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A primeira noite fora
Este fim-de-semana deixámos o Mateus dormir fora pela primeira vez. Deixámo-lo ao fim da tarde com os meus sogros e no dia seguinte, logo pela fresquinha, já estávamos a recolhê-lo, mas pronto, foi um marco importante. Eu sempre disse que íamos ser um desses casais com capacidade para se desligarem dos filhos de quando em vez, que é saudável para toda a gente, que os avós adoram e eles também, mas.... mas, mas, mas, mas, mas. Devo ter pensado no miúdo para aí umas 592 mil vezes. Eu tinha a certeza que ele estava bem entregue, tinha a certeza que estava em óptimas mãos, tinha a certeza de tudo, mas... mas, mas, mas, mas, mas. Por mais que queira ser descontraída, acho que sou uma daquelas mães terríveis que acham que só elas é que sabem. Só elas é que sabem o truque para adormecer, só elas é que sabem como é que eles gostam de festinhas, só elas é que sabem trocar a fralda sem haver berreiro, só elas é que sabem dar colo, só elas é que sabem dar o leite, só elas é que sabem aliviar as cólicas, só elas é que os sabem fazer rir, etc e tal. Confesso, com tristeza, que sou uma dessas pessoas. Se o deixo é porque confio, claro que sim, mas lá no fundinho acho (tenho a certeza) que ninguém o conhece como eu. Por alguma coisa sou a mãe. Mas pronto, lá ficou e correu tudo pelo melhor. Portou-se excepcionalmente bem, não houve chatices para dormir, não houve episódios de cólicas, uma maravilha. Chatinha como sou, estava sempre a perguntar ao meu homem “será que ele está bem? O que é que estará a fazer agora? Achas que já comeu? Achas que já está a dormir? E será que sente a nossa falta? E se acorda a meio da noite, não nos vê, e desata a berrar?????”. Sim, entrei nesta espiral de delírio. Controlei-me para não estar sempre a mandar mensagens, fiquei-me pelas duas ou três (nada mau). Uma coisa é a criança ficar com a nossa mãe, aí podemos ligar 27 vezes a cada hora. Outra é ficar com a sogra. Confesso que dei por mim a pedir “liga lá aí à tua mãe a saber dele, só para não ser sempre eu a chatear”. Mas pronto, a primeira noite fora foi bem sucedida. Deixei indicações precisas à minha sogra, nomeadamente para não o deixar sair à noite, nem beber álcool, nem meter miúdas lá em casa, e foi tudo cumprido com rigor. A parte melhor disto tudo foi... dormir! Dormir nove horas seguidinhas. Às onze da noite já estávamos a roncar, que maravilha. Mas assim que acordei fui acometida de um ataque de saudades e comecei logo a contar os minutinhos que faltavam para o estrafegar. É mesmo verdade que as coisas mudam. Mudam para diferente, para melhor, mas mudam. Vai-se, mas já não se vai com o mesmo descanso, com o mesmo desprendimento. E até nos conseguimos desligar por momentos, mas só por momentos. Lá no fundinho do coração e da cabeça estamos sempre a pensar no mesmo, há sempre ali uma pequena ansiedade. Se calhar foi por ter sido a primeira vez. Se calhar para a próxima já vai ser diferente, já não vou com a mesma inquietação. Se calhar, se calhar. Pelo sim, pelo não, vou tentar não voltar a deixá-lo com ninguém até ele ter...27 anos?