De Queen of Hearts a 29.07.2013 às 12:15
Eu percebo esta perspectiva, e concordo com ela a 200%, como é óbvio. Temos de nos ancorar nos médicos, concerteza, nenhuma pessoa vira médica pela maternidade nem sabe mais de saúde do que os profissionais que estudaram extensivamente... a saúde humana.
MAS tenho a acrescentar que, em pequenas doses, e em circunstâncias muito particulares, temos de ter também alguma independência dos médicos. E aqui não estou a referir-me minimamente aos exemplos que deste, como é evidente. Os fóruns e as caixas de comentários dos blogs que abordam assuntos de maternidade não são exemplo para nada nem para ninguém, e normalmente são dos maiores viveiros de bacoquice que existem. As pessoas privilegiam o "terem razão" sabe-se lá, muitas vezes, em relação a quê, do que a troca e partilha de experiências, com respeito pela experiência alheia.
Refiro-me por exemplo ao facto de sim, ser verdade que muitos - muitos - dos profissionais de saúde, ainda que sejam pediatras, ou especialistas em neonatologia, sejam enfermeiras da neo ou do centro de saúde, não percebem nada de amamentação. E isto não é arrogância nem achar-se-que-se-sabe-mais-do-que-os-médicos. O que se aflora na faculdade não é suficiente para eles saberem com toda a desenvoltura e informação actual guiar as mães pelo processo de amamentação. Por isso é que existem formações específicas, e cursos de conselheiro/a de aleitamento materno, que ensinam muito pormenorizadamente toda a mecânica do processo, todas as questões relacionadas, etc. E na verdade, vejo que embora todos os médicos conheçam a parte fisiológica das coisas, ainda caem muitos - muitos - no erro de falar em leite fraco, em pouco leite (em casos em que as mulheres sentem as mamas pesadas e cheias, mas os bebés não engordam), coisas que a ciência mostra hoje em dia de outra forma. Isto é falta de conhecimento específico, não é incompetência no trabalho deles, seja esse trabalho as funções de enfermagem, seja a avaliação e tratamento da saúde da criança, seja o acompanhamento de bebés prematuros. Ninguém vai a um reumatologista perguntar sobre a dor de estômago, ninguém vai a um carpinteiro perguntar sobre os canos da cozinha. E neste país falta que os profissionais de saúde tenham a formação específica em amamentação. Eu acharia bem que qualquer médico ou enfermeira especializados nas áreas relacionadas com bebés e prematuros, e os que sejam médicos ou enfermeiros de família, tivessem OBRIGATORIAMENTE que fazer as formações ou os cursos de CAM. Por isso entendo o que querem dizer alguns comentários publicados no post abaixo. E não acho que tenham muito paralelismo com os exemplos que deste acima, se forem explicados com mais cuidado.
Refiro-me também aos casos que acontecem a todas as mães, e que exemplifico da seguinte forma: há meses, o meu filho andava doente há semanas, com muitas secreções, tosse, etc., e a única coisa que me mandavam fazer era a lavagem nasal e ben-u-ron se tivesse febre. Efectivamente, ele febre não estava a fazer, e eu conseguia perceber que - conforme me dizia a pediatra dele - os pulmões estavam limpos. Mas ele tinha dificuldades a respirar, e a tosse foi aumentando até ser quase constante. Fui com ele à urgência pediátrica mais próxima, e teria vindo embora com a mesma recomendação de sempre, se não tivesse pedido expressamente à médica (e já com alguma assertividade) que lhe observasse os ouvidos. O meu filho tinha uma otite há semanas, que ninguém tinha diagnosticado porque ninguém observou os ouvidos dele, porque ele não tinha febre. Ora, eu não fui à farmácia pedir um antibiótico para o meu filho, exactamente porque não sou médica nem sei mais do que eles; mas fiz questão de seguir o meu instinto, e ao insistir com os médicos, consegui que fosse feito o diagnóstico correcto, que de outra forma não teria sido feito. Acho que nós, como mães, não sendo paranóicas, devemos contudo ouvir a vozinha do nosso instinto e não a bloquearmos em função daquilo que os médicos nos dizem, sem - OBVIAMENTE - começar a ter um complexo de deificação e "eu é que sei e os médicos não sabem pêva". Complementaridade, digo eu.
De Be mama a 29.07.2013 às 14:14
Obrigada Queen of hearts, por esta opinião tao bem fundamentada, pois eu concordo inteiramente, sim sou a favor de ouvir os profissionais, exigo informação detalhada e em situações normais e que nao causem nenhum distúrbio decido o que acho melhor ( ou seja , o pediatra da me as opções e eu decido, embora esteja balizado, sou eu quem decide, nao existem cá verdades absolutas) . Acho que todos nos deveríamos fazer este exercício , nas situações mais banais, tipo sono, alimentação, comportamento, devemos recorrer a opiniões fundamentadas ( e mais uma vez reitero o que ja disse, nao existem verdades absolutas nestes assuntos) e no final tomamos a decisão que entendemos ser a melhor para o nosso filho.
Aquilo que efectivamente me faz confusão sao esta nova geração de licenciados em medicina , com especialidade em pediatria e mestrado em verdades absolutas :-)
Porque é que as pessoas nao entendem que existem opiniões diferentes mas igualmente validas ??? So sabem opinar ( e mal) e de facto o que prevalece é ter razão , so se interessam mesmo nisso, em ter razão .
Aqui tb ja foi falado, o tema dos fóruns e com todo o respeito, acredito que seja um óptimo sítio para as mães colocarem duvidas, partilharem experiências e trocarem dicas, mas o que acontece é que tb estes fóruns sao habitados, pelas criaturas que ADORAM TER RAZÃO , e para estas nao é importante se estão a ajudar, ou a confundir , o que importa mesmo é terem razão e sao estas que passam a vida a dizer que tudo o que os outros fazem esta mal e que nao percebem como é que acreditamos e confiamos no nosso pediatra , obstetra, medico de familia, enfermeiro e afins.
Por isso , Pipoca , admiro lhe a inteligência, aprendeu mais rápido que eu , a fazer ouvidos moucos a toda a gente e a confiar no meu medico e em mim mesma.
Felicidades