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A árvore de Natal e as mães perfeitas

por A Pipoca Mais Doce, em 18.11.14

Um post que escrevi no outro blog sobre a árvore de Natal foi o pretexto ideal para uma data de mães extremosas largarem os cães em cima de mim e virem defender que isto é tudo uma questão de educação (aproveitando, claro, para sublinhar que os seus filhos são exemplares, não fazem birras e são de uma obediência canina). Depois ainda fica toda a gente muito espantada quando eu digo que não há "classe" mais fundamentalista do que as mães. Irra, é que não se pode dizer nada sem virem logo com sete pedrinhas prontas a atirar à cabeça de quem pensa de forma um bocadinho diferente ou, pior, de quem se limitou a expressar uma preocupação. Pois que dizia eu que este ano, e tendo em conta que tenho um bebé de ano e meio, não sei muito bem como arrumar o assunto da árvore de Natal. Pela experiência que tenho, o Mateus só está bem a atirar tudo ao chão. Tudo o que esteja ao alcance daquelas mãozinhas demoníacas acaba sempre a voar. Daí ter-me interrogado como seria ter a tradicional árvore com bolas e luzes. Não me preocupa que ele "desarrume" a árvore. Preocupa-me que parta as bolas e se magoe, ou que leve com a própria da árvore em cima. Daí ter dado por mim a pensar numa hipotética solução diferente (que nem sequer sei qual é, só lancei a ideia para o ar). Logo vieram as mães ultra-competentes dizer que era o que faltava, que nas suas casas NUNCA tiveram de mudar nada do sítio, que um "não" e uma palmada são mais do que suficientes para pôr a criançada em sentido.

Posto isto, concluí com tristeza que o meu filho não prima pela inteligência. É que passo o dia a dizer-lhe "não" e, imagine-se, ele não fica quieto, continua a repetir os disparates. A palavra que mais dirijo ao Mateus é "não". Não desarrumes os tupperwares, não enfies os dedos nas tomadas, não te passeies pela mesa da sala, não rasgues as revistas, não mexas aí, não toques ali, não atires isso ao chão. Não, não e mais não. Ainda assim, o sacana do puto não aprende. Ainda não me estreei no campo das palmadas (só lhe tirei assim o pó da mão quando me deu um beliscão com tamanha força que me deixou de lágrimas nos olhos),mas se calhar é esse o truque, isto só vai lá com pancada da grossa.

Em minha casa houve coisas que mudaram de sítio. Longe vão os tempos em que a mesa de centro da sala, por exemplo, estava coberta de lindas revistas de moda, velas e outras tralhas que eu adorava. Mas percebi que era uma luta inglória a partir do momento em que o Mateus começou a ter liberdade de movimentos suficiente para chegar às coisas. Era ele a tirar e eu a pôr, numa sequência sem fim. Assumo, sou uma fraca: preferi tirar as coisas do que estar sempre a comprar brigas ou a ver as minhas ricas coisinhas em perigo. Mas os filhos destas mães são anjos que desceram à terra: lindos, perfeitos, não fazem birras (juro que houve mães a afirmar isto) e acatam ordens que é uma maravilha. Eu gostava de saber como é que consigo explicar a um miúdo de 16 meses que há coisas que não pode fazer, para além de lhe dizer mil vezes que não pode e de o afastar dessas coisas. Se tiverem truques partilhem, porque eu não estou bem a ver como é que se consegue essa proeza. Dizem também essas mães que estão SEMPRE de olho nos seus petizes. Pois, lamento, eu não consigo. Quando ele não andava a coisa era fácil, mas agora nem por isso. Às vezes calha estar na cozinha e ele escapar-se para a sala. Às vezes calha estar na sala e ele escapar-se para a cozinha. Acontece. Sou só uma e não tenho 27 olhos nem 10 pares de mãos extensíveis para conseguir mantê-lo sempre quieto e vigiado. 

Quanto à árvore... bem, vou tentar montá-la este fim-de-semana e logo se vê. Até pode ser que ele nem queira comer todas as bolas e enfeites. Antigamente a nossa preocupação era o Manolo mas, curiosamente, nunca se sentiu minimamente atraído pela árvore de Natal. Pode ser que com o irmão mais novo aconteça o mesmo e que a desgraçada da árvore sobreviva até Janeiro. Dizem as mães impecáveis que a árvore é das crianças e que não as podemos privar, mesmo que tenhamos de repetir "não mexas aí" 809 vezes por dia. A árvore é delas, mas não podem mexer, teoria espectacular. Enfim. Vou dar o meu melhor. Também quero ser uma mãe perfeita.

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publicado às 18:50


116 comentários

De ... a 19.11.2014 às 09:43

Ai Ana, que visão tacanha. Eu trato os meus filhos por tu e eles tratam-me por tu, mas trato os meus pais por você. Isto já foi discutido em outros blogs, como não me apetece estar a reescrever tudo (comentário longo das 10:26), deixo link:

http://babycarlota.blogspot.pt/2014/03/manhas.html

Passamos os dias a evocar frases bonitas e a dizer coisas quanto à relação com as outras pessoas e tolerância à diferença, mas depois na prática criticamos à toa sem sequer estarmos minimamente por dentro das motivações (que não são só "ser chique", são geográficas, são etárias, são tanta coisa).

De Ana a 19.11.2014 às 19:42

Ai, ..., que falta de capacidade de compreensão do texto escrito. Eu disse que EU, pessoalmente, acho ridículo e me sentiria ridícula a tratar os meus filhos por você (ou eles a mim). Li um comentário e decidi dar a minha opinião sobre o assunto, não critiquei nem ataquei quem o faz. É mesmo preciso explicar que me estou a referir a crianças ou adolescentes e aos seus pais? É obvio que não acho nada estranho que adultos tratem os seus pais por 'você', eram outros tempos. Hoje em dia acho muito estranho que se considere falta de educação (como acontecia antigamente) que um filho trate os pais por 'tu'.

De Melissa a 22.11.2014 às 23:23

Eu sou tolerante na medida em que não ando a apontar o dedo a ninguém, nem a repreender os pais que tomam a decisão x ou premeiam o comportamento y, que preferem z ou optam pela via w. Mas é impossível não ter opiniões, mesmo que elas não abandonem o meu íntimo e não sejam partilhadas. Às motivações que indica (etárias e geográficas), se bem entendo o que quer dizer, não se aplicam, parece-me à Ana e ao Ricardo são dois jovens e que não vivem numa aldeia mais isolada (bom, isto é um bocado preconceituso mas é só para passar a ideia). Trato os meus pais por tu e os tios e avós por você, porque na altura de começar a tratar por alguma coisa, os meus pais achavam que era o mais correcto. Hoje já acham que eu devia tratar os meus tios por tu, mas agora isso soa-me mal. Quanto à minha avó é questão que nem se coloca, claro que a trato por você, porque é uma outra geração e outro meio socio-cultural no qual o tratamento aos mais velhos da família é por você.

Eu acho horrível e, sim, parolo quando oiço um filho jovem tratar o pai ou a mãe por você, faz-me pensar "Ó rapaz, isso já não se usa!. mas não critico, gurado para mim, é o que penso, mas cada um toma as suas decisões. Tenho um amigo de 24 anos que trata os pais por você (mas é capaz de dizer "Mas você foi fazer isso assim, é burro ou quê???!" coisa que nunca os meus pais me ouviram dizer)´. Mas além dele, só oiço pessoas com mais de 40 anos a tratar assim os pais (e nem todas). Sei que é só uma forma de tratamento, mas acho sempre que cria um distanciamento entre pais e filhos absolutamente desnecessário.

Espero que me tenha feito entender, se os seus filhos a tratam por você, eu não acho isso mal, porque não tenho esse direito. Mas tenho as minhas opiniões.

De Mariana a 26.11.2014 às 13:17

Eu tenho quase 20 anos e trato os meus pais por "tu". Quando foi para aprender a falar, a minha mãe perguntou aos pais dela se eles tinham preferência pelo "tu" ou pelo "a avó/o avô" em vez do "você", ao que eles disseram que era indiferente desde que eu não lhes faltasse ao respeito; ainda hoje são a Lisa e o Zé, e nem por isso fui mal educada para eles. Aos meus avós paternos ela nem deu hipótese, tinham já uma neta que os tratava por tu! Aliás, penso que só trato por "a senhora/o senhor" pessoas que não conheço ou tios avós, e é por achar mais educado visto que não lido tanto com eles.

Entretanto, aconteceu ir a casa de um colega e tratar a mãe dele por "D. Paula": ela ia-me matando, era Paula e ponto final! Segundo ela, "tu podes chamar-me Paula e ser a pessoa mais educada que eu conheço ou podes dizer 'A D. Paula vá à m****', e não foi por usares o D. que foste educada!".

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