por A Pipoca Mais Doce, em 24.12.13
Faz hoje um ano que descobri que estava grávida. Faz hoje um ano que fiz um daqueles testes de farmácia que acabou no caixote do lixo, por não me aparecer resultado nenhum e eu achar que estava estragado. Fui recuperá-lo um par de horas depois, só assim naquela, e lá estavam os dois tracinhos vermelhos que mudaram a minha vida. Nem sei muito bem como é que reagi. Ri-me, fiquei apreensiva, ri-me, fiquei a achar que o teste estava errado, ri-me, pensei que estava feita ao bife. Era uma notícia muito boa, mas também era uma responsabilidade para a qual eu não sabia se estava preparada. Passei os meses seguintes a ver crescer a barriga, a pensar como seria a nossa nova vida, a pensar como seria o Mateus. Mateus. Houve muita disputa pelo nome, mas ganhou o que eu queria. Mateus. E sempre que olho para ele sinto que não podia chamar-se outra coisa. Mateus. O meu Mateus. Não senti aquela paixão imediata assim que nasceu, talvez por ter sido assim tudo muito rápido e inesperado, mas ao fim de poucos minutos aquela bolinha de dois quilos já tinha ocupado o espaço todo do meu coração. Ainda assim, todos os dias, não sei muito bem como, arranjo mais um espacinho para aumentar o meu amor por ele. E há dias em que sinto que vou explodir de tanto gostar. Eu sei, é uma imagem do mais piroso que pode haver, mas é assim que sinto, um amor tão grande que chega a dar dores. Como em qualquer relação, começámos um bocadinho perdidos. Não nos conhecíamos bem. De repente, éramos duas pessoas desconhecidas que tinham de partilhar a vida. Para sempre. Hoje já lhe conheço o choro e as manhas. Já sei do que precisa. Já me derreto de cada vez que ele me vê e larga a rir. Já sei que precisa da fraldinha encostada à cara para dormir. Já sei que adora beijos e mais beijos (abraços nem por isso, sente-se apertado e manifesta-se logo). Já sei que gosta da sopa mais fria do que quente. Já sei que me deixa dormir a noite toda, apesar de não se importar nada se lhe dermos conversa às cinco da manhã. Já sei muita coisa sobre ele. Ainda assim, todos os dias sou surpreendida pelo sentimento que tenho por este pequeno texugo, que é a melhor coisa da minha vida. Há um ano não sabia se estava pronta para ter filhos. Hoje também não sei. Sei que estou pronta para ser mãe do Mateus e fazer tudo, mas mesmo tudo, por ele. E é só isso que me interessa.
Feliz Natal!
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