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Texto escrito a 22 de Janeiro:
Ontem fui fazer a análise de sangue para descobrir o sexo da criança. Inspirei fundo na hora de pagar (100€), porque sei que isto não passa de um capricho. É claro que podia descobrir daqui a umas semanas (ou meses), é claro que saber agora ou mais para a frente vai dar exactamente ao mesmo. Mas sou uma pessoa que sofre dos nervos. E sou curiosa. Por isso tinha mesmo de saber. Para além disso, já ouvi tantos casos de ecografias que eram uma coisa e, passado um tempo, afinal eram outra, que prefiro não arriscar. O teste tem 99% de fiabilidade, por isso acredito que é de confiança e que o veredicto será mesmo final, sem surpresas na hora do parto ("ai, achava que era uma menina? Não, tem aqui um belo rapaz"). Agora é esperar sete dias úteis. SETE dias. Mais de uma semana. Esta coisa da indefinição mexe comigo. Uma pessoa quer comprar uma pecinha para a criança e tem de se sujeitar às corzinhas neutras. E não há assim tanta coisa quanto isso. Não! Quero uma cor específica! Quero saber se me atiro para os azuis ou para os rosa. Mas confesso que a revelação do "segredo" também me atormenta um bocadinho. Para já, isto é só um ser indefinido e minúsculo que anda para aqui, algures. A partir do momento em que tiver sexo, terá também nome (ui, nem quero pensar nisso) e estará também um passo mais perto de ter uma personalidade. É esquisito. E depois tenho medo da desilusão. Claramente, e se me dessem a escolher, diria logo que quero uma menina. São mais fofinhas, há nomes mais giros, as roupas são muito mais queridas e diversificadas, as brincadeiras têm mais graça... enfim, menina, menina, menina, sem dúvida. Até porque tenho todo um legado para deixar. E se for um rapaz? Será que vou ficar abatida e desgostosa, caída na cama com uma depressão? Toda a gente me diz que só se tem preferência até se saber o sexo. E que, ao se saber, já nem nos lembramos daquilo que queríamos inicialmente, adaptamo-nos imediatamente à realidade. Não sei se será mesmo assim. Se pegar no papel e ler que é um rapaz vou ter o meu momento de desilusão. Pode não durar muito, mas vou ter, é um direito que me assiste. Lamento, é a vida. Se tenho uma preferência porque é que não a posso expressar? Olha agora!! A verdade é que tenho quase a certezinha absoluta que será um rapaz, por isso acho que a surpresa não será assim muito grande. Se calhar é o meu subconsciente que já está a encontrar formas de me preparar para o que aí vem, mas pronto. O meu homem tem a certeza que é uma miúda, nem pestaneja. Caraças, ainda bem que só há estas duas opções.
Texto escrito a 31 de Janeiro:
Pronto. É menino! Gastou uma pessoa 100 euros numa análise XPTO para descobrir que... é menino! Não era nada disto que estava combinado. Eu tinha pedido MENINA. ME-NI-NA! Será que dá para enviar uma reclamação para algum sítio? Enfim. Fomos buscar a análise na terça-feira (29 de Janeiro). Eles tinham dito que só estava pronta na quarta, mas estava tão ansiosa que não me contive e liguei para lá a perguntar se, só assim por acaso, a análise não estaria já por lá. E estava!! Combinei com o homem e, à hora de almoço, lá fomos. Claro que eu cheguei primeiro, claro que ele se atrasou uma vida, por isso peguei no envelope, enfiei-o na mala e fui para o restaurante esperar. A morrer de nervosismo. Ele lá chegou, abri o envelope e estendi o resultado em cima da mesa. O homem dedicou-se a ler todas as palavrinhas, eu saltei logo para o final onde, a bold, dizia "MENINO". Aaaaaaaaaah! Menino!!!! Li mais sete vezes, podia ser que se tivessem enganado, mas não, MENINO. O cromossoma Y anda por lá, por isso é homem. Confesso que fiquei um bocadinho desmoralizada. Está certo que andei a preparar-me para o caso e a mentalizar-me que seria menino, mas lá no fundinho tinha muita esperança que fosse uma menina. Baaah! Posso dizer adeus a lacinhos e roupinhas cor-de-rosa. Acabámos de almoçar e fui a correr enfiar-me na Benetton. Depois de constatar que havia muita coisa gira em azul fiquei um bocadinho mais contente. Trouxe logo sete ou oito peças, para ver se me entusiasmava, mas passei o resto do dia com o peso da desilusão. Toda a gente diz que isso passa e, de facto, dois dias depois, já me habituei bastante mais à ideia. E já não acho que seja assim tão mau um menino em vez de uma menina. Já passei a pormenores mais interessantes, como debater o nome ou começar a pensar na decoração do quarto. No fundinho, no fundinho, quero é que nasça bem e que seja feliz. Mas, também no fundinho, fundinho, espero fazer parte daquele um por cento a quem a análise dá errado! =)
Texto escrito hoje, 18 de Março
De facto, é engraçado reler estes textos que escrevi há quase dois meses. Porque apesar de sempre ter dito que preferia uma menina, já estou tão envolvida na ideia de ser um rapaz que agora seria estranhíssimo se não fosse. Quando a semana passada fui a um médico a que nunca tinha ido e, durante a ecografia, ele me disse que não achava nada que fosse um menino, aquilo pareceu-me a coisa mais estranha do mundo. Tipo, "oi? O que é que está para ai a dizer??? Não diga asneiras, homem!" Para já, porque tenho a certeza que é um rapaz (acontece a análise de sangue falhar, mas é raríssimo). E depois, porque não fazia sentido nenhum se agora fosse uma miúda. Era como se fosse um novo bebé, um ser completamente desconhecido. Este já tem uma "personalidade" que nós lhe criámos, já tem nomes pensados, já tem as suas coisinhas. Na na na! Não quero! Recuso-me! Tal como me diziam, o "desgosto" por não me ter calhado uma menina durou dois dias, já nem me lembro disso. E depois de, uma vez mais, ter achado que era um poço de insensibilidade por ter um sexo preferido, falei com mais mães que me disseram ter passado pelo mesmo. Algumas até choraram de desgosto na ecografia! Ah ah, acho maravilhoso. E depois, claro, passou-lhes. É normal. Gostamos do "nosso" bebé, daquele em específico. Menino, menina, gorducho, magrito, careca, cabeludo. É nosso, e é isso que o torna especial.