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AVENTuras da Mamã #25

por A Pipoca Mais Doce, em 09.12.13



E agora??

 

E, quase sem darmos por isso, eis que se aproxima o final da licença de maternidade. Ou, neste caso, o final da licença de paternidade, já que foi o pai a gozá-la. Infelizmente, os trabalhadores por conta própria têm poucos direitos neste país (para não dizer nenhuns), e como não pude dar-me ao luxo de parar de trabalhar durante cinco meses (não tenho quem me substitua!) e ficar sem receber nada, teve mesmo de ser o pai. Não me queixo. A ajuda do pai é imprescindível nestes primeiros meses, todos os pais deveriam poder ficar mais tempo em casa. Aliás, se isto fosse um país altamente civilizado, pai e mãe poderiam ficar a acompanhar o bebé durante largos meses. Quando estive na Suécia, há algumas semanas, explicaram-me que os pais têm direito a 480 dias, que podem ser gozados pela mãe, pelo pai, ou divididos. Os primeiros 365 dias são seguidos,  os restantes podem ser gozados até a criança perfazer sete anos. Ou seja, quando os miúdos ficam doentes ou coisa que o valha os pais não precisam de estar a fazer o choradinho no emprego. Faltam e pronto, esses dias estão contemplados e ninguém fica a olhar de lado. Outras realidades.


Como disse, tive a sorte de poder ter o meu marido em casa durante cinco meses. Trabalha numa empresa que é perfeitamente compreensiva em relação a esta questão, uma daquelas que não acham que a mãe é que tem de ficar em casa a tratar de tudo (afinal, ela é que é a mãe!) e que o pai é um mero acessório que presta assistência durante duas semanas e depois volta à sua vidinha de sempre. Sei que não é assim em todo o lado, nem sempre há esta abertura, mas é pena. Quanto a mim, gostava de não ter tido de trabalhar durante estes cinco meses. Está certo que trabalho, maioritariamente, a partir de casa e que sou eu a fazer a gestão do meu horário, mas gostava de me ter conseguido desligar completamente. Desvantagens de quem trabalha por conta própria, não se pode parar.


Mas agora o pai está quase, quase a voltar ao trabalho (chuif) e começamos a ter de pensar em soluções. Ficar eu sozinha em casa com o bebé é impossível, é igual a não conseguir fazer nada. Há muito que já passou aquela fase de comer e dormir, agora está muito tempo acordado (quase sempre!), e quer conversa, colo e brincadeira. E quando não se dá logo, temos choradeira! Está exigente, o pequeno texugo. As restantes possibilidades são pô-lo na creche, arranjar alguém que fique em casa com ele ou deixá-lo com a avó.

 

A primeira hipótese está completamente fora de hipótese, não consigo imaginar-me a deixá-lo numa creche daqui a duas semanas. Eu sei que é a realidade de muitas pessoas que não têm outro remédio, mas tenho a certeza que me iria partir o coração deixá-lo assim ainda tão bebé. Penso nisso e fico com o estômago embrulhado. Sempre pensei que gostaria de ter uma solução alternativa à escola, pelo menos até ter dois ou três anos. Mas depois disso acho importante que vá, que socialize, que perceba que há mais crianças no mundo e que não gira tudo em torno dele. A solução “empregada a tempo inteiro” anda a ser estudada. Por um lado, parece-me óptimo ter o Mateus sempre em casa, no ambiente dele, com as coisinhas dele e comigo a poder deitar-lhe um olho. Mas depois... e se é uma pessoa que não lhe liga muito? Que não o estimula? Que não lhe dá mimo? Que é bruta com ele na nossa ausência? Que descura a segurança? É uma responsabilidade enorme.

 

Posto isto, penso que nos resta a solução “avó”. A melhor, no fundo. Tenho a certeza que, depois de nós, não há neste mundo ninguém que o trate tão bem, que tenha tanta paciência e tanto prazer em estar com ele. Sei que os meus pais o amam de paixão, que contam os minutinhos para o ver e que lhe dão todo o mimo e mais algum. E isso deixa-me completamente descansada. Por isso, acho mesmo que o Mateus vai começar a passar “jornadas de trabalho” com os avós, das nove às cinco.  Gostava de conseguir organizar a minha vida de forma a ter sempre um dia por semana para ficar eu com ele. Um dia inteirinho só para lhe dar mimo, para passear, para lhe ler livros, para nos enfiarmos na cama todos quentinhos. No meio disto tudo, vamos ter muitas saudades do pai. Há cinco meses que não nos separamos e não vai ser muito fácil vê-lo sair de casa todas as manhãs e só voltar já de noite. Eu sei, é a vida, temos de trabalhar, nada a fazer, mas o tempo passa tão depressa que parece que não aproveitamos nada. Ainda ontem estava a sair da maternidade e, entretanto, já passaram cinco meses e o Mateus já está enorme, a rir que nem um perdido de cada vez que nos vê,  a dar guinchos maravilhosos. Vejo as primeiras fotos dele e parece que foram tiradas há séculos. Já tenho tantas, tantas saudades... Não há maneira de fazer com que isto passe mais devagarinho??? 

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publicado às 09:46


45 comentários

De Catarina a 09.12.2013 às 21:48

Oh Ana, e porque não contratar uma aupair? É uma solução muito viável, que dará ao Mateus a oportunidade de crescer num ambiente multicultural, dar os primeiros passos com uma língua estrangeira (factor chave para educar uma criança bilingue) e em casa, perto de ti. É muito muito comum em países da escandinavia, na Suíça e claro, nos EUA. Em Portugal ainda não pegou, acho que ainda falta um bocadinho de vontade de experimentar algo novo.
Uma aupair não pede muito: apenas um curso de português, cama e uma pequena mesada para gastos básicos. E para além de cuidar do Mateus, ainda pode dar uma ajuda com as tarefas do dia-a-dia.
Qualquer dúvida que tenhas, estou à disposição. Fui aupair durante vários anos, e foi uma experiência maravilhosa.

De Raquel a 12.12.2013 às 23:48

Acho uma óptima sugestão, se não para a Pipoca para outras pessoas! Não sendo a solução ideal para todas as famílias, é uma opção muito procurada em muitos países, que beneficia todos os envolvidos! É pena ser tão pouco conhecida em Portugal, mas eu tenho amigas de outros países que também já foram au pairs e ainda hoje mantêm boas relações com as famílias com quem viveram.
Para quem contrata uma ama de qualquer maneira, ou tem de ir lá deixar o filhote todos os dias mas até preferisse mantê-lo em casa, esta poderia ser uma óptima opção se fosse mais divulgada cá.

De Anónimo a 10.12.2013 às 09:57

Estou a passar pelo mesmo... 5 meses que passaram a voar. E ele ainda tao pequenino.

De Rita a 10.12.2013 às 11:23

Pipoca, tenho 20 anos e os meus avós criaram-me ate aos 14/15 anos, altura em que dei um grande passo na vida de qualquer pessoa e comecei a ir sozinha para o colégio!!!! :p
Os meus pais tinham de trabalhar durante o dia (e as vezes traziam trabalho para casa), e os meus avós acabaram por ficar a cuidar de mim! Foi o melhor que me podia ter acontecido pois estabeleci uma relação muito próxima com eles e hoje em dia tenho memórias fe quando era mais pequenina deliciosas! Apesar do trabalho, os meus pais arranjavam sempre tempo para estar comigo e me mimar. Lembro-me que aos domingos de manhã era o dia de ficar na cama com a minha mãe na ronha. Hoje em dia, continuo a conviver com os meus avós, e temos uma relação muito engraçada!
Espero que o Mateus cresca com as mesmas recordaçoes felizes que eu, e espero que, tal como eu, veja a sua infância como um periodo muito feliz, cheio de amor e mimo.

De Marisa a 10.12.2013 às 17:05

Olá Pipoca! E as noites do Mateus como estão? Eu também tenho um bebé de 5 meses que agora dorme pior que nunca! E eu a pensar que era sempre a melhorar... De noite tenho de lhe por a xuxa 500mil vezes e às de vez em quando tenho mesmo de o adormecer ao colo... Chega a acordar de meia em meia hora...

De Rita a 10.12.2013 às 19:29

Boa tarde Pipoca,

Ha muito que esperava um post como este para saber qual teria sido a tua escolha em relação ao assunto "creche".. Vou te deixar a minha opinião pessoal, que é tao válida como qualquer outra... Tenho um filhote com 16 meses e os primeiros 12, foram passados com os avós, eu tinha o mesmo pensamento que tu, até ao dia em que ele foi para a creche e percebi que secalhar já devia ter ido para lá mais cedo. E porque? Porque os avós "estragam" os netos, as vezes é bom, outras nem tanto.. O facto de lhes deixarem fazer tudo, não é bom. O facto de: "oh filhinho agora nao queres sopa? Nao faz mal, toma la um leitinho que a vovó nao quer que tu chores" ISTO ACONTECE, e muito mais do que o que pensas. E quem sofre com isso? Os pais... Desde que coloquei o meu txutxi na creche, que as diferenças se notam a olhos vistos.... Não há cá milagres, é verdade... Mas que lhes faz bem, faz e muitoooo!!!!

De Sílvia a 12.12.2013 às 18:21

Eu juro que não entendo como nós (vou supor que somos da mesma geração, mais coisa menos coisa) fomos criadas... No meu tempo quase ninguém ia para a creche. E eu não fiquei estragada, nem nenhum dos meus colegas que eu conheci na primária... As pessoas agora têm é manias a mais, e com as manias a mais estragaram os miúdos, que as novas gerações estão pelas ruas da amargura!

De Rita a 12.12.2013 às 22:33

Eu nao estou a falar de mimos.. Porque mimos nunca são de mais. Estou a falar que é importante eles irem para a creche, porque ganham rotinas, rotinas essas que com os avós é dificil. Eu estou só a dar o meu exemplo, o meu filho ficou com os avós e não criou regras nenhumas, porque eles tinham "pena" do menino e então ele dormia as sestas à hora q queria, comia quando queria... Entre outras coisas. Como dormia as horas que queria, chegava a dormir a tarde toda e depois à noite não tinha sono. E eu que estou a tirar um curso superior, não era nada facil, ficar uma noite toda acordada e durante o dia ir para as aulas. E por muito que pedisse para não o deixarem dormir, eles tinham pena e tornou-se num ciclo. Desde que foi para a creche, nunca mais isto aconteceu. Ele agora brinca quando chega a casa, toma banho, janta e antes das 22h está na cama. É só nesse sentido que acho que é importante eles irem para a creche. Até porque eu tenho 23 anos e fui criada pelos meus avós até aos 12 anos e não não me fez mal nenhum!!!

De A.O. a 14.12.2013 às 09:56

Sinceramente isso depende dos avós. Os avós do meu filho não o deixam fazer tudo. Quanto muito são ainda mais rígidos do que eu. O meu pai diz que não pode mexer nos comandos da tv e ele não fica a chorar, a minha mãe dá-lhe almoço e ele nunca pia.

Eu também fiquei com a minha avó dos 4 aos 6, não fiz pré-primária e não me tornei uma serial killer. Ainda.

De Mariana a 10.12.2013 às 20:25

Se pode nem questione... Deixe com a avó!
Antes dos 2/3 anos não precisam de creche para nada! A creche é mesmo para quem não tem alternativas. O melhor lugar de um bebé é na sua casa no colinho dos pais ou de outro cuidador, como uma avó. A partir dos 2/3 anos sim, uma criança deve começar a socializar e desenvolver actividades e rotinas, mas antes disso não há necessidade.

De vera a 10.12.2013 às 22:56

A forma como descreves o Mateus, a vossa relação e a vossa experiência nestes meses é simplesmente deliciosa. :)

De Clarice a 11.12.2013 às 00:37

Por muito que seja neto, que o ame, etc., custa-me imenso ver avós a terem obrigatoriamente de ser amas dos netos e não poderem ter, na reta final das suas vidas, o direito a viverem as suas vidas em pleno - finalmente. Porque a vida já lhes foi difícil com filhos e trabalho. Temos filhos e é nossa obrigação cuidar deles, aos avós devemos deixar o prazer de os desfrutar (férias, fins de semana, alguns dias pontuais e sem obrigação). Deixo a reflexão.

De A Pipoca Mais Doce a 12.12.2013 às 01:30

Obrigatoriamente? Como assim? Os meus pais foram os primeiros a oferecer-se e sei que não o fizeram por obrigação, para parecer bem. Adoram estar com o neto, se ficam três dias sem o ver já estão em stress. A ideia é o Mateus ficar com eles estes dois primeiros anos, mas se eu perceber que lhes está a dar demasiado trabalho serei a primeira a pensar numa outra solução. Quando diz "temos filhos, é nossa obrigação cuidar deles", sugere o quê em concreto? Que se fique em casa e se deixe de trabalhar? Adorava. Infelizmente, cá em casa temos de comer e essas coisas assim básicas. =)

De Mel a 12.12.2013 às 21:31

PDM, acho que o que a senhora Clarice quis dizer foi que quando somos pais temos que cuidar dos nossos filhos (são nossos!), já quando somos avós não deveríamos ter tanto trabalho, e reservar-nos para uns fins de semana ou férias. Não na perspectiva de que, enquanto pais, devemos sacrificar a nossa vida profissional ou algo do género, mas antes na perspectiva de que quando se tem um filho se tem muito trabalho e às vezes nos privamos de fazer certas coisas, mas tem que ser porque são nossos - algo que a senhora Clarice entende que não deveria acontecer com os avós, que estão em época de serem inteiramente "livres" de trabalhos, já criaram os seus :)

Eu estive em casa com os avós até aos 6 anos, quando entrei para a primária. Chorei, principalmente porque só naquele momento percebi que os meus pais ou um deles que fosse, não ficariam lá comigo e eu seria lá "abandonada"! Chorei, limpei as lágrimas e adorei! Mas gostei tanto que no fim do dia não me queria ir embora! Nos avós estavam 2 primos também. Acho que não faz falta ir cedo para a escola - com a idade do pequeno Mateus - mas acho que ir quando for mais crescidinho - como parece ser o projecto da vossa família -, já me parece boa ideia.

Beijinhos



De Rita a 12.12.2013 às 23:35

É fácil de entender. Claro que depende muito do tipo de pessoas que os avós são, se são pessoas activas, que gostam de sair, de dar umas voltas, se têm hábitos de convívio com amigos, etc. Acredito que os seus pais tenham sido os primeiros a oferecer ajuda e que, como é óbvio, não o sintam como uma obrigação.
A questão deve ser vista antes com os seus olhos: o que se vai alterar na rotina dos meus pais? Pouco? Muito? É por aí.

De Anónimo a 12.12.2013 às 11:25

E se para os vós, ficar com os netos for aquilo que mais desejam? os meus pais dizem que é algo inexplicável aquilo que sentem pelos netos e não estão a ser pais outra vez... estão a ser avós!!! E foi vê-los tristíssimos de cada vez que um neto foi para o infantário! Fica aqui a reflexão!

De Sílvia a 12.12.2013 às 18:18

Oh, enfim. Não sei que tipo de avós conhece, ou que pais e sogros tem. Mas o meu filho está com a minha mãe e a minha sogra (dias divididos, para todos desfrutarem, e não haver confusões entre mim e o meu marido, afinal tanto a minha mãe como a mãe dele são avós do meu filho) desde o final do 1º mês. Elas morriam se não o deixasse com elas, penso que está muito melhor entregue ao cuidados delas (como se estivesse comigo), eu fico mais descansada (do que se tivesse na creche), e elas adoram, foram elas que se ofereceram, e se não podem passar um dos dias com ele, morrem de saudades.
Cuidar de filhos e netos não deve ser uma obrigação, para elas não o é, para mim também não... para outras pessoas será... deixo a reflexão!

De Inês a 11.12.2013 às 10:56

O meu filho mais velho também ficou com os meus pais até completar dois anos.
Para quem tem essa possibilidade, não há dúvida que é a melhor... Não há ninguém no mundo a quem se confie tão "cegamente" os filhos" como aos nossos pais.
É também uma das coisas muito bonitas da maternidade, essa "redescoberta" e esse novo olhar que é relação com os nossos pais.

Tive também a sorte da minha mãe seguir à risca todas as indicações que eu lhe dava (e era cada exagero!!!).

Espero que corra tudo bem.

De maria almeida a 11.12.2013 às 13:12

Não percebo bem o que quer dizer com um trabalhador independente não ter direito a nada. Eu estou a recibos verdes e já tive 2 filhos e recebi licença por ambos e o pai também (primeiro como dependente e agora no último como independente).
A licença dos independentes é pobrezinha (claro, é Portugal), mas dá para aguentar e depende do que se descontou para a segurança social (sem dívidas). O que refere de não se poder parar é outra questão, claro. Eu tive de coordenar-me muito bem com o pai, mas foi possível e foi muito bom.
Há muita gente que nem se informa na segurança social por se dizer que não há direitos. Mas eles existem e devemos usá-los.
Cada família deve escolher o que prefere e gosto de ler que o pai na sua família teve a licença. Precisamos de exemplos como o vosso para que mais gente assim o escolha.
Mas não digamos que não temos direitos a nada quando temos direito a um (belo) pouquinho.
Boa sorte para a fase II.

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