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Um dos primeiros presentes que recebi para o Mateus foi-me oferecido por uma leitora do Porto, aquando do jantar dos 100.000 fãs. Era uma bolsa para produtos da Chicco, da linha Bio, e foi a primeira vez vez que ouvi falar desta linha biológica. Fiquei curiosa e andei a pesquisar mais sobre o assunto. Confesso que se há pessoa um bocadinho desligada dos produtos mais amigos do ambiente sou eu, mas ando a tentar mudar isso aos poucos. E quando se tem um bebé a caminho e se começa a ouvir toda a gente falar de peles ultra-sensíveis e da necessidade de procurar produtos mais naturais, torna-se mesmo obrigatório.
Para quem, como eu, nunca tinha ouvido falar da linha Pure.Bio, da Chicco, deixem-me que vos diga que é uma gama que tem em conta a escolha das matérias-primas e todo o processo de produção, para que, no fim, se tenha um produto o mais amigo possível do ambiente e dos bebés. Entre outras caracteristicas, incluem ingredientes de origem natural e provenientes da agricultura biológica, as matérias-primas são colhidas de forma sustentável e respeitando o seu crescimento natural e as estações do ano, e todos os elementos das embalagens são feitos com materiais recicláveis. De acordo com as normas de cerificação, os produtos da linha Pure.Bio não contêm derivados de petróleo, parabenos, corantes de origem sintética, compostos químicos ou organismos geneticamente modificados. E apesar de não ser obrigatório, a Chicco levou o conceito biológico ainda mais longe e deixou de fora alguns ingredientes potencialmente agressivos, como o álcool ou o SLS (sodium lauryl sulfate).
Qualquer produto, para ser definido como biológico, deve ser aprovado por um organismo de controlo que certifica a qualidade do mesmo, atribuindo-lhe um logótipo. Os produtos da linha Pure Bio são certificados como naturais e biológicos pela Ecocert, um dos maiores organismos de controlo reconhecido a nível mundial. A Ecocert definiu um conjunto de especificações muito rígidas, nomeadamente a percentagem de ingredientes de origem natural e biológicos que devem ser utilizados na formulação dos produtos certificados.
A linha Pure Bio da Chicco divide-se entre os produtos de higiene, a roupa ou acessórios (toalhas, roupa de cama, bolsas). Os produtos de higiente incluem um bálsamo protector, um óleo de massagem, um champô/espuma de banho, e uma loção de corpo. Os principais ingredientes utilizados são o aloé vera, a água de camomila, a manteiga de karité e o óleo de amêndoas doces.
Ainda no Espaço Cegonha decidi fazer o workshop de primeiros socorros. Claro, é a minha cara. Pessoa paranóica e que está prestes a ser mãe pela primeira vez precisa MESMO de um cursinho destes. Basicamente, passámos uma hora a aprender o que fazer no caso de o puto se engasgar. E se ter de pensar neste cenário, só por si, já é horrível, ter de pôr os ensinamentos em prática deve ser o inferno na terra. Eu rezo a todos os santinhos para que o Mateus nunca se lembre de se engasgar (isto deve ser mais ou menos o mesmo que desejar que nunca chore), porque eu acho que desmaio antes de conseguir prestar-lhe os devidos socorros. A enfermeira Luísa diz que não, garante que, na hora, a adrenalina toma conta de nós e nos torna as pessoas mais ágeis do mundo, mas eu dsconfio bastante das minhas capacidades em caso de pânico. Primeiro, acho que não vou ser capaz de lhe dar as pancadas necessárias nas costas para o desengasgar. Coitadinho, tão pequenino e a ter de levar pancada. Eu sei que é um mal necessário, mas acho que o vou fazer em lágrimas, eu a chorar para um lado e ele a chorar para outro. Depois, se a coisa der mesmo para o torto, ele começar a ficar roxo e perder os sentidos, vamos ter de passar às manobras de reanimação (pressionar o peito e fazer respiração boca-a-boca). E aí é que deve ser mesmo o fim do mundo. Como é que se mantém a calma com um filho inanimado nos braços? Sobretudo se uma pessoa estiver sozinha? Acho que desmaio primeiro do que ele. Mateus, pequenito, se me estás a ouvir, jura-me que vais sempre comer tudo direitinho, que não vais enfiar os alimentos no canal errado, que não vais comer brinquedos e outras merdas pequeninas que te possam sufocar. Para já, e até aos três ou quatro anos, estás proibido de comer pipocas, amendoins, pastilhas, rebuçados e outros que tais. Tu tem juízo, rapaz, tem juízo que a tua mãe é fraca de coração e não aguenta stresses destes.
Na última aula do curso no Espaço Cegonha metemos literalmente a mão na massa. Ou seja, aprendemos coisas tão úteis como dar banho aos putos e trocar-lhes as fraldas. Assim na teoria, e usando bonecos, a coisa parece relativamente fácil. Mudar a fralda acho que não deve ter assim grande ciência, apesar de nunca ter trocado nenhuma na vida. Mas acho que ao fim de dois dias, depois de já termos trocado umas 390, já se deve conseguir fazê-lo de olhos fechados. Pronto, há a parte chata de limpar xixis e cocós vezes sem fim, mas faz parte do contrato (são aquelas letrinhas pequeninas que vêm no fim). De resto, é tentar acertar com o lado certo da fralda, é deixá-la bem ajustada, é deixar o puto limpinho e hidratado, é levar com xixis na cara e, já agora, é tentar não o deixar baldar-se do muda-fraldas. É chato.
Já a parte do banho parece-me beeeeeem mais complicada. Na aula, com o boneco, tudo parecia espectacular. Mas começo a imaginar um ser escorregadio de três quilos, a esbracejar e a dar às pernas, e tudo isto me parece muito incompatível com água e uma banheira. Temos de garantir que a água não está a escaldar, que não está gelada, que o miúdo não apanha correntes de ar, que não se afoga (também era chato), que temos tudo à mão (o champô, o gel-de-banho a esponja, o creme, o perfume, a toalha, a fralda, a roupinha, o pente), que fica bem lavado... ufaaaaaaaa! É muita coisa! Muita coisa! Acho que vou passar esta tarefa ao pai, assim como quem não quer a coisa. Eu fico a entreter o puto com palhaçadas, a tirar fotos ou a escolher outfits à altura. Essas coisas assim giras e que não põem ninguém em perigo.
E pronto. O curso de preparação para o parto no Espaço Cegonha chegou ao fim, com muita pena minha. Sinceramente, foi das coisas que mais gostei de fazer nos últimos tempos. Foram sete aulas (ou melhor, sete momentos de conversa e de partilha) que passaram a voar, e é impossível não chegar ao fim e ficar com a sensação que soube a pouco. Fica desde já a sugestão: fazer cursos que durem, vá, três anos. É que isto é muito interessante antes de a criança nascer, mas e depois??? O que é que eu faço quando o puto estiver cá fora? Devíamos continuar a ir lá todas as semanas durante muiiiiiiiiito tempo, porque as verdadeiras dúvidas estão para chegar. Agora é tudo muito bonito, uma pessoa tem uma ideia do que está para vir, mas é só mesmo uma ideia. Depois é que a porca torce o rabo. Mas pronto, estou a exagerar. Mesmo já não tendo curso sei que posso contar sempre com o Espaço Cegonha para expor toooooodas as minhas dúvidas e dramas existenciais, sei que posso ter apoio em casa, sei que posso ligar a qualquer hora (apesar de eu ser pessoa que tem sempre muita relutância em ligar a chatear os outros). E isso, parecendo que não, é coisa que me tranquiliza bastante. Vai daqui um beijinho muito especial para a enfermeira Luísa que, sem dúvida, contribuiu para que este curso se fizesse tão bem. É bom termos alguém que lide com o tema gravidez com tanta abertura, sem julgamentos ou preconceitos, sempre disponível para ajudar e nos apoiar nas nossas escolhas. Para mim, que sou um bocado o anti-Cristo das grávidas, isto foi muito importante. Imagino que devido aos não sei quantos mil anos de carreira a enfermeira Luísa deva estar habituada a lidar com os mais variados tipos de grávidas, por isso sinto que não olhou para mim como se fosse uma ave rara (deve haver gente mais estranha) e procurou sempre tranquilizar-me, sem qualquer espécie de julgamento de valor e sempre com muito humor à mistura. Enfim. O cursinho chegou ao fim, deixa muitas saudades, mas é mais uma etapa cumprida. Agora fico à espera do próximo encontro da turma, já com a criançada. Vai ser giro levar o Mateus e conhecer todos os bebés que estavam nas barrigas das minhas colegas. E tentar perceber se estamos a fazer um bom trabalho e se aprendemos alguma coisa com o curso!
A semana passada fui à Well's do Colombo para um primeiro contacto com o maravilhoso mundo da Philips AVENT. Digo maravilhoso porque, basicamente, não pesco nada do assunto e fico sempre boquiaberta com a oferta que existe para facilitar a vida às mães e à criançada. Mas pronto, baby steps, literalmente. Para já, para já, gostei bastante da gama Natural de biberões e bombas tira-leite. Este é um assunto sensível porque, basicamente, ainda não sei muito bem o que irei fazer a este respeito. E antes que comecem a apedrejar-me por eu não ser uma daquelas mães que sempre teve o sonho e a certezinha absoluta que queriam dar de mamar, pode guardar as pedrinhas para outro dia, porque voltarei a este assunto mais tarde, com mais detalhe. Adiante!
Estava eu a falar da gama Natural que, basicamente, procura tornar o processo de alimentação o mais natural possível e amigo dos bebés (e das mães, que só querem é que os putos comam, preferencialmente, sem birras de meia-noite e sem demorarem duas horas e meia). Por um lado temos os biberões com uma tetina larga e que procura replicar a forma do peito materno. Também trazem um sistema anticólicas muito jeitoso e avançado, que faz com que o ar circule no biberão e não na barriga do bebé (oh, yeah). De relembrar que os biberões não são exclusivos de quem não amamenta, são também utilizados por quase todos os bebés, seja para suplementos ou para água.
Toda a minha infância foi acompanhada de bonecos que eram tratados como verdadeiros amigos. Lembro-me de um ursinho panda, de uma raposa amarela ou de um elefante que me acompanhou anos a fio (o Trombinhas). Iam comigo para todo o lado, não dormia sem eles, e se o meu irmão os escondia ou lhes fazia maldades eu sentia-as na pele e chorava como se o mundo fosse acabar. E isto não é coisa só de infância. Há mais de dez anos, estava eu a fazer Erasmus em Itália, a minha mãe ofereceu-me uma pequena zebrinha, a Pijama, que vai sempre comigo para onde eu for. Já correu mundo a minha zebra. O Mateus também já vai tendo a sua pequena colecção de amigos, e espero que goste e trate tão bem deles como eu gostei e tratei dos meus. Bom, pelo meio terá também um cão, verdadeiro, esse sim o grande amigo, mas pronto. Todos os amigos são importantes.
O coelho Simão, da Zara Home
Não sei se ao longo destes sete meses e tal já te apercebeste, mas calhou-te em sorte uma mãe neurótica e que, aí umas 32 vezes por dia, se questiona se estará tudo bem contigo. Se estarás confortável, se terás líquido suficiente, se estará quentinho aí dentro, se terás fome, se terás sono, se o teu coração ainda baterá (nunca me preocupei tanto com o coração de uma pessoa). De quando em vez (cada vez menos, porque o espaço já não deve ser muito) lá sinto um chuto, e respiro fundo. E quando me queixo que a tua cabeça está a fazer uma pressão terrível nas minhas costelas e que podias deixar de ser chatinho e chegar-te mais para a esquerda, é só mesmo para me armar em pessoa malvada, porque no fundo eu até gosto. Quer dizer, quando quase me falta o ar não acho assim tão espectacular, mas ao menos sei que estás em movimento e, neste momento, isso é a coisa mais importante da minha vida. Ainda não sei muitas coisas sobre ti. Sei que já tens mais de 1,5 quilos, que és bochechudo, que continuas sentadinho às 31 semanas e que muito dificilmente alguém te conseguirá convencer a mudar de posição. Não sei muita coisa, é verdade, mas ao longo destes sete meses fomo-nos acostumando à presença um do outro e se agora te acontecesse alguma coisa daquelas mesmo más, daquelas em que eu penso muito, precisamente por ser neurótica, acho que a minha vidinha já não seria a mesma. Seria pior. Por isso, puto, aguenta-te aí mais dois meses. Porta-te com juízo, não brinques com o cordão umbilical que isso não é para estragar, engorda os 1,8 kg que, segundo a médica, ainda te faltam, cresce feliz e sem preocupações e não queiras vir cá para fora antes do tempo. Deixa-nos lá ir de férias, nadar no mar algarvio e enfardar bolas de Berlim. E depois deixa-nos voltar e tratarmos do que falta tratar. Não tenhas pressa, que isto cá fora não é assim tão giro como possas pensar. A verdadeira parte boa é teres muitos braços à espera de te estrafegarem até te saltarem os olhinhos. Pelo menos até teres para aí 12 anos e começares a dizer que nos odeias e que queres sair de casa.