deixa falar daquilo que realmente me atemoriza. O impulso é sempre para acalmar os meus medos, desvalorizá-los, procurar uma perspectiva mais optimista. Eu agradeço, a sério, mas também gostava que alguém percebesse que esta coisa toda da gravidez e da maternidade está longe de ser só rosas, e sonhos fofinhos, e a perspectiva de uma vida plena de felicidade. Não! Não é só isso. E se ninguém me deixa falar, então escrevo aqui, que para alguma coisa me tem de servir ter um blog:
1- Tenho medo de quinar durante o parto. O problema é ver demasiadas Anatomias de Grey e, de vez em quando, o programa da Fátima Lopes. Estou sempre a esbarrar em casos destes. E a coisa assusta-me muito. E se o meu coração for fraquito e não aguentar? E se me esvair em sangue? E se apanhar uma daquelas infecções fatais? Também tenho medo de morrer algures no processo da gravidez e nunca vir a conhecer o Mateus. Eu sei, são pensamentos mesmo obscuros, mas eu avisei.
2- Medo de partos prematuros. Uma vez mais, a Anatomia de Grey não ajuda. Sempre que sinto uma pontada mais forte ou uma dor diferente, lá fico eu a tremer e a achar que o puto já está a querer sair. Só estou grávida de 25 semanas, sei que a partir daqui a taxa de sobrevivência vai sendo cada vez maior, mas não estou preparada para ter um filho e espetarem com ele, minúsculo, numa incubadora, todo cheio de fios e máquinas assustadoras. Conheço alguns casais que tiveram bebés prematuros e sei que é uma luta diária e que, muitas vezes, se arrasta por meses (já para não falar das possíveis sequelas).
3- Medo do parto, seja ele qual for: normal ou cesariana. Desconfio que vou ser a primeira mulher a dizer "desisto, chega desta brincadeira, empurrem o puto lá para dentro outra vez e ficamos assim, amigos como sempre".
4- Medo das doenças. Há tanta coisa que pode correr mal neste processo complicadíssimo de gerar uma criança que eu acho absolutamente admirável que elas nasçam perfeitinhas e sem problemas. Passamos a vida a ouvir "o importante é que nasça perfeito", e achamos aquilo uma treta, uma coisa que se diz só por dizer, mas assim que engravidamos percebemos que é mesmo assim. Só quero que ele tenha tudo no sítio, a funcionar como deve de ser com os cinco sentidos, sem doenças raras e esquistas e dolorosas.
5- Medo de não gostar do bebé. TODA a gente me diz que isto não acontece, que não há memória de uma mãe não gostar da sua criança, mas e se acontecer? E se eu não criar nenhum laço com aquele ser? Se for só um estranho que me caiu nos braços e de quem, a partir de agora, tenho de cuidar? Ainda há dias estava a ler um livro sobre gravidez que diz que se começarmos com maus instintos relativamente à criança é melhor procurar logo ajuda psicológica. Oh-meu-Deus! Maus instintos COMO? Vontade de o atirar pela janela? De o beliscar? E se eu tiver esses maus instintos?
6- Medo de gostar tanto ao ponto de me tornar uma obcecada incapaz de perceber que há mais mundo (conheço vários casos).
7- Medo de não fazer a mínima ideia de como tratar do miúdo. Neste momento não tenho mesmo qualquer ideia de como é que se trata de uma criança, nem sequer lhes sei pegar, por isso temo o que aí vem. Dizem que é instintivo, que com o nosso sabemos, que é diferente, que parece que já nascemos ensinadas, mas eu não sei se é bem assim. E se o deixar cair? E se lhe partir um braço ao vesti-lo? E se o deixar escorregar no banho? E se lhe passar um qualquer alimento para as mãos e ele se engasgar? E se adormecer e não o ouvir numa situação de aflição?
8- Medo da privação do sono. Até agora desconheço o que isto seja, mas tenho medo, muito medo de ficar maluca com a falta de sono. Impedir as pessoas de dormirem é uma das torturas mais antigas. E se eu ficar louca?
9- Medo de nunca mais ter tempo para nada. Agora, de forma consciente, eu sei que QUERO ter tempo para isto e para aquilo. Sei que VOU arranjar tempo para continuar a ter uma vida para além da maternidade. Mas isso é o agora. E o depois? Será que vou conseguir? Será que a criança não me vai absorver a 300% ? Será que não me vou anular em todos os sentidos? Será que o casamento sobrevive?
10- Medo de não ser capaz de lhe proporcionar a vida que imagino. Sei o dia de hoje, desconheço o de amanhã (mesmo que me vá precavendo). E se eu ou o pai (ou ambos) deixarmos de ter trabalho? E se ficarmos sem dinheiro? E se não lhe puder garantir os cuidados básicos de saúde, educação ou alimentação? Se não o puder vestir adequadamente? Se não tivermos como pagar uma casa?
11- Medo de não conseguir educar um ser humano decente, e bom, e justo. Lembro-me do filme "We Need to Talk About Kevin", com a criança mais malvada que já alguma vez se viu, e penso que é fácil falhar na educação (ou então são os genes que já vêm estragados). Há tantos modelos, tantas alternativas, tantas teorias e pedagogias, como é que vou saber qual a melhor, a mais correcta, a mais acertada?
Enfim, estes são alguns dos meus medos. De certeza que, se pensasse bem, encontraria mais meia dúzia, mas também não quero desmotivar as grávidas que me possam estar a ler, ou mesmo as leitoras que andem a pensar em engravidar. Longe de mim assustar-vos, até porque tenho a certeza que haverá para aí futuras mamãs que não são assoladas por nada disto. Mas eu tenho medos, acredito que fazem parte do processo, e acho que é bom exteriorizá-los. Não passo os dias obcecada com isto, a maior parte do tempo vivo de espírito alegre e na ilusão de que vai ser tudo uma maravilha, mas às vezes... às vezes lá vem a voz da consciência. E é nessa altura que me dá para textos como este.
Porque não quero ser uma mãe desnaturada que só se lembra de tratar das coisas do puto quando ele já está cá fora (e, sobretudo, porque não quero andar às compras quando estiver do tamanho de um mamute), já comecei a tratar de alguns assuntos que dizem ser de extrema importância. Por exemplo, o carrinho. Depois de um exaustivo estudo de mercado que envolveu pesquisa junto de amigos e de, sensivelmente, 34 lojas, lá nos decidimos. Confesso que se há coisas em que acho que o pai pode ter uma opinião mais preponderante é na escolha do carrinho. No resto é indiferente: ele diz isto ou aquilo mas, feitas as contas, é a mãe quem decide. Mas no que toca ao carrinho, achei que sendo ele homem era capaz de perceber um bocadinho mais do assunto do que eu. As minhas únicas directrizes foram: que fosse giro (óbvio, não vou andar pela cidade com um mono), que coubesse dentro do Pipoca-mobil e que não me obrigasse a tirar uma pós-graduação para o conseguir montar/desmontar. O homem ouviu-me (coisa rara) e apareceu-me com o nome do grande vencedor: o trio I-Move da Chicco.
Giro? Simmmmm, muito fofinho!
Funcional? Sim! Já traz a cadeirinha, o ovo e a cesta, não pesa oito toneladas e, supostamente, dá até aos três anos, o que significa que não vou ter de voltar a preocupar-me com este assunto nos próximos tempos.
Lá fomos a uma loja Chicco para o vermos alive and kicking, que uma coisa é vê-lo todo querido e bonitinho, no catálogo, outra é pôr as mãos na massa e perceber como é que a coisa realmente funciona. A menina da loja teve uma paciência de santa: monta cadeirinha, desmonta cadeirinha, monta ovo, desmonta ovo, monta cesta, desmonta cesta, monta carro, desmonta carro. O objectivo era provar-nos que, de facto, aquilo é bastante básico e intuitivo. E, pelo menos, fiquei com essa ideia. Claro que agora estou à espera que o carrinho seja entregue em casa para começar um período de estágio antes de o puto nascer. Acho que vou fazer um "I-Move Challenge", com cronómetro, para ver em quanto tempo consigo proceder à abertura e fecho do carrinho. Outra coisa que me atormenta bastante é: então e quando saio de casa levo a cadeirinha, o ovo ou a cesta? Ou tudo ao mesmo tempo (tendo, claro, de alugar um autocarro de 48 lugares)? Segundo me foi explicado, tudo depende daquilo que se vai fazer com o bebé. Se é só um passeio na rua, se é uma ida ao médico, se é um jantar em casa de amigos. Tudo depende de quanto tempo se vai demorar e de qual a posição mais confortável para o bebé. Para já, esta escolha parece-me muito complicada (sei lá eu se ele está melhor no ovo ou na cesta???), mas acredito que com o tempo e com a experiência já não precisarei de demorar duas horas a decidir.
Outra coisa que gosto muito neste carrinho (para além de ser giro, acho que já tinha dito) é o facto de rodar 360%. Ora agora o puto está virado para nós, ora agora já está virado para a frente. Tudo sem grandes manobras ou malabarismos. Ah, e claro, estava a esquecer-me, mas o factor segurança também pesou, MUITO. A cadeirinha pode ser adaptada ao sistema Isofix do nosso carro. Era um termo que eu desconhecia até aqui, mas basicamente é uma forma mais segura de prender a cadeira ao carro e que não envolve o uso do cinto de segurança. Enfim. Acho que o piqueno Mateus será muito feliz no seu novo carrinho. Pelo menos, é isso que espero. Uma espécie de paraíso no qual ele entra e se acabam todas as birras e choradeiras!
Ontem começou o curso de preparação para o parto no Espaço Cegonha e, sinceramente, superou as minhas expectativas. A verdade é que, sendo a primeira vez, uma pessoa nunca sabe muito bem ao que vai, mas o meu receio de que fosse excessivamente teórico e, por isso mesmo, meio chatinho, não passou disso mesmo. Um receio. A verdade é que a enfermeira Luísa consegue fazer com o que o tempo passe a voar. Aquelas duas horas foram-se num instantinho. Os assuntos são explicados de forma divertida (mas séria, hã?), sem rodeios, sem floreados e, sobretudo, com muita abertura. Foi também engraçado partilhar as experiências com os outros casais, ver que expectativas têm, o que pensam sobre o maravilhoso mundo da gravidez e, acima de tudo, perceber que, apesar das semelhanças, cada grávida está a viver uma coisa completamente diferente de todas as outras.
Começámos com uma pergunta difícil, que foi "então e como é que imaginam o vosso parto?". Ui! Para além de perceber que todas as outras grávidas têm ideias bastante mais concretas e definidas do que eu sobre o assunto, fiquei também a achar que, se calhar, já vai sendo hora de assentar ideias. A verdade é que, para já, tenho evitado pensar muito no tema "parto". Sou uma maricas da pior espécie, a minha tolerância à dor é aproximadamente zero e uma ida à ginecologista é a pior tortura a que me podem sujeitar. Ainda não está a acontecer nada e já eu estou absolutamente contraída e rija que nem uma pedra. A última vez, e no meio de tantas queixas, a médica até perguntou "mas como é que está a pensar ter a criança?". Pois, não estou. Na minha mente a coisa há-de dar-se como por magia. Num minuto estou grávida, no outro, qual passe do Luís de Matos, já tenho a criança nos braços, linda, de banho tomado e vestidinha.
Idealmente, eu gostava de tentar um parto natural, mais não seja por aquela coisa da superação, tipo "és uma mulher ou és uma ratazna de esgoto, hã?". Para já, a resposta está mais perto do "sou uma ratazana" do que do "sou uma mulher". Mas se a maior parte das mulheres sobrevivem, eu também hei-de sobreviver sem desmaiar de dores lá pelo meio. Mas depois, e lá mesmo no fundinho do meu ser, confesso que tenho muita esperança que lá para os oito meses de gravidez a médica me diga qualquer coisa do género "eh lá, o miúdo está para aqui atravessado" ou "eh lá, isto não é um bebé, é um leitão da Bairrada, vamos ter de avançar para a cesariana". Ou seja, não quero ser eu a tomar essa decisão (pelo menos para já), mas se alguém a puder tomar por mim eu agradeço e siga para a cesariana. E sim, eu já li e já ouvi muita coisa sobre as vantagens/desvantagens dos partos naturais e das cesarianas e, por isso mesmo, neste momento estou de mente aberta em relação a qualquer uma das opções. Não vale a pena dizer que TODOS os partos naturais são óptimos e as recuperações muito mais fáceis, porque há casos que provam o contrário. Do mesmo modo que é mentira que TODAS as cesarianas impliquem uma recuperação ultra-dolorosa. Conheço várias pessoas que passaram por partos naturais bons e menos bons, do mesmo modo que conheço pessoas que passaram por cesarianas boas e menos boas. Basicamente, há de tudo, como na farmácia, e cada caso é um caso. Mas a enfermeira Luísa diz que convém pensarmos no assunto e irmos delineando planos As e planos Bs, porque já se sabe que nestas coisas nem sempre corre tudo como se deseja e se previu. Também nos deu um papel com as recomendações da OMS sobre os procedimentos dos partos, o que é ou não normal e aceitável. Ainda não vi com muita atenção, mas dei uma olhada e há por lá bons tópicos para discutirmos aqui.
Na próxima consulta vou falar melhor com a minha médica. Para já, a única coisa que sei é que, seja qual for a opção para o parto, quero ter direito a todas as drogas disponíveis no mercado que ajudem a minimizar a dor na hora da verdade. Aquelas teorias do "ah, e tal, eu quero viver isto ao natural, sem epidural, porque só assim é que me sentirei verdadeiramente mulher", são muito bonitas e eu respeito-as, mas não são para mim. Até porque, como já disse, sou uma ratazana. E uma ratazana que acredita que se foram desenvolvidos fármacos para nos facilitar a vida, então deixai-os vir até mim.
De resto, a primeira aula serviu também para aprendermos alguns exercícios que ajudam a fortificar os músculos do pipi. Há um nome técnico mais específico para isto (períneo blá, blá, blá), mas também não vale a pena estar agora a maçar-vos. Basicamente, são exercícios de contracção para fortalecer tudo lá em baixo e que serão bastante úteis na hora do parto. Mas são exercícios para fazer a vida toda e que também são recomendados para os homens, para evitarem problemas na próstata. Confesso que ontem tentei fazer em casa e ainda estou naquela fase de tentar perceber se estou a contrair o pipi ou as nádegas. É toda uma massa difícil de distinguir, mas com a prática isto vai lá. O meu grande objectivo é ter o pipi mais tonificado de Portugal, capaz de participar nos Jogos Olímpicos dos Pipis.
Para a semana lá estaremos novamente. Felizmente, sem jogo do Benfica. Perdi a primeira parte, o que até foi bom. Poupei os nervos!
Já não durmo como dormia. É isto, é uma chatice, mas é a verdade. Estão a ver aquele sono tranquilo? Aquele sono que dura a noite inteira, sem interrupções? Pois, já não sei o que isso é há algum tempo. Em primeiro lugar, porque sempre dormi de barriga para baixo (foram 32 anos!) e agora já não consigo. Durmo rodeada de almofadas (para a cabeça, para a barriga, para as pernas), mas nada é igual à alegria de dormir de barriga para baixo. Depois, porque levo a noite inteira a sonhar. Nunca sonhei tanto nem de forma tão realista como agora. E quase sempre com coisas chatas, tipo ondas gigantes (o meu sonho mais recorrente nos últimos tempos) ou ir parar a um lugar muito alto e não ter a mínima ideia de como sair de lá. Acho que ainda não sonhei com o puto nem com a gravidez, talvez lá mais para o final. Também é rara a noite em que não acordo às quatro ou cinco da manhã. Só porque sim, porque o sono se some, ou então para fazer xixi ou ir beber água. Umas vezes volto a adormecer depressa, outras fico às voltas na cama e o sono só chega lá para as sete ou oito (o que, convenhamos, é chato quando se tem de ir trabalhar). Eu tenho sono. Na verdade até tenho mais sono do que antes. Mas não durmo na paz dos anjos, e isso chateia-me. Nos entretantos, optei por deixar de tomar o Nausefe de manhã e passei a tomar antes de ir dormir, que sempre me dá mais sono. Já não tenho os enjoos que tinha no primeiro trimestre, longe disso, mas sem Nausefe sou pessoa que é capaz de ficar maldisposta à mínima coisinha. Basta um cheiro estranho ou mais agressivo e pronto, lá começo eu com o estômago às voltas. Se alguém tiver mezinhas caseiras (ou drogas pesadas, tanto faz) que ajudem às noites bem dormidas, sintam-se à vontadinha para partilhar!