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Continuando com este assunto, queria agora falar sobre o apoio que um casal pode/deve ter após o nascimento de uma criança.
Uma estrutura de apoio aos novos pais é fundamental para que se atinja o bem-estar. As coisas são muito mais fáceis quando existem por perto avós, tios, irmãos, primos, amigos disponíveis que possam, de vez em quando, dar uma ajuda, principalmente possibilitando ao casal deixar a criança por uns momentos com alguém para que possa fazer qualquer coisa a dois, nem que seja só para arejar a cabeça.
Lembro-me de quando fui pai ter tido alguns dias de verdadeiro desespero, em que o miúdo começava a chorar às 6 da tarde e só parava às 10 da noite. Era a fase das cólicas, em que os bebés choram de dores e nós temos ali um filho nos braços a sofrer e não podemos fazer muita coisa para mudar isso (sim, eu sei que se podem fazer as massagens, e que há formas de os aliviar das cólicas, e medicação — fiz isso tudo, mas há uns casos piores do que os outros, e por vezes nada os alivia, nada os faz parar de chorar). Numa dessas alturas, em que tinha o miúdo ao colo há umas duas horas, lembro-me de ter começado a ficar stressado, nervoso, desesperado. Pedi à mãe para o segurar um pouco e fui dar um volta pela casa, para inspirar e expirar. E fez-me bem. Não tanto em casos destes, em que os miúdos têm um qualquer problema, mas em todos os outros, é importante haver alguém por perto que nos possa segurar as pontas por uma manhã, uma tarde, uma noite, um fim-de-semana, para que o casal possa sair das rotinas normais, esquecer as fraldas, ir ao ginásio, passear, ao cinema, jantar fora, sair com amigos, no fundo, para que os pais deixem de ser pais durante aquelas horas, ou aqueles dias, e voltem a ser um casal, voltem a fazer coisas normais e que lhes dão verdadeiro prazer.
O problema é que para muitos pais recentes fazer isto é quase um crime. Acham que não têm de sobrecarregar os outros com obrigações que são deles, têm medo que os avós não saibam cuidar deles se acontecer alguma coisa, têm medo que a tia não saiba mudar a fralda ou que lhe dê a sopa muito quente, têm medo que a amiga que até tem dois filhos deixe cair o bebé pelas escadas abaixo, têm medo que o cão dos primos ataque a criança, enfim, tudo serve para que prefiram ficar sempre com a criança, e nunca a deixem com ninguém. O resultado disso está no post anterior.
Acho que ser descontraído em algumas coisas pode fazer de nós melhores pais. A obsessão, seja lá de que forma forma, é sempre prejudicial. E o caso dos filhos não é excepção.