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Tal como já tinha dito, vou aqui publicar algumas dicas ligadas ao sono fornecidas pela Constança, do Espaço Cegonha. Espero que vos sejam úteis!
Recomendações para um sono seguro
O sono dos bebés é algo que preocupa os pais desde o nascimento, em parte porque o sono do bebé estará sempre directamente ligado ao sono que os pais conseguem também realizar e dessa forma descansar. Mas também porque se mistura, num mesmo saco confuso, o medo de estar a criar maus hábitos no bebé Vs. o que muitas vezes o nosso instinto nos diz que é o correcto para acalmar o bebé e conseguir maiores períodos de descanso.
Acima de tudo é preciso entender que há regras base de segurança que devem sempre ser tidas em conta no que toca ao sono do bebé. Partindo desta base, o objectivo é mesmo desfrutar ao máximo o recém-nascido, ajudá-lo para que a sua transição para este mundo extra-uterino seja o mais pacífica possível e, dessa forma, ter um bebé tranquilo, bem regulado e pais mais tranquilos, confiantes e felizes.
Ficam alguns tópicos:
Tendo em conta estas precauções de segurança em relação ao sono do bebé, os pais podem e DEVEM sentir-se livres para desfrutar de toda a liberdade para dar colo, embalar e mimar os seus bebés! É absurdo pensar que o colo que o bebé necessita agora, que acabou de sair da barriga da mãe, vai moldar os seus comportamentos futuros, tornando-o numa criança difícil ou mal educada. As necessidades variam em cada momento da nossa vida e a necessidade de um recém-nascido de ser tocado, embalado e abraçado são tão prementes como a de ser alimentado com leite. Deve aproveitar-se os períodos do dia em que os pais estão relaxados e descansados para estar em contacto próximo, o contacto pele com pele entre a mãe ou o pai e o bebé é das formas mais fáceis e poderosas para acalmar o bebé (e os pais), mantendo-o tranquilo e regulado não só emocionalmente, mas também em termos de temperatura, ritmo cardíaco e respiração.
Muitos bebés só acalmam nesta fase ao serem pegados e embalados e isso não tem absolutamente problema nenhum. Não há benefício absolutamente nenhum em deixar um bebé a chorar. Só vai contribuir para a sua agitação e dificuldade de transição ao mundo extra-uterino e não traz nenhum “ensinamento” para o bebé. Os pais devem seguir os seus instintos e aproveitar, sem medos, este período de grande contacto físico entre si e o bebé. O bebé não tem “manhas” nem “vícios”. Nenhum bebé pede aquilo que não precisa.
Mais tarde, habitualmente, entre as 8-12 semanas o bebé já começa a estar preparado para regular melhor e de forma mais autónoma os seus mecanismos de auto-adormecimento e auto-conforto. Cada bebé terá o seu timing e novamente nada se ganha em deixá-los chorar ou “obrigá-los” a estar no berço à força. De forma simples e natural, se lhe forem dadas as condições, o bebé vai saber adormecer, o período para adormecer começará a ser mais curto e a necessidade de embalo e conforto mais constante das primeiras semanas, começará naturalmente a diminuir. Nessa altura pais e bebé já se conhecerão melhor e, com confiança, saberão encontrar uma rotina “amiga” de todos.
Pais que querem dar colo e mimo, sintam-se livres, portanto! Os delinquentes não aparecem mais tarde porque tiveram excesso de amor, regra geral é mesmo ao contrário!!
Uma amiga ofereceu-me um presente muito especial. Bem, todos os presentes são especiais, mas este tocou-me particularmente no coração. E é o quê, é o quê? É um conjunto de bonecos da Amma que representa a nossa família. Vem numa caixinha maravilhosa e os bonecos são todos feitos à mão e personalizados (o meu homem ficou o máximo). É uma daquelas recordações que ficam para a vida (ou, pelo menos, até o Manolo lhes arrancar um olho), e espero que o Mateus lhes dê muito uso. =)
Ainda sobre a amamentação VS. Biberão
Há dois posts falei sobre o tema amamentação Vs. biberão, um assunto que dá sempre pano para mangas. Seja qual for o método de alimentação escolhido, continuo a defender que há mães e mães, que há miúdos e miúdos, e que não há opiniões mais válidas do que outras. Há de tudo e para todos os gostos. Importante, importante é que mãe e filho estejam bem e que reine a paz no lar. E saber que, independentemente da escolha, também há “ferramentas” que nos ajudam. Já vos tinha aqui falado das opções para amamentar ou para alimento a biberão da Philips AVENT. No meu caso, que não vou dar de mamar, foi bom saber que existe uma marca que tem a oferta de que necessito e que me facilita a tarefa. Apesar de privilegiar a amamentação, o que acho muito bem, a AVENT também dá uma ajuda às mães que não podem/querem dar de mamar, procurando tornar o processo o mais parecido possível com a alimentação a peito. E, até agora, o Mateus não se tem queixado!
Fui para a maternidade carregada com o kit de biberões para recém-nascido, porque queria que ele começasse logo a usar esses. Também levei as chuchas da AVENT e, felizmente, ele adaptou-se a tudo. A única coisa que não levei, e que me teria dado um jeito do caraças, foram os discos térmicos para o peito, que tanto podem ser aquecidos (para estimular a produção de leite) como congelados (para inibir). Felizmente estavam em casa à minha espera. Foi só pô-los no congelador e começar a usar (muito melhor do que sacos de gelo ou de ervilhas congeladas). Para quem pretende dar de mamar existem não só os discos térmicos, como também um creme protector de mamilos e discos de amamentação descartáveis (diurnos e nocturnos). Ah, e claro, há sempre as bombas de extracção (a manual ou a eléctrica), que facilitam o processo
Esta variedade de soluções é, sem dúvida, um descanso para as mães, que sabem que têm ao seu dispor as melhores opções. Não há nada mais tranquilizador do que ver um bebé a comer bem e a crescer feliz. Cá em casa, cada biberão despachado é uma festa. Mais uns graminhas que o miúdo engorda! =)
Uma coisa que também gosto muito e a que tenho assistido com frequência aqui na caixa de comentários, são leitores a dizerem uns aos outros coisas como "o seu médico não percebe nada", ou "foi mal assistida", ou até, como li, "o director de pediatria do hospital não sabe o que diz". De repente, toda a gente é médica. De repente, toda a gente é enfermeira especializada em neonatologia. De repente, toda a gente nasceu com os mais altos conhecimentos pediátricos. Acho bonita a leviandade com que se diz que o médico A ou o profisisonal B não percebe nada do assunto. A leveza com que se põe em causa a profissão dos outros, só porque se pensa de outra maneira. E, pelo modo como algumas pessoas escrevem, ficamos a achar que estamos todos entregues a uma cambada de incompetentes que não faz a mínima ideia do que anda para aí a fazer. E, pior, somos umas burras por confiarmos naquilo que nos dizem e que, burras, burras, burras, acreditamos ser o melhor para nós e para os nossos filhos. Futuras mães deste meu país, quando parirem as vossas crianças (sobretudo se for a primeira vez) e o obstetra, o pediatra ou qualquer outro profissional de saúde vos disser para fazerem assim ou assado, não se fiem nisso, que esses sacanas só vos querem é enganar! Liguem antes um computador, acedam à net, e juntem-se àqueles fóruns de mães onde perguntam coisas do género "o médico receitou o medicamente X ao meu M. mas não me apetecia gastar dinheiro sem saber se funciona, o que é que acham?". E depois fiquem ali a absorver 210 respostas diferentes, mas todas muito pertinentes e certeiras. Médicos?? Para quê, se há mães tão iluminadas neste mundo?
Na minha inocência de grávida, achava que as últimas semanas iam servir para tratar de coisas como depilação, manicure, pedicure, sobrancelhas, etc. Poooois. A intenção era boa, mas a verdade é que entrei no hospital a parecer o Mogli, o menino da selva. Uma pessoa não descura essas coisas habitualmente, mas lá para o fim da gravidez a paciência começa a esgotar-se, a vontade de sair de casa é pouca e já só queremos é sopas e descanso. Moral da história, apresentei-me com a depilação num estado lastimável (mentalizem-se, há uma altura na vida de uma grávida em que deixamos de ver algumas partes do nosso corpo, partes essas que estarão bastante em destaque durante um parto), verniz dos pés a começar a querer saltar, sobrancelhas que já precisavam de um jeitinho, nuances a precisarem de ser retocadas, etc, etc, etc. Não deu tempo para nenhuma dessas coisas, por isso agora, aos poucos, tenho de ir tratando desses afazeres. O ideal era enfiar-me num spa um dia inteiro e sair de lá como nova, mas não tenho tempo para isso, portanto a coisa tem de ser feita aos poucos. Ontem, pela primeira vez, saí de casa sem o rebento. Tinhas as unhas das mãos numa lástima, não aguentava nem mais um dia, por isso fui. Tentei que fosse uma coisa normal, tentei não fazer um grande drama disso, sabia que o miúdo ficava muitíssimo bem entregue ao pai (a quem, apesar de tudo, fiz 720 recomendações ultra-específicas, ao melhor estilo "olha que ele tem de comer e mudar a fralda"), mas claro que saí de casa com o coração ligeiramente apertadinho. Foi a primeira vez!! Demorei uma hora fora de casa e controlei-me para não olhar para o telemóvel nem mandar mensagens a cada instante (só enviei uma mensagem para dizer que já estava a voltar). E tentei falar de outros assuntos que não o bebé, porque se uma pessoa sai de casa é para espairecer, não é para estar sempre vidrada no mesmo assunto. Acho que superei a prova com distinção. Cheguei a casa e o miúdo estava a dormir na paz dos anjos. Confesso que tinha uma leve esperança em que ele estivesse aos berros e a espernar, tamanhas as saudades da mãe, mas não. Tranquilíssimo. Acho que nem topou que me ausentei. Tão pequenino e já tão desnaturado!
À medida que a minha gravidez ia avançando ia aumentando a minha certeza de não querer amamentar. Quanto mais pensava no assunto, quanto mais lia sobre o assunto, quanto mais reportagens/documentários via sobre o assunto, mais achava que aquilo não era para mim. Essencialmente, preocupava-me a questão da dependência total e o facto de poder ser um processo extremamente difícil, doloroso e até traumático, para mim e para o bebé (a questão de estragar ou não o peito nunca pesou na minha decisão, estou-me nas tintas). Sim, claro que também li bastante sobre todas as vantagens da amamentação e tenho consciência das mesmas. Como não, se 99,7% da literatura disponível é pró-amamentação? Mas eu lia e via as imagens e não sentia aquele chamamento maternal, não achava que fosse assim muito enternecedor. Pelo contrário, fui criando cada vez mais resistência à ideia, estava sempre a juntar mais um ou outro argumento que sustentava a minha vontade de não amamentar. Sinceramente, nunca achei que fosse ter um filho menos esperto, mais doente ou que gostasse menos de mim por não lhe dar de mamar (geralmente, são estes os argumentos fortes que utilizam para nos convencer). E, felizmente, fui sendo sempre acompanhada (pessoal e profissionalmente) por pessoas de espírito aberto e que nunca me gritaram coisas do género “VOCÊ SABE O QUE ESTÁ A FAZER AO SEU FILHO, SUA ASSASSINA?????”. Não que eu fosse tomar qualquer decisão com base no que os outros pensam, mas ajuda sempre ter gente à nossa volta que não faz qualquer tipo de julgamento e que nos incentiva a fazer aquilo que acreditamos ser o melhor para nós. Irrita-me muito essa coisa dos palpites, das opiniões fundamentalistas (e quase nunca fundamentadas), do “EU é que sei o que é que TU deves fazer”. Nunca me na vida me ouvirão a dizer a uma grávida/mãe para dar biberão em vez de mama, por isso porque é que alguém (a quem não foi pedida opinião alguma) se sente no direito de dizer o contrário? Enfim.
Acredito que, aos poucos (muiiiiiito aos poucos), começará a existir maior tolerância em relação a este tema, mas várias pessoas me aconselharam a não dizer que não ia dar de mamar por opção. Diziam-me que inventasse uma desculpa qualquer (do género, o leite não subiu), o que sempre me pareceu parvo. A ideia é quebrar barreiras e preconceitos, ajudar as mulheres nas suas escolhas, e esconder a verdade não me parece a melhor forma de o fazer. É por causa disto, por uma mulher não assumir abertamente que não dá de mamar porque não quer, que depois há quem se sinta no direito de fazer julgamentos e dizer parvoíces.
Mas pronto, adiante. Eu dizia que não ia dar de mamar, mas uma coisa é aquilo que se diz e aquilo que se projecta. Outra é estarmos perante as situações. E foi isso que me aconteceu assim que soube que o Mateus ia nascer naquele dia, com 34 semanas e alguns dias. Nem pensei. O simples facto de o saber prematuro fez com que, em segundos, tenha decidido que ia dar de mamar. Achei que necessitaria de mais defesas do que as normais, e se dizem que amamentar lhe poderia dar essas defesas, então vamos embora, é que nem se fala mais nisso. Todos os meus receios caíram por terra logo ali. Se era o melhor para ele, então isso é que era importante. E assim foi. Muito pouco tempo depois de ter nascido, o Mateus já estava a mamar. Com esforço, a cansar-se muito, sempre a adormecer, com os reflexos de sucção muito imaturos e a precisar de tomar suplemento logo a seguir. Teria de ser sempre assim, alimentado a mama e a biberão por ser prematuro e precisar de comer o suficiente. Da minha parte, gostei bastante da experiência, de o ter ali pertinho. Não doeu nada, não achei incómodo, não me fez confusão nenhuma. Gostei mesmo de ter estabelecido aquele primeiro contacto com ele. Mas depois foi ficando mais complicado. Apesar de o colostro até sair com alguma facilidade, o miúdo levava uma vida para conseguir mamar. Era um bocadinho desesperante para ele, o que me deixava preocupada, porque se perdesse peso não o deixavam sair. E se havia enfermeiras ultra pacientes e que não desistiam enquanto ele não mamasse, outras havia (só uma, na verdade) que não tinham a mínima pachorra para estar ali a estimulá-lo e iam logo buscar o suplemento. E, claro, era uma alegria vê-lo a despachar o biberão em poucos minutos, todo contente da vida, e saber que ficava bem e satisfeito.
Foi assim que, ao terceiro dia, decidi deixá-lo exclusivamente a biberão. Começava a aproximar-se a vinda para casa e eu tinha medo que, sem apoio, a amamentação se tornasse muito desesperante. Tinha medo que ele passasse fome, que ficasse ainda mais frágil, que tivesse de voltar para o hospital, e essa ideia estava a consumir-me. Por isso, e depois de me ter informado com algumas pessoas (no hospital também foram super acessíveis), decidi interromper a produção de leite. Já lhe tinha dado de mamar naqueles primeiros dias, os mais fulcrais, e isso tranquilizou-me um bocadinho. Mas quando me trouxeram o comprimido para parar o leite, não o tomei de ânimo leve. Fiquei ali um bom bocado a ganhar coragem, porque é sempre aquela dúvida do “será que estou mesmo a fazer o mais correcto para ele?”. Agora já não penso nisso. Sinto-me bem, e acho que para o Mateus isso também é importante. Mãe feliz, bebé feliz. Se eu andasse ali desesperada e consumida por não lhe conseguir dar de mamar tenho a certeza que isso teria efeitos bem mais negativos nele. Agora vejo-o todo contente a despachar o seu biberão a cada três horas e sinto-me bastante tranquila com a decisão. Mas até acredito que numa futura gravidez, se correr tudo bem e tiver um bebé de termo, considerarei a amamentação exclusiva e a longo prazo. Quem sabe? De facto, as coisas mudam.
A parte mais chata do processo foi ter de passar pela subida do leite, mesmo tendo tomado a medicação. De repente (mas assim de um momento para o outro, super rápido), o meu peito triplicou (mal conseguia fechar os braços), ficou a ferver, duríssimo e só de ter a camisa de dormir em cima já fazia doer. Foi uma noite tramada. Ajudaram-me muito os conselhos da enfermeira Luísa, do Espaço Cegonha, que teve uma paciência de santa para estar ali a trocar mensagens comigo durante a noite. E as aplicações de gelo sabiam-me a pato, um verdadeiro alívio. No dia seguinte o peito já estava muito melhor e as dores passaram. Ufaaaaa!
Moral da história: não vale a pena fazer grandes planos nem achar que as nossas decisões são irrevogáveis como as do Paulo Portas, porque percebi que há coisas que só se decidem na hora, quando confrontados com os factos. Acho, sim, que temos de ser mais tolerantes com as escolhas alheias porque, lá está, são alheias e não há verdades universais. Mamar, biberão, whatever. Eu quero é um bebé feliz e saudável e acredito que é nisso que cada mãe tem de se focar.
Na altura da gravidez, quando eu andava entusiasmada com as compras para o miúdo, ouvi para aí 351 mil vezes: "tu não lhe compres muita roupa para os primeiros tempos, olha que deixa de servir num instante, olha que há muita roupa que ele nem sequer vai usar, e mimimimimi". Moral da história, não comprei quase nada de tamanhos pequenos e, como se não bastasse, nasceu-me um prematuro. TODA a roupa que ele tem fica-lhe a boiar, cabem dois Mateus lá dentro. Por isso, ainda estava na maternidade quando imcumbi o homem de uma missão ultra especial: ir à Chicco e trazer o que houvesse no tamanho mais pequenino, 44 centímetros. Quase nenhuma loja tem este tamanho (regra geral começam todas nos 50 centímetros), por isso sabia que na Chicco me ia safar. Mas, claro, uma coisa é ser eu a escolher, outra é ser o homem. E eu até confio no gosto dele mas... mãe é mãe. Fiz-lhe o briefing muito bem feito: peças simples, fáceis de vestir e sem graaaaaandes bonecadas. Ele deu o seu melhor e tudo o que trouxe era giro (e, melhor ainda, estava com megaaaa saldos). Ainda assim, e tendo em conta a quantidade de vezes que o miúdo troca de roupa, já estou quase a zeros outra vez. Já está uma máquina de roupa prontinha a sair, mas é bom que ele comece a crescer depressinha para o poder enfiar nos trajes que tem cá em casa. Ontem tivemos consulta com ele no Hospital da Luz e aproveitámos para dar um salto super rápido ao Colombo e lhe comprar mais umas coisinhas. E foi aí que eu percebi que sou mãe: passei lá meia hora e nem uma espreitadela aos saldos da Zara.
Nesta coisa da maternidade já percebi que isto gira muito em torno da teoria "tentativa-erro". Quando não se tem muita experiência (ou mesmo nenhuma), e quando ainda não se conhece muito bem o bebé que nos calhou, vai-se tentando. Umas vezes acerta-se, outras não, mas o instinto também ajuda muito. Um dos meus maiores medos, como aqui partilhei em tempos, era não fazer a mínima ideia de como tratar de um bebé. Nunca tinha mudado uma fralda na vida e nunca tive bebés ao meu redor para ir pegando e praticando. Mas depois nasceu o Mateus e, ao fim de apenas uma semana, parece que nunca fiz outra coisinha na vida. Não tenho medo de lhe pegar ou de o partir (quer dizer, tenho, mas já percebi que eles não são assim tão frágeis) e mudar fraldas tornou-se algo tão natural como a sua sede. E, estranhamente, apesar de ser um processo que envolve cocó, é uma coisa que se faz com alegria (apesar de ele berrar como se não houvesse um amanhã). Dar colo, limpar, vestir e alimentar é, sem dúvida, a parte mais fácil e mecânica. Mas depois há coisas mais complexas, como o sono. Ainda esta semana vou deixar aqui algumas das dicas que a Constança, do Espaço Cegonha, partilhou connosco e que eu acho que são mesmo muito interessantes. Tal como o meu homem escreveu no texto abaixo (ora seja bem-vindo), estávamos a fazer algumas coisas mal no que ao sono diz respeito. Ou menos bem. Nas minhas teorias sobre filhos, sempre defendi que a cama dos pais é a cama dos pais, e que os bebés dormem nos berços ou nas suas próprias camas. É um bocado aquilo que se vai ouvindo e que nos vão incutindo. "Cuidado com o excesso de colo". "Cuidado para não criares um monstro". "Não o habitues mal". "Olha que se não fizeres assim logo de início nunca mais tens mão nele". E uma pessoa vai ficando com isto na cabeça e, quando o bebé nasce, essas ideias vêm ao de cima. Acho que não nos podemos queixar. Temos um puto calmo, de dia mal se dá por ele e só à noite rabuja um bocadinho. De dia vai dormindo no berço, vai dormindo na alcofa, vai dormindo ao nosso colo, vai dormindo na nossa cama (ainda hoje fizemos uma sesta bem boa, só os dois). À noite também se aguenta, mas só até o acordarmos para comer e mudar a fralda (temos de o acordar obrigatoriamente a cada três horas). Tiramo-lo do berço, levamo-lo para o quarto dele, e o problema é depois, para voltar. Depois de ter tido colo já não acha muita graça a voltar para o berço. Na maternidade era mais fácil. Tirava-o do berço, dava-lhe de mamar e, muitas vezes, deixava-o ficar uma ou duas horas a dormir comigo, antes de o devolver ao berço. Nem pensava muito no caso. Ficava mais tranquila por o ter ali ao meu lado, e tranquilidade é tudo o que se precisa nessas primeiras noites em que uma pessoa fica sozinha com um bebé nos braços e com os seus pensamentos (nem sempre muito cor-de-rosa). Pensava "quando formos para casa logo lhe impomos disciplina para dormir". E assim foi. Mas, como dizia, corre tudo muito bem até termos de o tirar do berço a primeira vez, geralmente por volta das três da manhã. Quando o voltamos a pôr lá começa a choraminguice. Tentámos resistir a tirá-lo, deixá-lo acalmar-se sozinho até adormecer de novo, mas depois ninguém dormia. Ele não dormia por se sentir infeliz, e eu a mesma coisa. A cada barulhinho dele lá estava eu o o pai a saltar da cama para ver se estava tudo bem, se não se estava a engasgar ou a sufocar. E pronto, perante este stress decidimos levá-lo para a cama e deixá-lo acalmar-se perto de nós. E, claro, lá vieram os problemas de consciência. Que talvez estivesse a fazer mal, que talvez estivesse a mimá-lo em excesso, que talvez nunca mais o conseguisse pôr a dormir sozinho... enfim. Decisões, decisões! Até que a Constança veio cá a casa e nos tranquilizou. Como qualquer bebé, e sobretudo sendo prematuro, o Mateus está a adaptar-se ao mundo cá fora. Saiu da minha barriga, onde estava sempre bem e feliz, e foi largado às feras. E é à noite que ele sente mais isso: sozinho no berço, com tudo escuro, em silêncio, a esticar os braços e a não sentir nada à volta. Não deve ser fácil. Por isso, o colo foi autorizado, o mimo foi autorizado, umas horinhas (ou a noite toda) na nossa cama são autorizadas. Mas, tal como eu comecei por dizer, acredito que isto é tudo uma questão de tentativa-erro. Por isso, a noite passada, fiz uma experiência. Em vez de o devolver logo ao berço depois de comer, ainda meio acordado, fiquei com ele ao colo no quarto dele, à espera que adormecesse. Liguei-lhe a Lâmpada Mágica, da Chicco, com o som do bater do coração, e ali ficámos. Ao fim de uns minutos, quando percebi que estava a dormir, levei-o pé ante pé até ao berço, e lá o deixei, juntamente com a lâmpada. Acho que a conjugação de factores ajudou, aguentou-se uma hora e tal até despertar e começar a choramingar. Acredito que se ficasse só ali ao lado dele, a dar-lhe a mão, ele voltaria a adormecer, mas a minha condição física ainda não me deixa ficar muito tempo debruçada sobre um berço. E, confesso, estava mortinha por o levar para a cama e o encher de mimo até adormecer. Hoje farei uma nova tentativa, a ver como corre. Basicamente, não estamos a stressar muito com este assunto. Queremos mesmo é andar todos felizes e contentes. Nós e ele. Daqui a dois meses, quando ele já estiver mais ambientado ao mundo, logo começamos a pôr em prática a disciplina do sono, com a ajuda da Constança.
Tal como o meu homem disse, o facto de estarmos os dois totalmente disponíveis para o miúdo e de nos revezarmos em tudo, torna a coisa muito mais fácil. "Trabalhamos" por turnos e assim conseguimos os dois descansar. Já houve noites em que eu o vi mais cansado e trocámos o turno, e o contrário também acontece. Já decidimos que um dia destes, se nos sentirmos verdadeiramente esgotados, vamos instituir a "Mateu's free night", uma noite em que um de nós vai para o quarto de hóspedes com o berço do miúdo e o outro pode dormir a noite inteirinha. Cheira-me que quando for a minha noite de dormir vou passar o tempo todo a ir lá perguntar se não precisam de uma ajudinha. Eu lá me aguento oito horas sem pôr os olhos e as mãos em cima deste miúdo!
Ontem diverti-me um bom bocado com um daqueles comentários de uma pessoa tão ridícula que só nos faz rir. Na página de Facebook da Pipoca, uma senhora comentava, de forma furiosa, o facto de a minha mulher ter tido uma criança e, ainda assim, estar no Facebook a comentar o nascimento do bebé de Kate e William. Ou seja, para aquela senhora, o facto de uma mulher ter tido uma criança há uma semana deve inibi-la de poder ter qualquer tipo de vida, de ver televisão, ler revistas ou jornais ou ir à internet. Enfim, gente triste que todos nós conhecemos. Mas serve isto para introduzir este tema, que é, precisamente, o do tempo.
Escrevi aqui há tempos um post em que falava dos tempos agitados que se seguem ao nascimento de um primeiro filho, em que andamos meio às aranhas sem saber muito bem como fazer tudo, a aprender com a experiência, com a prática. Esta era uma das maiores preocupações da minha mulher, coisa que tentei sempre desmistificar, até porque eu iria estar em casa, e como já tenho um filho, já passei por isso, e sei fazer tudo com relativa facilidade. O tempo está a dar-me razão: os primeiros dias do Mateus em casa têm sido absolutamente tranquilos, sem stresses, sem pânicos, e o tempo sobra-nos. Temo-nos revezado nos biberãos e nas mudanças de fralda, temos feito turnos à noite para que um de nós possa dormir tranquilamente, e, assim, damos por nós durante o dia sem nada para fazer, com todo o tempo do mundo para mimar o bebé e aproveitar ao máximo esta fase da vida.
Felizmente, o Mateus é um miúdo calmo, e ainda não chegou à fase crítica das cólicas (espero bem que não venha a chegar), o que facilita muito a coisa. Também ainda é cedo para começarmos a introduzir conceitos como o da diferenciação entre o dia e a noite ou a habituação aos sonos exclusivamente no berço. Ontem, tivemos cá em casa a Constança, do Espaço Cegonha, especialista em sono infantil, que nos deu uma série de dicas e orientações sobre as melhores práticas para que o bebé continue calmo. Hoje já experimentei algumas e, de facto, resultam. Um dos erros que nós já estávamos a cometer era o de não adormecer com o Mateus na nossa cama - impunhamos sempre o berço - para que ele não crie esse hábito, e se torne manhoso. Segundo a Constança, essa fase só acontece a partir das oito semanas. Como o bebé é prematuro, o mais importante é conseguir que ele ultrapasse esta fase de transição barriga da mãe-mundo real da forma menos traumática e mais pacífica possível, por isso, se tivermos que o acalmar em cima do nosso peito podemos fazê-lo sem problema, se tivermos de dormir com ele na nossa cama também não há problema. Cheira-me que o drama maior vai ser o inverso: convencer a mãe a deixar de dormir ao lado do bebé quando ele tiver oito semanas. É que a julgar pelo que tenho visto, a manhosa é ela, e não ele.
Em primeiro lugar, peço desculpa pela ausência mas, ah, e tal, tive um bebé. Já expliquei mais ou menos aqui como é que a coisa se deu, mas prometo falar mais detalhadamente de alguns assuntos, como a cesariana, a amamentação VS. biberão ou o baby blues. Lá chegaremos. Para já, para já, só mesmo dizer que AMO o Mateus de paixão, que tenho vontade de o engolir para ficar só para mim, que em seis dias me tornei numa babada lamechas do pior (eu bem que avisei que uma pessoa nunca sabe no que é que se vai transformar depois de ser mãe) e que já não consigo imaginar a minha existência sem estes dois quilos de gente que faz barulhinhos, espirra, tem soluços e todo um conjunto de coisas a que, obviamente, só eu é que acho graça.