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Dizia-me uma amiga há pouco tempo que a melhor parte de se viajar quando temos filhos é que na hora de voltar... já não temos pena. Já não há aquela coisa do "ah, ficava aqui mais 15 dias", porque apesar de estarmos de férias, e de estarmos num sítio fantástico, e de nos estarmos a divertir e a conhecer coisas novas, a melhor parte de nós ficou. E contamos os minutinhos para voltar. Depois de uns dias em Cabo Verde e da ida à Disney, desta feita o Mateus ficou e lá fomos nós gozar o meu presente de aniversário: Praga+Bratislava+Viena+Budapeste. Quando o homem me ofereceu a viagem, a minha primeira pergunta foi "então e o Mateus???". Resposta dele: "o Mateus fica". Nunca o tinha deixado uma semana, o máximo foram quatro dias, e só a ideia não me deixou-me logo meio indisposta. Senti que era assim uma espécie de presente envenenado. Era uma viagem que queríamos fazer há muito tempo, mas, mas, mas... e o Mateus? =( Tentei não pensar muito no assunto, ainda faltavam mais de dois meses, não ia estar a martirizar-me com isso. Mas a data foi-se aproximando e eu a ficar com o coração cada vez mais encolhido. E quase ali a desejar, secretamente, que não pudéssemos ir por algum motivo, só para não ter de o deixar. Mas fomos. E foi giro. E tive muitas saudades. Mas diz que a vida é assim mesmo. Antes de ter filhos sempre quis ser esse tipo de mãe, que é capaz de arranjar tempo para tudo: tempo para os filhos, tempo para o marido, tempo para si, tempo para os amigos. Mas depois, já se sabe, as crianças chegam e a conversa é outra. E não nos conseguimos desligar, e vai ficando tudo para trás. Acho que tenho conseguido equilbrar as coisas. O Mateus e a família têm o seu tempo de qualidade, mas arranja-se também tempo para o resto. E isso é bom. Se lhe senti a falta? Sim, todos os dias. A melhor parte do dia era ligar de manhã e à noite para a minha mãe. Para saber como ele tinha dormido e para saber como tinha passado o dia. Só duas vezes, não mais, que vai-se a ver e ele também não faz assim tanta coisa quanto isso e não há muito para contar. Conseguia ouvi-lo a palrar e ficava feliz. Quando cheguei ao aeroporto, às nove da noite, fui logo a correr para casa dos meus pais, para ainda o conseguir apanhar acordado. Já estava a dormir, o sacana. Dei-lhe 389 beijinhos, destapei-o assim como quem não quer a coisa, mas nada, sempre a roncar. Mas não resisti a ficar a dormir lá nessa noite. Levei-o para a minha cama e fiquei a noite toda agarradinha a ele. De manhã, quando acordou, estava histérico por me ver. Batia com as mãos e com os pés, dava gritos, toda uma loucura. Já nem queria saber da avó, que o aturou uma semana. "Pois, agora já nem se ri para mim, já tem a mãe não me liga nenhuma". Avó dramática.
Gostei das férias. Mas gostei ainda mais de voltar. Vai ser sempre assim.