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AveNTuras da Mamã #19

por A Pipoca Mais Doce, em 30.10.13

Chucha para que te quero

 

 A mais recente tendência do Mateus é enfiar as mãos na boca. Passa a vida naquilo. E não é enfiar só um bocadinho, assim discretamente, é mesmo a mão toda, parece que a quer engolir. Na minha inocência, perguntei ao pediatra se poderiam ser já os dentes. Está certo que teria de ser um miúdo extremamente precoce para ter dentes a nascerem aos três meses, mas nunca se sabe. Sossegou-me e disse que não, que tinha só a ver com o facto de o Mateus ter descoberto as mãos, esses elementos absolutamente estranhos e que, até à data, ele não tinha a mínima ideia que faziam parte do corpo dele. Agora já faz, daí estar sempre a lambuzá-las. A minha nova guerra é andar sempre a tirar-lhe a mão da boca e a substituí-la pela chucha. Quando ouço barulhos mais fortes já sei que é ele a chuchar na mão e lá vou eu de chucha em riste. Umas vezes resulta, outras cospe a chucha ao fim de quatro segundos e volta a entreter-se com a mão. Já lhe tentei explicar, de forma pedagógica e paciente, que as mãos não são para comer, que são algo que lhe vai dar muito jeito pela vida fora, mas ele não quer saber. E depois lá anda todo babado. Se há coisa que não falta nesta casa são chuchas. Há sempre umas quantas no berço, outras na alcofa, outras na mala dele, outras na minha mala, outras na cozinha, outras na sala, outras no muda-fraldas, outras espalhadas pelos mais variados cantos. Abre-se uma gaveta e salta de lá uma chucha. Já aqui vos tinha falado das chuchas nocturnas da AVENT, cujas argolas brilham no escuro, mas há mais oferta no que toca a este acessório tão indispensável à sobrevivência dos nossos rebentos. Por exemplo, as Standard ou as Freeflow (com orifícios de ventilação para menor irritação da pele, o que é óptimo para evitar que andem cheios de borbulhinhas). As chupetas ortodônticas sem Bisphenol A (BPA) da Philips AVENT são adequadas a todas as etapas de desenvolvimento do bebé. Para mim, a melhor parte destas chuchas é o facto de terem a tetina colapsável e simétrica, que se adapta perfeitamente aos dentes e às gengivas, garantindo o desenvolvimento natural do palato. Ou seja, é indiferente a posição em que a chucha é colocada na boca, encaixa sempre, não é preciso estar ali a ver se está para cima ou para baixo nem dizer à tia avó “olhe que está a pôr mal a chucha ao menino”. Para além disso, todas elas são em silicone, não têm sabor nem cheiro e estão livres de BPA. Eu sei que há crianças particularmente esquisitinhas com as chuchas, que só toleram determinado modelo ou determinado material. O Mateus sempre usou as da AVENT, por isso está habituado.




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publicado às 15:35

Lisbon Kids Market

por A Pipoca Mais Doce, em 27.10.13

Hoje, ao fim da manhã, a família rumou ao Pestana Palace para mais um Lisbon Kids Market. Por ser quase hora de almoço estava relativamente tranquilo, sem grandes confusões. Trouxe coisas muito fofinhas para o Mateus e aproveitei para despachar já alguns presentes de Natal. Gosto destes eventos, com uma data de marcas giras reunidas. Continuo a achar que estes eventos são incompatíveis com carrinhos de bebé, que empancam a circulação. Optámos por levar o Mati no marsúpio e foi para cima de espectacular, adormeceu e tudo, uma beleza. Depois, acho também que há pouca oferta para menino. As marcas deviam estar mais atentas a este mercado, o que não falta por aí são mães com vontade de investir em roupa fofinha para os seus rebentos. Ficam as novas aquisições:

 

Fato Mariazinha

 

Macacão Pó-de-Talco

 

Fofo Coobie
Sapatos Coobie

 

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publicado às 22:29

Livros

por A Pipoca Mais Doce, em 24.10.13

Como presente pelos três meses do Mateus, comprei-lhe mais um livrinho. Macacos me mordam se este miúdo não vai adorar ler tudo e mais alguma coisa, até folhetos do LIDL. Ainda lhe só comprei dois e tenho mais dois ou três que lhe deram, mas estou apostada em fazer-lhe uma biblioteca bem catita. Nos que eu lhe compro escrevo sempre uma dedicatória, para que ele um dia não se lembre de vender os livros todos ou de os atirar para o lixo. Bem, se calhar nem a dedicatória os salvaguarda, mas tenho esperança que ele não seja assim tão insensível. Bonito, bonito era que ele guardasse os livrinhos todos para um dia ler aos filhos dele, mas pronto, se calhar já é pedir demais.

 

Este já é o segundo livro do Planeta Tangerina que o Mateus tem na estante. O primeiro, Coração de Mãe (que é lindo, lindo, lindo) foi-me oferecido pela madrinha dele. Adoro as histórias e as ilustrações, são mesmo bonitos os livros.

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publicado às 11:38

AVENTuras da Mamã #18

por A Pipoca Mais Doce, em 21.10.13

O regresso ao exercício

 



Depois de uma gravidez é normal que se leve algum tempo a voltar à forma. Há quem não tenha tempo para voltar ao ginásio, há quem não tenha dinheiro (se bem que há cada vez mais opções económicas, como correr na rua), há quem não tenha tempo nem dinheiro e há, simplesmente, quem não queira saber. Algumas mulheres sentem-se tão preenchidas com o nascimento de um filho que descuram todos os outros aspectos da sua vida. Forma física incluída. Era deste último grupo que eu não queria fazer parte. Não sabia se iria ou não ter tempo para fazer exercício, mas à medida que a gravidez ia avançando eu sabia que, assim que pudesse, ia tentar voltar à forma. Tinha medo de me desleixar, de usar a desculpa “filho” para não tentar dar cabo dos quilos a mais e de várias outras coisas menos simpáticas que a gravidez nos deixa. Já me estava a ver daqui a uns tempos a dizer que estava mais gorda por ter tido um bebé. Há 18 anos.


Quando se gosta de exercício é mais fácil. Quando se faz por obrigação - como é o meu caso - é necessário um esforço extra. Claro que se lhe vai apanhando o gosto, sobretudo se formos vendo resultados, mas nunca é o mesmo prazer. Lembro-me que a última vez que tinha feito alguma coisa foi na Corrida de São Silvestre, em Dezembro do ano passado. Durante a gravidez não fiz nada, não mexi uma palhinha. Primeiro, porque não tinha vontade nenhuma (um disparate, eu sei, pelo menos umas caminhadas fazem sempre bem). Depois, porque para aí aos quatro ou cinco meses a médica avisou-me que tinha o colo do útero curto e não me queria nem muito tempo de pé nem muito tempo a andar. Quanto mais tempo pudesse passar deitadinha, melhor para a criança. Foi música para os meus ouvidos, a desculpa perfeita para não fazer exercício nenhum. Mesmo assim, andei sempre de um lado para o outro até ao fim da gravidez.


Depois de o Mateus nascer tive de esperar dez semanas, por ter feito uma cesariana, mas aí já tinha vontade de voltar a mexer-me. Vontade, vontade não, também não exageremos, mas sentia que estava a precisar. Não estava muito contente com os quilos a mais nem com a lei da gravidade, por isso queria voltar ao ginásio e à corrida. E assim foi. Assim que a médica me deu luz verde, voltei. Sem grandes pressas nem pressões. Estou a retomar as corridas aos poucos, tenho um plano de treinos no ginásio, e lentamente a coisa vai. Como em tudo o resto, também as corridas e as idas ao ginásio são divididas. O homem vai de manhã, eu vou ao fim da tarde. Se um corre em casa, o outro fica com o Mateus. Se um vai correr para a rua, a mesma coisa. E quando queremos ir juntos a corridas, o Mateus fica com os avós/tios um bocadinho (até agora só fomos a uma, este fim-de-semana era suposto termos ido a outra, mas o Mateus estava tão birrento que optei por ficar em casa a dar-lhe mimo). Lá está, tendo apoio é muito mais fácil, sem dúvida, mas acho que também é preciso ter alguma força de vontade para se encaixar o exercício na nossa vida. É muito mais fácil ficar em casa a um domingo  à tarde, enfiada na cama, a comer chocolates e a ver televisão. Era o que me apetecia ter feito ontem, mas obriguei-me e lá fui eu para a beira rio correr 6 quilómetros. Fui contrariada, mas voltei contente por ter cumprido o meu objectivo e por ter superado os planos iniciais de correr 5 quilómetros.

 

Sou totalmente contra a pressão que se impõe às mulheres para que voltem à forma depois de terem sido mães. Acho que cada uma tem o seu timing, cada uma tem os seus objectivos. Eu sempre soube que ia querer recuperar a forma (sobretudo se ganhasse muitos quilos com a gravidez), mas isso sou eu. Percebo perfeitamente que haja quem não esteja para aí virada. Cada mãe sabe de si. Um bebé é muito absorvente, ocupa imenso tempo e atenção, nem sempre é fácil conseguir desligar ou ter vontade para o fazer.  Pessoalmente, acho que é bom para o corpo e para a nossa sanidade mental, estar ali uma hora sem pensar em nada. Volta-se com outro ânimo, com saudades boas, com as energias e a paciência repostas. Só vantagens!


Há muita coisa que se pode fazer depois da gravidez, desde ginástica pós-parto, com exercícios específicos, a corridas, natação e várias outras modalidades. É importante que confiarmem com a vossa médica se já podem voltar ao desporto e quais as actividades mais indicadas. Acho também importante fazer um teste de condição física, porque depois de tantos meses paradas convém saber o que é que o nosso corpo aguenta e em que estado estamos.


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publicado às 18:47

Sapatinhos Chicco

por A Pipoca Mais Doce, em 20.10.13

E, aos três meses, o Mateus calçou uns sapatinhos pela primeira vez. Falei deles aqui, há alguns meses, achando eu que só serviriam lá para o Natal. Fui experimentar e... estavam óptimos! E ficou tão, tão, tão fofinho, foi um sucesso. Está certo que ainda está longe de andar, mas pronto, para já servem só mesmo para ficar (ainda mais) querido. Como odeia estar tapado, achei que ia passar o tempo todo a tentar arrancar os sapatos, mas não, nenhuma queixa, habitou-se bem. E passei o dia a cantar a música dos sapatinhos Chicco à conta disto. Infelizmente, acho que não lhe vão servir por muito mais tempo, por isso vou já começar a procurar os próximos. 

 

 

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publicado às 23:08

AVENTuras da Mamã #17

por A Pipoca Mais Doce, em 16.10.13



Tralha e mais tralha


Sair de casa para ir a qualquer lado ganhou todo um novo significado desde que o Mateus nasceu. Antes já não era muito fácil, com tudo o que tinha de enfiar dentro da minha mala: agenda, carteira, água, iogurtes, sabrinas, escova, canetas, bloco de notas, baton, pastilhas, livros, revistas, iPad e sei lá eu mais o quê. Ainda assim, um exercício fácil se comparado com aquilo que é preciso levar para  o Mateus. A malinha dele está quase sempre pronta, para facilitar o processo: fraldas, resguardos, toalhitas, mudas de roupa, bolsinha com tralhas várias (Aero-OM, remédio para as cólicas, cremes, desinfectante de mãos, chuchas e mais chuchas), sling (o truque milagroso para o calar nas horas críticas) e bolsa de documentos. Depois é preciso juntar sempre os biberões, o doseador de leite em pó (o da Avent é maravilhoso, dá para três doses) e o chá para as cólicas. Este é o “kit básico” que vai connosco cada vez que saímos de casa. Sempre que voltamos tento repor o que está em falta, porque já aconteceu pegarmos no saco, irmos à nossa vida e não repararmos que faltava uma coisa tão elementar como... fraldas. Ou toalhitas. Enfim, vivendo e aprendendo. É muita coisa, mas como o saco está sempre mais ou menos pronto até nem nos podemos queixar. Pior, pior é quando vamos passar a noite fora. Aí já é preciso levar mais tralha. Mais fraldas, mais mudas de roupa (e estará frio? Estará calor? Será que se vai sujar muitas vezes?), a toalha e os produtos de banho, os cremes e o perfume, a escova, o termómetro (nunca se sabe), os saquinhos esterilizadores para microondas, água engarrafada, latas de leite e várias outras coisas que agora não me estou a lembrar. Como é que um ser tão pequenino precisa de tanta coisa? Ah, e para já ainda dorme na alcofa quando vamos para qualquer lado, mas daqui a um ou dois meses já vai ser preciso levar o berço de viagem. Sempre que saímos para uma ou duas noites juntamos tanta coisa que parece que vamos por quinze dias. Não quero imaginar quando chegarem as férias, temo que um só carro não seja suficiente só para a tralha do miúdo. Sim, porque até lá ele há-de precisar de mais coisas. Daqui a um mês, se tudo correr bem, entramos na fase das papas e sopas, e aí a logística muda novamente. Como sempre, a Philips AVENT dá uma ajuda e facilita-nos a vida. Por exemplo, com os copos de armazenamento de alimentos,  ideais para viagem, já que a tampa em rosca garante que não há acidentes e papa espalhada por todo o lado. Para além disso, podem ir ao microondas, ao frigorífico e ao congelador, podem ser lavados na máquina, e é possível escrever neles para saber sempre o que têm dentro ou quando foi feito (só para não haver enganos). Confesso que não estou muito ansiosa por essa parte. Com o leite é fácil, esganado de fome como está sempre despacha um biberão em menos de nada, sem grande espalhafato e sem grandes desastres (bom, de vez em quando temos leite cuspido para o ar, tipo fonte, mas tudo bem). Mas com a sopa... ui, com a sopa desconfio que vai ser outra conversa. Confesso que olho para o papel de parede da minha cozinha com um misto de temor e de saudade. Estou, claramente, a aproveitar os últimos tempos,  enquanto ele está assim lindo e sem manchas. Depois... depois vai ser a desgraça!


Conjunto gourmet
O doseador de leite espectacular!




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publicado às 23:15

Lisbon (e Oporto) Kids Market

por A Pipoca Mais Doce, em 14.10.13

 

E está quase aí mais uma edição do Lisbon Kids Market. A última vez que fui, penso que em Abril, estava grávida de pequeno Mateus e andei a comprar coisas um bocadinho ao calhas. Agora, meio ano depois, o texugo já cá está fora e prontinho para ir ramboiar até às Cavalariças do Pestana Palace, já nos dias 26 e 27 de Outubro. Uma vez mais, este vai ser um evento para toda a família. É que para além das compras propriamente ditas, com dezenas de marcas infantis maravilhosas (de roupa, decoração ou acessórios), não faltam os desfiles e actividades para a pequenada se entreter.

 

Este ano, o Kids Market vem em dose dupla, já que terá lugar também no Porto (dias 19 e 20 Outubro no Palacete Pinto Leite)! Tanto o evento de Lisboa como o do Porto têm ainda uma importante componente social, já que a  totalidade do valor doado na entrada dos eventos, irá reverter para as duas associações: Liga dos Amigos das Crianças e Famílias RAINHA MARIA PIA (Oporto Kids Market) e Corações com Coroa (Lisbon Kids Market). 

 

Encontramo-nos por lá?

 

 

Informações: 

Oporto Kids Market

Data: 19 e 20 de Outubro de 2013

Local: Palacete Pinto Leite, Rua da Maternidade, Porto

Horário: Sábado - 10h00 - 20h00; Domingo - 10h00 às 18h00 

 

Lisbon Kids Market

Data: 26 e 27 de Outubro de 2013

Local: Cavalariças do Hotel Pestana Palace, Ajuda, Lisboa 

Horário: Sábado - 10h00 - 20h00; Domingo - 10h00 às 18h00 

 

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publicado às 16:27

Mateus report

por A Pipoca Mais Doce, em 10.10.13

De um momento para o outro o Mateus começou a rir, a rir muito. Antes tinha assim uns esgares, mas agora ri-se quando lhe fazemos cócegas no queixo e no pescoço, ri-se quando nos vê, ri-se quando lhe fazemos vozinhas parvas, ri-se de cada vez que eu lhe mudo a fralda e lhe canto uma canção inventada no momento, passa a vida a rir-se e nós ficamos absolutamente deslumbrados.

 

O Mateus já dorme melhor e já tem noites, várias, em que dorme seis ou sete horas seguidas.

 

O Mateus odeia estar tapado. Acho que é a coisa que mais odeia no mundo. Se lhe pomos uma manta em cima fica ali em fúria a lutar até conseguir pôr os pés de fora.

 

O Mateus já recuperou o peso todo, quem olha para ele já não diz que nasceu prematuro. Está gordinho, bochechudo, um amor.

 

O Mateus é tratado por texuguinho, pequena panqueca, pinguim bebé, monstrinho, gorducho, fofíssimo, "coisa linda da sua mãe", paixão, amor da vida.

 

Com a chegada do Outono o Mateus começou a usar roupa mais quentinha e fica a coisa mais querida do mundo nos seus babygrow com orelhas que lhe comprei há tanto tempo, a imaginar como ia ficar dentro deles.

 

O Mateus já quer mais atenção durante o dia, já passa mais tempo acordado, já quer conversa.

 

O Mateus adora quando o enfio na nossa cama e fico ali só a olhar para ele, a pensar como raio é que este ser maravilhoso saiu de uma barriga (a minha), e a enchê-lo de beijos por todo o lado.

 

O Mateus continua a adorar o banho. Berra para entrar e para sair, mas enquanto está lá dentro é uma maravilha.

 

O Mateus perde a chucha mil vezes e chora mil vezes para que lha voltemos a dar.

 

O Mateus tem um peluche melhor amigo que anda sempre com ele. 

 

O Mateus parece ter um relógio dentro dele que faz com que, a cada três horas (certinhas, certinhas) manifeste sinais de fome.

 

O Mateus tem umas pestanas enormes e uns olhos sempre muito atentos.

 

O Mateus cheira tão bem que me apetece engoli-lo.

 

O Mateus devora biberons como se o mundo fosse acabar.

 

O Mateus está a crescer muito depressa e eu já tenho saudades das primeiras semanas.

 

O Mateus está muito desenvolvido para a idade (mentira, esta era só para gozar).

 

O Mateus é a paixão da minha vida e se algum dia me dissessem que eu ainda ia gostar assim tanto de alguém eu ria-me muito e dizia "deve ser, deve".

 

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publicado às 23:57

De volta à preservação das células

por A Pipoca Mais Doce, em 08.10.13

No início de Junho falei aqui sobre a questão da preservação das células estaminais. Na altura ainda não tínhamos decidido se íamos fazer ou não e eu queria ouvir mais opiniões sobre o assunto. Recebi comentários de todos os géneros: há quem ache útil, há quem ache inútil, há quem não tenha grandes certezas sobre o assunto, há quem faça por ser uma espécie de seguro, há quem não faça por ter receio de estar a atrair coisas más... enfim, há opiniões para todos os gostos. No final, e depois de lermos muito e de falarmos com muitas pessoas, de várias áreas, optámos por fazer a preservação das células do sangue e do tecido do cordão umbilical do Mateus. Está feito, está feito. As células estão lá guardadinhas e espero nunca mais ter de vir a pensar no assunto. Sondámos as várias empresas disponíveis no mercado e optámos pela Crioestaminal, por ser a mais antiga a fazer recolha de células e por nos parecer bastante segura e fiável. Mas, claro, fiz 867 mil perguntas antes de avançar com o processo. Na verdade, fui ler todos os comentários que aqui me deixaram, fiz um compêndio de todas as dúvidas, e enviei uma listagem imensa de perguntas (22, para ser mais precisa). A rapidez e seriedade com que nos responderam fizeram com que decidíssemos mesmo avançar. E porque sei que há muita, muita gente com as mesmas dúvidas que eu tinha, partilho aqui algumas das respostas que podem ser importantes no processo de decisão. Peço-vos um pouco de paciência, que o texto é longo, mas parece-me bastante elucidativo:

  

1- Porquê doar a um banco privado e não a um banco público? Quais as grandes vantagens?


Bancos públicos e familiares (privados) podem existir conjuntamente sendo mesmo complementares, como tem sido demonstrado em vários países onde ambos coexistem, inclusive dentro da mesma estrutura, respondendo a necessidades diferentes. Nos bancos familiares são armazenadas amostras de sangue do cordão umbilical (SCU) para uso no próprio (utilização autóloga) ou em familiares compatíveis (utilização alogénica relacionada), enquanto nos bancos públicos são guardadas amostras de SCU, doadas pelos pais, para serem utilizadas em transplantes alogénicos (nos quais o dador das células é diferente do receptor).  A opção entre um transplante autólogo ou alogénico depende da doença. Em casos como deficiências medulares e tumores sólidos, faz se recurso às células estaminais do próprio paciente, sempre que possível, porque as amostras são 100% compatíveis e não existe risco de rejeição. Em situações de leucemias ou doenças metabólicas opta-se pela utilização de células de um dador, preferivelmente de um dador compatível no seio familiar, pois aumenta a probabilidade de sucesso do transplante. Nos bancos familiares grande parte das amostras libertadas é para utilização entre irmãos, pois é entre irmãos que é mais fácil encontrar um dador com a compatibilidade necessária para um transplante. Entre irmãos, a probabilidade de compatibilidade total é de 25%. Caso o doente não tenha acesso a uma amostra de um familiar, este poderá recorrer a um banco público. É justamente por esta razão que os bancos são complementares, podem ser usados em situação diferentes para quais isolados não teriam capacidade de resposta. Nos bancos públicos, as amostras de SCU não ficam reservadas nem para a criança, nem para a sua família e destinam-se a ser usadas em quem quer que delas necessite. Neste caso, a família não terá conhecimento do fim dado à amostra que doou. Ao doar a amostra de SCU, os pais renunciam a todos os direitos sobre as células e concordam com a sua disponibilização para qualquer pessoa. 

2- Existe algum banco público a funcionar em Portugal actualmente?

Existe, mas a recolha é feita apenas no Hospital de São João, no Porto, pelo que esta opção está disponível apenas para as mães que, durante a gravidez, estejam a ser seguidas aí. As últimas notícias publicadas sobre o banco público podem ser lidas aqui
3-  É verdade que no banco público a triagem das células é mais apurada e que no banco privado são aceites todas as células, independentemente da quantidade ou qualidade?
É verdade que a triagem é mais apurada nos bancos públicos, no entanto isso tem duas razões específicas:
    1. Os bancos públicos guardam só um número limitado de amostras. Assim sendo, optam por guardar as amostras de maior qualidade, por exemplo, com o maior número de células, provenientes de pais com uma boa história clínica e sem contaminações;
    2. Existem algumas situações, por exemplo dadores com história clínica e familiar de doença autoimune, em que a amostra nunca poderá ser utilizada para transplantes alogénicos não relacionados. No entanto, no caso de transplantes autólogos ou alogénicos familiares essa história clínica não tem impacto nos transplantes.

      Assim sendo, a diferença dos critérios de selecção são perfeitamente normais e têm uma explicação tecnico-científica fundamentada. As entidades internacionais que definem requisitos em matéria de qualidade e segurança de amostras de sangue do cordão umbilical criopreservadas, prevêem já requisitos diferentes consoante o objetivo da criopreservação seja para uso alogénico não relacionado ou para uso autólogo ou alogénico relacionado (Ex: FACT/NetCord) sem que tais diferenças coloquem em causa a qualidade das células criopreservadas. Por último, não é verdade que o bancos familiares guardem todas as amostras. Os bancos familiares regem-se por critérios de qualidade definidos pelas mesmas entidades internacionais e existe um número significativo que é rejeitado por questões de qualidade, p.ex. amostras com um número demasiado baixo de células estaminais.

 4-  A recolha pode ser feita em qualquer bebé ou há algumas limitações? Se os pais tiverem algum tipo de doença isso também pode influenciar a recolha?


Há algumas limitações. No caso de algum dos resultados dos exames à mãe de rastreio aos agentes: HIV I/II (SIDA), HBsAg (Hepatite B) e HCV (Hepatite C) ser positivo, a criopreservação não poderá ser realizada já que as amostras teriam uma utilização muito condicionada. Para além disso, os bancos privados definem a quantidade mínima de células que as amostras devem ter e acima da qual as estas são processadas para a obtenção das células que serão criopreservadas.

 

5- Há alguma hipótese, futuramente, de as células dos bancos privados poderem estar disponíveis a todas as pessoas inscritas nesse mesmo banco ou cada dador só poderá mesmo ter acesso às suas?

 

Não. As amostras guardadas em bancos privados/familiares destinam-se a uso no próprio ou em algum familiar compatível.

 

6- É verdade que se a criança vier a sofrer de uma doença genética, as células retiradas do cordão são igualmente portadoras do mesmo defeito genético e, por isso mesmo, inúteis?

 

Em alguns casos não é recomendável o uso de células do próprio, por exemplo para o tratamento de doenças do sangue e do sistema imunitário, se a pessoa tiver uma doença genética. Nestes casos deverá recorrer-se a uma amostra de outra pessoa, saudável, compatível, pois as células do próprio terão o mesmo defeito genético. No entanto, já houve recurso a células do sangue do cordão umbilical para o tratamento de uma doença genética com recurso a células do próprio e tirando partido da engenharia genética (terapia génica). Deste modo é possível corrigir o problema nas células do próprio indivíduo e usar essas mesmas células para tratar o problema em causa. A comunidade científica espera que essa prática se torne mais frequente no futuro.

 

Para além disso, as células do SCU de alguém com uma doença genética poderão vir a ser usadas pelo próprio noutras áreas, fora do contexto hematológico. Actualmente estão em curso mais de 40 ensaios clínicos com células do SCU em doenças fora do contexto hemato-oncológico, como a perda auditiva, o autismo, a paralisia cerebral, a diabetes, a displasia bronco-pulmonar e lesões da espinal medula entre outras, pelo que mesmo nesses casos o SCU criopreservado poderá vir a ser útil.

 

 

7- É verdade que há uma maior probabilidade de as células recolhidas virem a ser mais úteis a um familiar (irmão, pai) do que à pessoa  a quem foram retiradas?

 

Este é um dos grandes mitos da criopreservação. Na verdade o maior número de transplantes hematopoiéticos é autólogo, ou seja são feitos com recurso a células do próprio. Por exemplo, em caso de linfomas e tumores sólidos recorre-se, sempre que possível, às células estaminais do próprio paciente, porque as amostras são 100% compatíveis e não existe risco de rejeição. No entanto, e até ao presente, as fontes mais usadas têm sido a medula óssea (MO) e o sangue periférico mobilizado (SPM), porque como os bancos de células do sangue do cordão umbilical são relativamente recentes e as doenças que requerem este tipo de transplante surgem em adultos que não tiveram a oportunidade de criopreservar as células do seu sangue do cordão umbilical, tem sido necessário recorrer a outras fontes de células estaminais hematopoiéticas. A percepção errada existe, porque nas idades mais jovens a probabilidade de uso autólogo vs alogénico é inversa. Isto porque nas idades jovens surgem mais vezes doenças que requerem um transplante alogénico. No entanto, é importante ter em conta a vida inteira da pessoa.

 

8- Quais as aplicações efectivas e conhecidas até à data das células estaminais?

 

As células estaminais que têm tido maior aplicação clínica até ao momento são as células estaminais hematopoiéticas que se encontram no sangue do cordão umbilical (SCU), na medula óssea (MO) e no sangue periférico mobilizado (SPM). Conforme publicado, por exemplo, no site do banco público de Nova Iorque, são mais de 80 as doenças em que já foi usado sangue do cordão umbilical (à semelhança da MO e SPM). A maioria dos transplantes são para o tratamento de doenças do sangue, como leucemias, e do sistema imunitário, mas as células do sangue do cordão umbilical são também usadas no tratamento de doenças metabólicas. Mais informações aqui: http://www.nationalcordbloodprogram.org/qa/

 

Para além das células estaminais hematopoiéticas, há outros tipos de células estaminais, como as mesenquimais, que se encontram no tecido do cordão umbilical mas também no tecido adiposo. Considerando todas as fontes de células estaminais, sabe-se que estão actualmente em curso mais de 4.000 ensaios clínicos, com células estaminais de várias fontes, e o que se espera é que estes venham a proporcionar, num futuro próximo, opções terapêuticas para muitas doenças actualmente sem tratamento.

 

9- Qual a garantia de que os bancos privados não encerram entretanto? Nesse caso, o que acontece às células?

 

Ninguém pode garantir que os bancos não encerrem. No entanto, a lei estabelece mecanismos para que as amostras nunca sejam perdidas, nomeadamente todos os bancos familiares têm de ter um acordo com um outro banco (um banco backup) que assume as responsabilidade sobre as amostras no caso de falência. 



10- É mais útil transferir as células ao bebé no momento do parto ou preservá-las? Ou seja, poderá ser nocivo estar a privá-lo dessas células/sangue e suas respectivas propriedades? É possível transferir uma parte do sangue para o bebé e preservar a outra?  (Fiz estas perguntas porque uma leitora deixou o seguinte comentário: “a recolha do sangue do cordão umbilical obriga ao clampeamento e corte precoces do cordão, e eu quero que o cordão pare de pulsar naturalmente e o meu filho receba as células do sangue do cordão que é suposto receber e não serem retiradas para preservar para fins hipotéticos)

 

A recolha das células do sangue do cordão umbilical no momento do parto em nada altera os procedimentos do mesmo. O que significa que mesmo que os pais não queiram fazer a criopreservação das mesmas, a clampagem do cordão umbilical será feita nos mesmos moldes, isto é, não se espera mais tempo para clampar o cordão umbilical se os pais tiverem optado por não fazer a criopreservação das células do SCU do seu filho. Quando o parto decorre com toda a normalidade, a colheita de sangue de cordão é um procedimento simples e seguro.

 

 

11- Porque é que é pode ser vantajoso recolher também o tecido do cordão, para além das células?

 

O sangue do cordão umbilical é particularmente rico em células estaminais hematopoiéticas, as células que são capazes de repor as células do sangue, sendo o sangue do cordão umbilical considerado uma fonte de células estaminais hematopoiéticas alterativa à medula óssea. O tecido do cordão umbilical é rico num outro tipo de células: as células estaminais mesenquimais. Estas células têm características que as tornam muito interessantes para o tratamento de um leque alargado de doenças, como doenças auto-imunes, doença do enxerto contra hospedeiro, entre outras. As células mesenquimais podem ser usadas nos transplantes hematopoiéticos com o objectivo de aumentar o sucesso dos mesmos. Estas células encontram-se em estudo em diversas áreas da medicina em cerca de 40 ensaios clínicos, em doenças como a diabetes, colite ulcerosa, lúpus, artrite reumatóide, esclerose múltipla, lesões da espinal medula, entre outras. E, apesar do seu uso ser ainda experimental, há publicações científicas que têm dado conta de resultados positivos após infusões em doentes com lúpus, doença do enxerto contra hospedeiro e cirrose hepática, por exemplo.

 

12 -Qual a duração efectiva das células recolhidas?

 

A última publicação sobre a viabilidade das células estaminais criopreservadas data de 2011 e refere-se a 23,5 anos. À semelhança de outras células e tecidos que se têm mantido nas mesmas condições durante décadas, é provável que as células do sangue do cordão umbilical se mantenham viáveis durante muito mais tempo. As células e tecidos mantidos em contentores abastecidos por azoto líquido a 196ºC mantêm-se viáveis por longos períodos (em teoria, para sempre).

 

13- E é garantido que nesse período de 23,5 anos a ciência evolua ao ponto de ser possível saber com exactidão como é possível fazer um uso eficaz das células? (pergunta feita com base no comentário deixado por uma leitora: “Todos me disseram que não valia a pena, que o tempo de conservação das células em comparação com os estudos que estão a decorrer não permitem qualquer utilidade das mesmas, e portanto, resumindo e concluindo, é uma grande banha da cobra”)

 

Essa dúvida  é comum e, infelizmente, feito por uma leitura incompleta da realidade. A percepção que as células estaminais não têm qualquer utiliidade prende-se com o facto de a probabilidade de utilização ser relativamente baixa e, felizmente, a maioria das crianças que criopreservaram as células ainda não teve de as utilizar. No entanto, temos de ter em atenção dois aspectos: 

    1. As doenças tratáveis são doenças muito graves e, na ausência de tratamento, são muitas vezes fatais. As células criopreservadas podem ser o único tratamento disponível para salvar a criança. Um exemplo disso é o caso do Frederico, cuja vida foi salva com uma amostra guardada e, sem este recurso, teria sido fatal (http://www.youtube.com/watch?v=_WnaSv7RNvI)
    2. A probabilidade de utilização aumenta ao longo da vida. Até aos 70 anos uma pessoa em 220 vai necessitar de um tratamento com células estaminais hematopoiéticas (SCU, MO, SPM). As células estaminais do SCU poderão ser a melhor alternativa para o tratamento.

 Em resumo, as células do sangue do cordão umbilical têm um reconhecido valor terapêutico para um conjunto alargado de doenças, mais de 80, como dito anteriormente, nomeadamente doenças do foro hemato-oncológico. Mas esse valor poderá estender-se a aplicações fora do contexto hemato-oncológico graças aos ensaios clínicos em curso em diversas áreas. É provável que tenhamos de esperar alguns anos até que estes ensaios clínicos venham a dar resultados e desse modo permitir a aplicação fundamentada destas células noutras áreas. 

 

14- Na eventualidade de as células poderem vir a ser aplicadas num tratamento, qual o apoio dos bancos nesse sentido? O valor pago pela preservação das células cobre o tratamento das mesmas?

 

Depende do banco em causa e do contrato assinado entre o banco e os seus clientes. No caso da Crioestaminal, o apoio ao tratamento é de 20.000 €, em caso de utilização da amostra de SCU para uma das doenças actualmente tratáveis com células do SCU. 

 

15- Seria possível comentarem esta afirmação do Dr. Manuel Abecassis, responsável pela pela unidade de transplantação de medula óssea do Instituto Português de Oncologia:   "Nestes milhares de sacos de sangue congelado em todo o mundo há três casos de sucesso, portanto, não se pode dizer que não serve para nada, mas o que se pode dizer é que a probabilidade de utilização é muito baixa e, provavelmente para todos os casos, há alternativas"

 

A informação de que dispomos aponta para números diferentes. No que se refere aos bancos familiares, podemos a título de exemplo referir o caso do Cord Blood Registry, um dos maiores bancos de SCU a nível mundial, do qual já foram utilizadas 210 unidades (não sabemos a taxa de sucesso).

 

16- O Dr. Manuel Abecassis afirmou ainda que os sites das empresas privadas que se dedicam à congelação do sangue do cordão umbilical "não contêm informação correcta, rigorosa e objectiva", sendo "muito fantasiosos".

 

Infelizmente, o Dr Manuel Abecassis tem razão. Muitos bancos, especialmente os mais pequenos, já usaram abordagens questionáveis e pouco rigorosas. A Crioestaminal é contra essas tácticas e tem o maior cuidado de informar os pais sobre as vantagens e limitações, de forma, que os pais possam tomar uma decisão informada. 

 

17- É verdade que a quantidade de células recolhida só é suficiente se a criança neessitar dela até pesar 15 quilos ou ter cinco anos? (pergunta feita com base nos seguintes comentários deixados por leitoras:  essas células só têm interesse se a criança necessitar delas até cerca dos 5 anos, porque a partir desse momento, o pool de células que a criança necessita é muito maior, logo insuficientes para tratamento de, por exemplo, leucemias"; " “as células, a serem úteis, só dariam para tratamentos sistémos para crianças até aos 15 kg - cerca de 3 anos. Logo aí fiquei sem perceber porque é que os contratos eram de, pelo menos, 15 ou 20 anos. E nenhum comercial dessas empresas conseguiu explicar

 

As quantidade de células necessárias depende da doença, do peso do doente e do nível de compatibilidade entre dador e paciente. Cada amostra de SCU é única, com um determinado volume e conteúdo celular e a escolha da amostra a usar em determinado transplante está dependente da situação e em causa Há amostras que apenas poderão ser usadas em crianças, mas há outras que podem ser usadas em adultos. As amostras de SCU são usadas em adultos desde 1995 e são cada vez mais os adultos em quem tem sido usadas amostras de SCU como alternativa à medula óssea. Para além disso, estão neste momento em curso várias estudos no sentido de proporcionar a expansão das células estaminais hematopoiéticas, ie o desenvolvimento de técnicas que permitem multiplicar o número de células para utilização nos tratamentos. Espera-se que dentro de poucos anos estas técnicas sejam uma realidade, o que eliminaria todas as barreiras existentes. 

 

Como existem/vão existir doenças para quais a quantidade guardada é suficiente, é importante guardar pelo máximo tempo possível. Os contratos têm a duração até 25 anos por ser esse o período de tempo que até ao momento se conseguiu comprovar permitir a viabilidade celular após criopreservação. Como a criopreservação de células do SCU só se começou a fazer após o primeiro transplante de SCU, em 1988, ainda não há células guardadas com mais de 25 anos, por isso, para já, não é possível comprovar que é possível criopreservar células por mais tempo. No entanto, acredita-se que, pela evidência com outros tipos de células,  seja possível criopreservar por mais tempo as células, desde que mantidas em azoto a temperaturas muita baixas (-196°C), em teoria para sempre.

 

18- É verdade que o recurso às células estaminais num tratamento depende sempre de autorização médica? (pergunta feita com base num comentário deixado por uma leitora: “explicaram-me que o recurso às células estaminais preservadas só se faz depois de todas as outras formas alternativas de tratamento estarem esgotadas e mesmo assim é preciso haver autorização médica. I.e., o acesso às mesmas não depende apenas da vontade - informada, claro está - dos pais.”


O recurso ou não às celulas estaminais criopreservadas depende da práctica clínica e do médico, em particular. Nos Estados Unidos o uso das células estaminais criopreservadas para transplantes de crianças é a opção mais comum. A opção pelas células estaminais do cordão umbilical prende-se com as suas vantagens comparado com a médulo óssea. Por exemplo:

- o sangue do cordão umbilical contém um maior número de células estaminais hematopoiéticas por unidade de volume, quando comparado com o sangue periférico ou com a medula óssea (cerca de 10 vezes mais)

- menor risco de doença do transplante contra o hospedeiro (GVHD) aguda

- menor risco de infecção com agentes infecciosos


Em Portugal a utilização ainda não é um standard, mas espera-se que os médicos sigam o exemplo dos Estados Unidos como têm feito noutros casos. Relativamente à necessidade de autorização médica, é natural que tenha de existir.  Em caso de pedido de resgaste de uma amostra este terá de ser efectuado por escrito, pela(s) pessoa(s) que nesse momento for(em) o(s) titular(es) dos direitos sobre a amostra (em princípio os pais) e deverá ser obviamente acompanhado de declaração do médico assistente. 



19-  O que é a acreditação/certificação AABB?

 

A AABB é a Associação Americana de Bancos de Sangue, uma das duas entidades a nível mundial (juntamente com a FACT – Foundation for the Accreditation of Cellular Therapy) que estabelece e define critérios de qualidade específicos e mais exigentes para o processamento e armazenamento de células estaminais do cordão umbilical. A acreditação da AABB certifica que os procedimentos se apresentam em conformidade com as normas estabelecidas pela AABB no que diz respeito às fases de recolha, processamento, criopreservação, análise e distribuição das células estaminais do sangue do cordão umbilical. Esta acreditação representa a mais importante distinção ao nível da qualidade que um laboratório de criopreservação de células estaminais pode ter. 

 

 

Bom, estas foram algumas das perguntas que fiz à Crioestaminal e que foram decisivas na nossa escolha. Sinceramente, gostei da transparência com que nos responderam, sobretudo tendo em conta que algumas perguntas eram um bocadinho "incómodas". Não senti que nos estivessem a tentar vender gato por lebre, não achei que fossem excessivamente chatos ou persistentes. Esclareceram-nos, estiveram à nossa disposição no caso de surgirem mais dúvidas, e deixaram-nos completamente à vontade para decidirmos indicando-nos, inclusive, que perguntas deveríamos fazer aos bancos privados de recolha, de forma a podermos escolhr de forma segura e fundamentada. E nós decidimos avançar. Atenção, com este texto não estou, de modo algum, a querer influenciar as vossas decisões, nem estou a dizer que fazer a preservação das células é o mais acertado. Nós achámos importante e decidimos fazê-lo, mas esta é uma decisão que cabe a cada pai. Como disse no início, fizemos, está feito e não queremos pensar mais no assunto. Já está, já passou. E por pouco não íamos ficando sem células, já que no dia do parto, com aquela confusão de rebentarem as águas e irmos a voar para o hospital, deixámos o kit em casa. Lá teve o homem de voltar de Cascais para Lisboa, a abrir, e depois voltar a correr para Cascais. O kit chegou meeeeeesmo em cima da hora, um alivio.

 

Enfim, se estão a pensar se devem ou não fazer, e se estão com dúvidas sobre onde fazer, há dois factores importantes. Por um lado, a experiência (há quantos anos procedem à recolha e que provas já foram dadas na libertação de amostras para transplante). Por outro, as garantias de qualidade (autorizações (Ministério da Saúde), certificações, acreditações internacionais, etc e tal).

 

Deixo-vos algumas perguntas que devem fazer aquando da escolha de um banco familiar de recolha:

- Qual é o nível de experiência no armazenamento de amostras? Desde quando está em funcionamento? Quantas amostras têm armazenadas?

- Tem laboratórios próprios? Está autorizado pelas entidades competentes nacionais (DGS-ASST) para exercer a sua actividade?

- Tem experiência na libertação de amostras para uso clínico? Se sim, quantas amostras já foram libertadas e para que situações?

- Possui alguma acreditação específica para a criopreservação do sangue do cordão umbilical (AABB/FACT)?

- O laboratório tem algum programa de estabilidade para monitorizar, ao longo do tempo, as condições em que as amostras são armazenadas? São utilizadas amostras de clientes para esses testes?

 


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publicado às 08:02

AVENTuras da Mamã #16

por A Pipoca Mais Doce, em 07.10.13



A primeira noite fora

 

Este fim-de-semana deixámos o Mateus dormir fora pela primeira vez. Deixámo-lo ao fim da tarde com os meus sogros e no dia seguinte, logo pela fresquinha, já estávamos a recolhê-lo, mas pronto, foi um marco importante. Eu sempre disse que íamos ser um desses casais com capacidade para se desligarem dos filhos de quando em vez, que é saudável para toda a gente, que os avós adoram e eles também, mas.... mas, mas, mas, mas, mas. Devo ter pensado no miúdo para aí umas 592 mil vezes. Eu tinha a certeza que ele estava bem entregue, tinha a certeza que estava em óptimas mãos, tinha a certeza de tudo, mas... mas, mas, mas, mas, mas. Por mais que queira ser descontraída, acho que sou uma daquelas mães terríveis que acham que só elas é que sabem. Só elas é que sabem o truque para adormecer, só elas é que sabem como é que eles gostam de festinhas, só elas é que sabem trocar a fralda sem haver berreiro, só elas é que sabem dar colo, só elas é que sabem dar o leite, só elas é que sabem aliviar as cólicas, só elas é que os sabem fazer rir, etc e tal. Confesso, com tristeza, que sou uma dessas pessoas. Se o deixo é porque confio, claro que sim, mas lá no fundinho acho (tenho a certeza) que ninguém o conhece como eu. Por alguma coisa sou a mãe. Mas pronto, lá ficou e correu tudo pelo melhor. Portou-se excepcionalmente bem, não houve chatices para dormir, não houve episódios de cólicas, uma maravilha. Chatinha como sou, estava sempre a perguntar ao meu homem “será que ele está bem? O que é que estará a fazer agora? Achas que já comeu? Achas que já está a dormir? E será que sente a nossa falta? E se acorda a meio da noite, não nos vê, e desata a berrar?????”. Sim, entrei nesta espiral de delírio. Controlei-me para não estar sempre a mandar mensagens, fiquei-me pelas duas ou três (nada mau). Uma coisa é a criança ficar com a nossa mãe, aí podemos ligar 27 vezes a cada hora. Outra é ficar com a sogra. Confesso que dei por mim a pedir “liga lá aí à tua mãe a saber dele, só para não ser sempre eu a chatear”. Mas pronto, a primeira noite fora foi bem sucedida. Deixei indicações precisas à minha sogra, nomeadamente para não o deixar sair à noite, nem beber álcool, nem meter miúdas lá em casa, e foi tudo cumprido com rigor. A parte melhor disto tudo foi... dormir! Dormir nove horas seguidinhas. Às onze da noite já estávamos a roncar, que maravilha. Mas assim que acordei fui acometida de um ataque de saudades e comecei logo a contar os minutinhos que faltavam para o estrafegar. É mesmo verdade que as coisas mudam. Mudam para diferente, para melhor, mas mudam. Vai-se, mas já não se vai com o mesmo descanso, com o mesmo desprendimento. E até nos conseguimos desligar por momentos, mas só por momentos. Lá no fundinho do coração e da cabeça estamos sempre a pensar no mesmo, há sempre ali uma pequena ansiedade. Se calhar foi por ter sido a primeira vez. Se calhar para a próxima já vai ser diferente, já não vou com a mesma inquietação.  Se calhar, se calhar. Pelo sim, pelo não, vou tentar não voltar a deixá-lo com ninguém até ele ter...27 anos?

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publicado às 16:15





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