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Um post que escrevi no outro blog sobre a árvore de Natal foi o pretexto ideal para uma data de mães extremosas largarem os cães em cima de mim e virem defender que isto é tudo uma questão de educação (aproveitando, claro, para sublinhar que os seus filhos são exemplares, não fazem birras e são de uma obediência canina). Depois ainda fica toda a gente muito espantada quando eu digo que não há "classe" mais fundamentalista do que as mães. Irra, é que não se pode dizer nada sem virem logo com sete pedrinhas prontas a atirar à cabeça de quem pensa de forma um bocadinho diferente ou, pior, de quem se limitou a expressar uma preocupação. Pois que dizia eu que este ano, e tendo em conta que tenho um bebé de ano e meio, não sei muito bem como arrumar o assunto da árvore de Natal. Pela experiência que tenho, o Mateus só está bem a atirar tudo ao chão. Tudo o que esteja ao alcance daquelas mãozinhas demoníacas acaba sempre a voar. Daí ter-me interrogado como seria ter a tradicional árvore com bolas e luzes. Não me preocupa que ele "desarrume" a árvore. Preocupa-me que parta as bolas e se magoe, ou que leve com a própria da árvore em cima. Daí ter dado por mim a pensar numa hipotética solução diferente (que nem sequer sei qual é, só lancei a ideia para o ar). Logo vieram as mães ultra-competentes dizer que era o que faltava, que nas suas casas NUNCA tiveram de mudar nada do sítio, que um "não" e uma palmada são mais do que suficientes para pôr a criançada em sentido.
Posto isto, concluí com tristeza que o meu filho não prima pela inteligência. É que passo o dia a dizer-lhe "não" e, imagine-se, ele não fica quieto, continua a repetir os disparates. A palavra que mais dirijo ao Mateus é "não". Não desarrumes os tupperwares, não enfies os dedos nas tomadas, não te passeies pela mesa da sala, não rasgues as revistas, não mexas aí, não toques ali, não atires isso ao chão. Não, não e mais não. Ainda assim, o sacana do puto não aprende. Ainda não me estreei no campo das palmadas (só lhe tirei assim o pó da mão quando me deu um beliscão com tamanha força que me deixou de lágrimas nos olhos),mas se calhar é esse o truque, isto só vai lá com pancada da grossa.
Em minha casa houve coisas que mudaram de sítio. Longe vão os tempos em que a mesa de centro da sala, por exemplo, estava coberta de lindas revistas de moda, velas e outras tralhas que eu adorava. Mas percebi que era uma luta inglória a partir do momento em que o Mateus começou a ter liberdade de movimentos suficiente para chegar às coisas. Era ele a tirar e eu a pôr, numa sequência sem fim. Assumo, sou uma fraca: preferi tirar as coisas do que estar sempre a comprar brigas ou a ver as minhas ricas coisinhas em perigo. Mas os filhos destas mães são anjos que desceram à terra: lindos, perfeitos, não fazem birras (juro que houve mães a afirmar isto) e acatam ordens que é uma maravilha. Eu gostava de saber como é que consigo explicar a um miúdo de 16 meses que há coisas que não pode fazer, para além de lhe dizer mil vezes que não pode e de o afastar dessas coisas. Se tiverem truques partilhem, porque eu não estou bem a ver como é que se consegue essa proeza. Dizem também essas mães que estão SEMPRE de olho nos seus petizes. Pois, lamento, eu não consigo. Quando ele não andava a coisa era fácil, mas agora nem por isso. Às vezes calha estar na cozinha e ele escapar-se para a sala. Às vezes calha estar na sala e ele escapar-se para a cozinha. Acontece. Sou só uma e não tenho 27 olhos nem 10 pares de mãos extensíveis para conseguir mantê-lo sempre quieto e vigiado.
Quanto à árvore... bem, vou tentar montá-la este fim-de-semana e logo se vê. Até pode ser que ele nem queira comer todas as bolas e enfeites. Antigamente a nossa preocupação era o Manolo mas, curiosamente, nunca se sentiu minimamente atraído pela árvore de Natal. Pode ser que com o irmão mais novo aconteça o mesmo e que a desgraçada da árvore sobreviva até Janeiro. Dizem as mães impecáveis que a árvore é das crianças e que não as podemos privar, mesmo que tenhamos de repetir "não mexas aí" 809 vezes por dia. A árvore é delas, mas não podem mexer, teoria espectacular. Enfim. Vou dar o meu melhor. Também quero ser uma mãe perfeita.