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Saudades de dormir
Marquei a viagem para Paris há mais de um mês, mas a cada dia que passava o coração ia ficando mais e mais apertado. A ideia de deixar o pequeno texugo por três dias era assim como uma facada, mas tentava não pensar muito no assunto. A verdade é que fui na quinta e voltei no sábado, por isso só não o vi na sexta, mas mesmo assim parecia-me uma eternidade. Apesar disso, tinha alguma curiosidade em saber como é que seria, se conseguiria estar longe mas relativamente tranquila, ou se iria passar os dias em pranto e arrasada de saudades. Acho que encontrei um meio-termo saudável. Tive saudades, pensei nele 270 vezes por dia, fartei-me de pedir ao meu pai que me enviasse fotos, liguei para saber como tinha passado as noites e comprei-lhe alguns presentes para acalmar as saudades, mas acho que não entrei numa espiral de obsessão capaz de me aniquilar a alegria de estar em Paris (mesmo que a trabalho). Se calhar sou uma péssima mãe, mas devo confessar que me soube bem estar um bocadinho afastada de fraldas e biberões. Mas o melhor de tudo foi mesmo poder dormir sem estar em constante vigília à espera de ser acordada por um choro a qualquer instante. Uma das noites dormi umas dez horas e soube-me a pato, de tão cansada que estava. A verdade é que eu sou pessoa que sempre adorou dormir. O meu homem acha que é um desperdício, fica de boca aberta com as minhas sestas de duas ou três horas (que não voltei a fazer desde que o Mateus nasceu), mas eu tenho realmente prazer em dormir. Sou feliz a dormir, o que é que querem? E, desde que o Mateus nasceu, isso acabou um bocadinho. Já há algum tempo que tinha deixado de dormir 12 ou 14 horas, como era capaz de dormir quando era mais nova, e a gravidez também se encarregou de me ir preparando para o que me esperava, mas quer dizer, dormir três ou quatro horas por noite também é pouco! Está bem que fazemos turnos, está bem que até dormimos em quartos separados algumas noites, mas o sono não volta a ser o mesmo. Nunca mais foi aquele descanso, aquele sono profundo, aquela despreocupação. Agora dorme-se sempre em alerta, o subconsciente sempre pronto para nos fazer saltar da cama assim que for preciso. Contrariamente ao que fazia nas primeiras semanas, agora não tenho dormido durante o dia. Já basta estar de turno noite sim, noite não para me desregular os sonos todos. Se ainda me puser a dormir à tarde então é que fica tudo estragado. Por isso, e porque o menino Mateus acorda a cada três horas para enfardar, já tenho muitas e boas horas de sono em atraso. E foi por isso que me soube bem o afastamento por duas noites. Quando voltei, e talvez para se vingar do abandono, o miúdo teve um dos maiores ataques de cólicas de que há memória. Há uns tempos que andava calmo, mas eu cheguei e pronto, toma lá gritos estridentes que é para aprenderes a não ires para Paris e deixares-me aqui. Em compensação, caiu para o lado às onze da noite (ele e eu) e só acordou às... seis e um quarto da manhã! Recorde absoluto. Dormiu sete horinhas seguidas, sem um queixume. Nem queria acreditar. Quando acordou, devorou o biberão em 15 minutos e voltou a dormir mais quatro horas. Foi um querido. Infelizmente, foi uma vez sem exemplo, já voltámos ao esquema do despertar de três em três horas. Sendo que ele acorda, come (às vezes leva uma vida), é preciso adormecê-lo novamente (põe chucha, perde chucha, procura chucha, põe chucha, perde chucha, procura chucha) e, nos entretantos, já se passou uma hora e ele está quase a acordar de novo. Para além disso, eu sou uma pessoa que, quando acordada, não consegue voltar a adormecer com toda a facilidade do mundo. Fico ali às voltas, é uma chatice. A privação do sono é, para mim, a verdadeira parte chata da maternidade, a única coisa realmente má. Eu gostava de ser um Marcelo Rebelo de Sousa desta vida, que dorme três horas por noite e fica fresco que nem uma alface, mas não, a privação do sono tem efeitos bastante nefastos no meu humor e no meu rendimento durante o dia. Por isso, e até o Mateus começar a dar noites boas (lá para os 35 anos, quando tiver casa própria), resta-me aguentar, tentar deitar-me mais cedo (sempre fui menina para me deitar lá pelas duas) e ver se não fico maluquinha.
Para o drama das chuchas desaparecidas em combate durante a noite, a AVENT tem uma solução engraçada: chuchas com argolas que brilham no escuro. Acreditem que às três da manhã, quando estamos bêbadas de sono, todas as ajudas são preciosas. E se houver alguma coisa que nos ajude a encontrar a famigerada chucha, aquela que faz com que o bebé se cale como que por milagre, então é mais do que bem-vinda. Têm-me sido muito úteis. Para além disso, o formato respeita o desenvolvimento natural do palato, dos dentes e das gengivas, mesmo se a chupeta se virar ao contrário na boca do bebé (não há cá aquela preocupação de estar sempre a ver se está bem posta). Mal posso esperar pelo momento em que vou deixar 26 chuchas espalhadas pelo berço e o Mateus vai ter a habilidade de as encontrar e pô-las na boca sem a ajuda de ninguém!