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Amor de mãe

por A Pipoca Mais Doce, em 31.03.14

Nunca tendo tido assim uma grande apetência pela maternidade, sempre tive, no entanto, alguma curiosidade em saber o que era o tal amor de que toda a gente falava. O amor inexplicável, o amor assolapado, o amor compensador, o amor diferente de todos os amores. Lembro-me de perguntar a alguns pais "mas é um amor parecido com o quê? Com o que se sente pelos pais? Pelos irmãos?". A resposta que recebia sempre é que não se conseguia definir. Era um amor diferente. Depois fui mãe e percebi. O amor que temos a um filho é uma coisa assim maior do que o mundo, uma coisa tão forte que faz doer. Não estava preparada para isso, para gostar tanto de alguém ao ponto de isso me dar dores. Físicas e na alma. Acho que tem a ver com a responsabilidade e o medo que a maternidade traz associados. Lembro-me de nos primeiros tempos pensar "e agora? Eu gosto tanto dele, e se lhe acontece alguma coisa de mal, e se não tomo bem conta dele?". É tramado. Mas falava do amor. Que é uma coisa tão boa e tão forte. Quando o Mateus está a dormir no meu colo apetece-me engoli-lo, de tanto que gosto dele. Uma espécie de "pronto, és só meu". Fico a olhar para ele, a tentar perceber como era a vida antes. A pensar que é tão melhor agora, a pensar que não sei viver sem ele, a pensar que me saiu a lotaria. Nunca tive aquela coisa de ser mãe, nunca fiz especial questão, mas o amor que se sente por um filho é uma coisa tão boa que é quase impossível não sair para a rua e começar a dizer a toda a gente que tem de ter filhos. Não o faço. Lembro-me que me chateava a conversa do "então e filhos?", e por isso tento não a reproduzir. Mas não deixo de ter um bocadinho de pena de quem não quer ter filhos. E de lamentar por quem quer e não pode ter. Não pena no sentido de achar que nunca se vão sentir realizados ou felizes sem filhos, nada disso. Nunca achei que uma pessoa tivesse de ter filhos para se realizar. Mas tenho pena que não conheçam este amor que não têm outra forma de conhecer. Há os amores todos que nos passam pela vida e que são tão bons. Pelos pais, pelos namorados, pelos bichos, pelos amigos, pelo trabalho, pelo clube. Mas depois há este, tão especial, tão arrebatador, tão de tirar o ar, que é tão bom e que mete tanto medo ao mesmo tempo. Só levo oito meses e pouco disto, mas pergunto-me quão mais pode crescer. É que quando parece que já não há mais espaço no coração descubro que, afinal, gosto mais um bocadinho dele. Se calhar já passou do coração, estendeu-se aos rins, aos pulmões, ao baço. Não sei. Só sei que este amor de 70 centímetros é a melhor coisa que alguma vez já conheci.

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publicado às 23:50


55 comentários

De Anónimo a 01.04.2014 às 01:16

Expressou nesse post exatamente o que sinto. É incrível e assustador. Um laço que todas as mães do mundo partilham.

De Anónimo a 01.04.2014 às 03:51

Muito bonito o teu texto Ana. sabes sinto um bocadinho como tu (antes do Mateus), nunca ambicionei ser mãe, nunca foi um objectivo na vida, nunca tive perfil para isso.
Porém, sei que quero, mas fica para depois, não é este ano no próximo penso nisso e etc.
Nisto, cheguei aos 35 anos. Também quero saber que amor especial é esse que todas as mães e pais falam, este será o ano. Tenho medo, muito medo, mas se não avanço de uma vez por todas, um dia poderá ser tarde. Tenho medo, mas não posso ser bambi como tu muitas vezes falas. Também quero sentir esse amor, quero.
Sejam felizes
Marta

De Anónimo a 01.04.2014 às 09:38

É mesmo.... um amor inexplicável que até dói.....

De Diana a 01.04.2014 às 09:42

É um amor em constante expansão (como o Universo :D). A minha história de amor, já dura há 7 anos, e em outubro passado teve mais uma adição. Quando engravidei pela segunda vez, pensei, será que vai ser igual, vou gostar deste da mesma forma? A resposta é não, não é igual, porque eles também não são iguais. Mas é muito melhor agora! É tão bom que me emociona até às lágrimas!

De drica a 04.04.2014 às 08:35

Partilho da mesma opinião. Também me assustou amar menos a segunda =( mas não foi assim . é uma loucura todo o amor que sinto

De semprescp a 01.04.2014 às 10:22

"Mas não deixo de ter um bocadinho de pena de quem não quer ter filhos. "???? WTF????
Pena de quem não tem filhos????? Nem acredito que a Pipoca disse isto.

De alexandra a 02.04.2014 às 16:39

é mesmo vontade de criticar, leia o texto todo que ela explica bem isso!

De Beatriz Esteves a 03.04.2014 às 21:43

Ela, logo a seguir, explicou o que quis dizer com essa expressão.

De Mel a 05.04.2014 às 18:18

Penso que seja no sentido de que quem não é pai não ter experimentado esta forma de amar. Sendo mãe, a PDM experimentou e considera-o maior do que todos os outros e avassalador. Seria bom que todos sentissem, nem que fosse por um bocadinho, essa forma de amor.

Acho que ela não queria dizer (espero...) que todos deveriam ser pais e mães, coitadinhos de quem não o é... Penso... é como quando experimenta algo fantástico e pensa "é pena que nem todos possam fazer isto/vir aqui/etc". Não é bem aquela pena do "coitadinhos".

Acredito que seja um amar alguém mais do que nós próprios, tornando-se as necessidades dessa pessoa milhões de vezes mais importantes dos que as nossas. E é por isso - mas não só - que não me vejo mãe. Hoje, com a idade que tenho, não consigo abdicar de mim por outra pessoa. Poderá ser falta de maturidade, mas há muita gente madura e com uma vida estável que também não quer saber desse amor. Faz parte da vida que cada um decide viver. Não há penas a ter.

De Margarida a 01.04.2014 às 10:54

Pura verdade.
Eu também nunca tive aquele instinto maternal que a maioria das raparigas tem e até ao dia em que a minha filha nasceu achava que não ia conseguir tomar bem conta dela.... Mentira!!! A minha filha só tem dois meses e parece que desde sempre cuido de bebés. Isto deve ser mesmo o instinto animal que temos!
E o amor que sinto por ela....nem se consegue explicar. Quando ela se ri para mim até fico com lágrimas nos olhos!
Mas com todo este amor vem também um medo maior, de que lhe aconteça alguma coisa de mal. É olhar com ainda mais respeito para todos os pais que têm filhos com problemas graves, que têm de vê-los sofrer...
Enfim, mas é assim a vida! O que é mesmo preciso é darmos o nosso melhor e aproveitar cada momento deste puro amor!

De Carla a 01.04.2014 às 11:51

É realmente o melhor amor do mundo e arredores!
E eu já levo sete anos deste amor mais 3 anos do segundo amor que é tão bom, tão grande e tão impressionante como o primeiro.
E eu já fiz parte dos muitos milhares de Portugueses que querem ser Pais e não conseguem!
E a dor de não conhecer este amor é tão grande, o medo de nunca saber como é este amor é tão avassalador... E posso dizer-te que devido à Infertilidade comecei a amar os meus filhos muito antes de engravidar...
E continuo a dizer que ser Mãe é só o melhor do mundo embora nos traga a maior preocupação com que nós podemos lidar - o seu bem estar e a sua felicidade!

De Raquel a 01.04.2014 às 12:03

É o coração Ana. O coração cresce quando se ama um filho. E quando ele começar a corresponder a esse amor que sentes por ele vai crescer ainda mais. E apetece metê-lo numa bolha e não deixar que ninguém mexa para não estragar. O meu tem 6 anos e o meu coração está muito maior do que antes. E sinto algo que nunca senti antes de ser mãe que é uma angústia enorme pelas crianças que não têm uma mãe que os queira meter numa bolha apesar de não poder. Desfruta porque és uma sortuda mas o teu filho também o é.

De Ana Matias a 02.04.2014 às 00:13

Concordo totalmente consigo , Raquel. Sempre adorei crianças, sempre quis ser Mãe e desde que o fui, tenho pânico de morrer, mas não por significar o fim da vida para mim, mas sim, porque acho que deve ser muito duro, crescer sem a Mãe , sem sentir o colo dela, o cheiro dela, o abraço dela... E fiquei extraordinariamente sensível a tudo que envolva crianças e o meu coração fica apartado quando ouço histórias de crianças sem Mãe , pois imagino o vazio destas crianças ... Felicidades

De Marlene a 01.04.2014 às 12:39

Sei exactamente o que quer dizer com isso... E é tão verdade!

beijinhos
marlene

De Anónimo a 01.04.2014 às 12:59

Não te preocupes, Pipoca porque esse amor ainda vai crescer muito mais.
O meu filhote já tem 7 anos e todos os dias o meu amor por ele cresce mais um bocadinho, não sei como é que ele consegue, mas lá que consegue ,consegue!;)

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