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Eu sei que ainda estou em pleno processo de formação para ser mãe, mas a verdade é que já deu para perceber que isto vai ser uma grande aventura. Uma aventura que não começa só quando a criança nos chega aos braços, antes fosse. Começa assim que se vê um teste de gravidez com dois tracinhos vermelhos e nos cai o mundo aos pés, numa grande mistura de pânico, alegria e sabe-se lá mais o quê. Em 30 segundos, vamos do “oh, meu Deeeeeus, no que é que eu me fui meter?” ao “oh, meu Deeeeeeeeeus, vem aí o bebé mais fofinho do planeta!!” (o nosso bebé é sempre o mais fofinho). É o início. Depois? Depois é ir vivendo isto, aprendendo, apreendendo, tentando descobrir tudo o que há para descobrir, e que é imenso. Lê-se, ouve-se, fala-se, mas parece que nada nos prepara para o que está para vir. Pelo menos, é o que eu sinto. Vou fazendo os possíveis, o que me compete, mas sei que só quando o Mateus estiver cá fora é que isto arranca a sério. Enfim. Embarquei nesta aventura e... so far, so good. Há coisas boas, há coisas más, mas cá se vai andando. Foi por isso que aceitei o desafio da Philips Avent para assinar as “AVENTuras da Mamã”, crónicas semanais sobre as minhas aventuras e desventuras no atribulado mundo da gravidez/maternidade. Como sempre, vou falar de tudo e mais alguma coisa, dos assuntos básicos e dos mais polémicos, que eu sempre prometi não vos esconder nada sobre a temática. Pelo meio, vou também apresentar-vos alguns produtos emblemáticos da Philips Avent, uma marca da qual eu só tinha ouvido falar por alto (aliás, como praticamente todas as marcas infantis), mas que me conquistou assim que entrei no “universo maternal” . Juro que fico pasmada com as coisas que são criadas para nos facilitarem a vida e a nem sempre paradisíaca relação “mãe Vs. bebé acabadinho de vir ao mundo”. Vai ser, literalmente, uma AVENTura, para acompanhar todos as segundas-feiras!
Mesmo nunca tendo estado grávida, sempre percebi que o assunto "caixas prioritárias" dá sempre azo a confusão e peixeirada. A quantidade de vezes que assisti a gente quase a pegar-se ao estalo porque passou uma grávida, ou um idoso, ou um deficiente... ui! Dava para escrever um livro. A verdade é que nunca me fui plantar numa caixa prioritária precisamente por saber que, caso apareça alguém com prioridade, é preciso dar passagem. É chato, mas é a vida, e essas caixas existem para isso mesmo. Mas não, a malta adora ir toda para lá, e depois começa a espumar de raiva (ou, pior, a fazer-se de morta) caso tenha de deixar passar alguém, como se estivesse a fazer um enooooorme favor. Conseguem até fazer com que os prioritários se sintam mal por terem de fazer valer os seus direitos. Pois bem, agora que estou grávida de sete meses e que a minha barriga não deixa margem para dúvidas, estou-me basicamente nas tintas para queixinhas, bocas e olhares revirados. Se há prioridade, eu uso-a, que para isso é que ela foi criada. Não, gravidez não é doença, bem sei, mas não é nada fixe ter de aguentar em pé numa fila quando já se tem mais 10, 15 ou 20 quilos em cima do lombo. E quem disser que consegue aguentar horas a fio, que já teve 18 fihos e nunca precisou de passar à frente de ninguém, então os meus parabéns. Eu não consigo. Ao início da gravidez ainda vá, e mesmo agora, se for a um sítio onde me possa sentar não peço para passar à frente de ninguém, mas estar ali plantada e cheia de dores nos rins, obrigadinha mas não. E acho que é precisamente por as grávidas não fazerem valer mais vezes os seus direitos que depois toda a gente acha muito estranho quando o fazem.
Pois que no outro dia fui com o homem ao IKEA e, ao chegarmos às caixas, reparámos que a fila maior era, adivinhem, adivinhem? Exacto, a prioritária. O homem começou a dizer que mais valia irmos para outra, e eu comecei logo a hiperventilar! Portanto, eu, a grávida, é que tinha de ir para outra fila! Dei uma olhadela e, assim de repente, não me pareceu haver pessoas prioritárias (se bem que estas coisas enganam). Como ninguém me convidou a passar à frente, fui até à funcionária e perguntei se eu estaria a fazer confusão ou se aquela era mesmo uma caixa prioritária. Disse-me que sim e que podia passar (tinha umas dez pessoas à minha frente), por isso não esperei um minuto. Logo a seguir, apareceu outra grávida. E, claro, a malta que estava na fila começou a ficar impaciente e, milagrosamente, acabou por dispersar e ir fazer a sua vida para outros lados. Ou para outras caixas, neste caso. Ainda ouvi a menina da caixa a dizer a um senhor "pois, teve azar, logo agora é que vieram os prioritários todos". Calma lá, mas qual azar??? Quem é que o mandou ir ali enfiar-se? Uma pessoa prioritária aparecer na caixa com o mesmo nome não é "azar", é o expectável! Eu sei que, nas minhas costas, ficam a rogar-me pragas até 2037. Ou, se calhar, até acham que não estou grávida coisa nenhuma, que estou só a simular para poder passar à frente, mas é para o lado que durmo melhor. Direitos são direitos! Claro que depois há sempre quem abuse. Há pouco tempo, na caixa prioritária do El Corte Inglés, uma senhora enfiou a filha de sete ou oito anos no carrinho para poder passar à frente. E a miúda lá ia, contente da vida, a jogar iPad. Mal cabia no carrinho, mas pronto, o importante era passar à frente.
Eu acho que muitas vezes a culpa é dos funcionários, que fecham os olhos a situações "esquisitas" ou que não estão para se impor e arranjar confusões com a clientela. E por isso é que as caixas não funcionam como deveriam ser. Há alguns sítios em que têm aquelas caixas em que é preciso chamar o funcionário, há outros que têm caixas exclusivas (o IKEA tinha, deixou de ter), mas acho que ainda há muita coisa por afinar. Se calhar devia haver legislação mais específica e as pessoas deveriam estar mais bem informadas dos seus direitos, para se pouparem a constrangimentos desnecessários. Eu sempre deixei passar grávidas e velhotes à frente em qualquer lugar, mas acho que depois de se passar por uma gravidez ninguém consegue ficar indiferente a uma grávida. Também gosto muito que nos transportes públicos toda a gente faça de conta que a grávida não está ali. No outro dia ia no metro e era a ÚNICA pessoa em pé em toda a carruagem. Toda a gente me viu, toda a gente reparou, mas ninguém levantou o rabo, claro está. E eu, inocente, ainda me vou surpreendendo com estas coisas.
Hoje fiz um workshop muito interessante no Espaço Cegonha. Pois que o tema era "Compreender o Choro do Bebé", algo que todas as mães gostariam de saber, mais do que acertar no Totoloto. Confesso que eu, a pessoa céptica do costume, olho para as palavras "compreender", "choro" e "bebé" e acho que não vão bem juntas. Quer dizer, choro e bebé fazem sentido, mas pôr ali o verbo compreender é que já me parece mais complicado. À pergunta "por que choram os bebés?", a primeira coisa que me apetece gritar é "porque são uns manipuladores manhosos, uns terroristas emocionais, pequenas criaturas que se fazem valer do seu choro e do que isso provoca nos pais para conseguirem aquilo que querem!!!". No workshop não disse nada disto, não queria ser olhada de lado pelos outros pais, aqueles seres inocentes e sonhadores que (ainda) acreditam que vão ser capazes de interpretar o mínimo ruído provocado pela sua criancinha. Disse só que gostava de perceber quando é que o choro significa alguma necessidade efectiva ou quando é que é só mimo e fita. Porque isso faz toda a diferença. Enfim, os bebés choram, nada a fazer. E choram de uma maneira que mexe mesmo com os nervos de uma pessoa. Segundos nos explicaram no workshop, tem mesmo de ser assim. O choro tem de ser estridente e incomodativo, porque só isso nos fará levantar o rabo do sofá/cama para ir ver o que se passa. Se fosse só um chorozinho da treta, uma coisa quase melodiosa, ninguém queria saber, e o bebé ficaria para lá cheio de cocó, ou cheio de fome, ou cheio de frio, ou cheio de febre ou qualquer um desses motivo que fazem com que os putos abram a goela. Há sempre uma razão para o choro, mesmo que seja só a vontade suprema que lhe peguem ao colo. E como é que uma pessoa vai recusar colo a três quilos de gente? Difícil, difícil.
O mais importante mesmo é conseguir distinguir. Parece que através da observação e do contacto com o bebé, a coisa se vai tornando mais fácil. Vamos conhecendo melhor a criança e o nosso instinto também ajuda. E eu espero mesmo que sim, espero que esse instinto caia do céu e se instale nos meus neurónios e no coração e no corpo todo, porque para já não percebo nada de choros. No workshop vimos meia dúza de vídeos com diferentes crianças e diferentes choros mas, assim de repente, parecia-me tudo igual. Não fosse a "professora" Constança a chamar-nos a atenção para alguns detalhes e, para mim, não topava diferença nenhuma. Mas eles estão lá. Na forma como mexem os braços, como mexem a boca, como franzem a testa, etc e tal. Tudo pequenos sinais, aparentemente imperceptíveis, mas que estão lá. Decifrá-los é que vai ser complicado (porque não, nem sempre é FOME!), mas pronto, estou cheia de fé! Ou isso ou contrato alguém do Espaço Cegonha só para ir lá para casa e atentar no choro do Mateus. Não consigo imaginar pior profissão do que essa, ouvir e interpretar choros de bebés.
Para além de termos visto os principais motivos (físicos e emocionais) que fazem com que os putos percam as estribeiras e desatem num berreiro, também vimos algumas técnicas para os acalmar. E não, nenhuma delas inclui atirá-los pela janela ou abaná-los até perderem os sentidos! Falámos de banhos mornos, de formas de lhes pegar, de os envolver, de os embalar, de os pôr a ouvir música ou, na pior das hipóteses, de chorarmos junto com eles. Acho que eu estarei sempre mais inclinada para esta última opção. Largar a chorar ao mesmo tempo que ele. Talvez ele não ache graça e se cale um bocadinho. Eu sei que não faltam por aí teorias sobre pegar ou não no bebé quando chora, ou andar sempre com ele ao colo. Pessoalmente, acredito que essa solução lhes crie (ainda mais) manhas, mas no workshop garantiram-nos que excesso de colo no primeiro mÊs (quando ainda é um bocadinho difícil estabelecer rotinas) não significa que venhamos a ter filhos delinquentes, e isso é um grande descanso! Mimado mas sem se meter no crime! Mas, de facto, tenho medo de vir a ser uma daquelas mães que andam sempre com o bebé ao colo, que lhes pegam à mínima queixa, que só conseguem adormecer a criança se a tiverem nos braços. Espero conseguir contrariar isso, mas pronto, uma coisa é o que dizemos agora, que o puto está cá dentro quietinho e na sua vida. Outra coisa será quando o tivermos cá por casa a berrar há uma vida e tivermos de pôr fim àquilo. Acho que só na altura, quando já o conhecer um bocadinho, é que conseguirei dizer qual a melhor técnica para o calar.
Acima de tudo, e por maior que seja o desespero, é preciso racionalizar a coisa e pensar que a desgraçada da criancinha se vê, de repente, perdida no mundo. Lá dentro estava quentinha, nunca tinha fome, estava (relativamente) confortável, era embalada o dia inteiro, os sons e a luz eram filtrados, era um mini-paraíso. E de um momento para o outro, sem ter pedido nada a ninguém, vê-se num sítio cheio de luz, e com pessoas que a querem agarrar, e com milhares de sons, e cheiros, e uma data de outras coisas. Claro que só pode ser lixado para o bebé, desgraçado! Por isso temos de ser solidários com a pequena criatura e encher-nos de uma paciência de Dalai Lama para não a mandar ir berrar para outra freguesia. Está em período de adaptação a este mundo cão. E nós, que já cá andamos há uns tempinhos para saber que isto cá fora não é pêra doce, temos de compreender e fazer com que a transição seja o menos traumática possível. Enfim, é esperar para ver. E ouvir.
Algumas pessoas próximas começaram a perguntar-me se eu estava a pensar fazer um baby shower e eu disse sempre que não. A expressão "baby shower" acendia em mim um alerta estridente que metia, entre outras coisas, americanas histéricas, mulherio adorador de criancinhas, bolos de fraldas e uma tarde inteira a debater temas tão interessantes como "o meu filho é mais inteligente do que o teu" ou "amamentei a Teresinha até aos 38 meses e não me arrependo nada". Pois, obrigadinha mas não. Na verdade, para que raio serve um baby shower? Segundo andei a pesquisar, diz que é uma espécie de despedida de solteira mas para grávidas (e sem meter chapéus com pilas). É uma despedida da vida sem filhos, aquela pela qual viremos a chorar rios de lágrimas de saudades, e é também uma espécie de recepção ao novo membro da família. Diz que é suposto falar-se MUITO sobre a criancinha que está para chegar e que os convivas devem aparecer carregadinhos de presentes, quais Reis Magos em visita ao Menino Jesus. Pois, pois, pois. Na verdade eu não quero nada disto, mas gosto da ideia de juntar os amigos todos, de passarmos uma tarde a enfardar e de fazermos umas fotos giras. É este o meu conceito de baby shower: comida e fotos. E, assim sendo, estou tentada a vacilar. Mas, claro, estou receptiva a outras ideias altamente espectaculares. Alguém tem e quer partilhar??? Ouvi falar de convites deslumbrantes, recuerdos para os convidados, decorações dignas de capa de revista, jogos e outras cenas altamente elaboradas. Não pode mesmo ser só comes e bebes? E fotos?
Quando perguntei a uma amiga minha, grávida, se estava a pensar fazer a criopreservação das células estaminais, disse-me que achava que era mais ou menos como estar a atraír uma desgraça. Que era estar a pensar no pior. Por acaso, nunca tinha visto a coisa nessa perspectiva. Prefiro encarar como um seguro de saúde ou um seguro para o carro. Algo que se adquire na esperança de nunca ter de vir a ser utilizado, mas que nos dá o conforto e a tranquilidade de saber que, se for preciso, está lá. Tenho lido algumas coisas sobre o assunto porque, confesso, até à data, não sabia muito. Há quem diga que não serve para nada (só para gastar dinheiro e mexer com a consciência dos pais), há quem diga que ainda há um longo caminho a percorrer no que toca à aplicação das células, há quem diga que os efeitos benéficos existem e estão comprovados... enfim. Como em todos os assuntos sobre os quais ainda não há muita informação, é normal que as opiniões se dividam (e que, muitas vezes, entrem no campo do extremismo). Conheço várias pessoas que fizeram a preservação das células e gostam de saber que tomaram essa opção (que consideraram a melhor para os seus filhos), conheço outras que não, por acharem caro e/ou por não terem bem a certeza da utilidade do processo. Eu estou mais inclinada a fazer do que a não fazer, mas ainda vou ter de me informar bastante mais sobre o assunto. E aí desse lado? Alguém fez? Alguém pensou fazer e desistiu? Alguém que nem sequer tenha considerado essa opção? Digam-me de vossa justiça, não me escondam nada.